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Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

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tecnologia tem si<strong>do</strong> apresentada como merca<strong>do</strong>ria, como um pacote técnico ou como um<br />

meio de intervenção social e política. Como conseqüência imediata, pode-se, via<br />

desenvolvimento científico-tecnológico, controlar, de alguma forma, o uso <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais, <strong>do</strong>s recursos energéticos, a posse e distribuição da terra, a divisão e o uso <strong>do</strong><br />

trabalho e a distribuição da renda, além de possibilitar a interveniência na política das<br />

sociedades.<br />

O parque industrial <strong>do</strong> Brasil, desde sua fundação, está atrela<strong>do</strong> ao uso<br />

indiscrimina<strong>do</strong> de pacotes tecnológicos monta<strong>do</strong>s no exterior e controla<strong>do</strong>s pelas<br />

empresas transnacionais. Assim, a tecnologia externa transformou-se num <strong>do</strong>s principais<br />

instrumentos <strong>para</strong> moldar e controlar a produção nacional e conformar um sofistica<strong>do</strong><br />

meio de <strong>do</strong>minação neocolonialista.<br />

A criação de um ministério <strong>para</strong> tratar de Ciência e Tecnologia trouxe expectativas<br />

aos membros da chamada comunidade científica que, infelizmente, em grande parte, já<br />

se encontravam envolvi<strong>do</strong>s no sistema neocolonial, razão pela qual apenas foram e<br />

continuam sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s os relatos, as observações e sugestões de<br />

“cientistocratas” ou “cérebros de aluguel” que, a serviço <strong>do</strong> poder, não mostram a menor<br />

preocupação em mudar os rumos até então a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s e redirecioná-los <strong>para</strong> os interesses<br />

da sociedade brasileira. Fin<strong>do</strong> o ciclo militar, não foi aceito pelos diferentes governos que<br />

se sucederam o papel estratégico <strong>do</strong> processo científico-tecnológico na estruturação de<br />

um poder nacional, com suas ramificações e implicações sociais, econômicas, políticas,<br />

culturais e até mesmo militares.<br />

No contexto internacional, à apropriaçãoprivada <strong>do</strong> conhecimento, sustentada nos<br />

sistemas de patentes impostos aos países periféricos, aumenta a defasagem tecnológica<br />

entre os chama<strong>do</strong>s países desenvolvi<strong>do</strong>s e os demais. Atua poderosamente na formação<br />

de oligopólios e reserva aos países periféricos o papel de fornece<strong>do</strong>res de matériasprimas<br />

e de produtos semi-acaba<strong>do</strong>s transforman<strong>do</strong>-os em permanentes compra<strong>do</strong>res de<br />

tecnologia. O acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> GATT/TRIPS é característico dessa nova ordem<br />

internacional. Ainda que reduza tarifas alfandegárias, o acor<strong>do</strong> da ênfase à questão das<br />

propriedades industrial e intelectual.<br />

Conforme demonstram os <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong> Ministério de Ciência e Tecnologia -<br />

MCT, o novo formato <strong>do</strong> modelo de financiamento implementa<strong>do</strong> pelos governos <strong>do</strong><br />

Presidente Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so representou uma mudança da política de C&T, ou<br />

seja, os investimentos passaram a ter como prioridade: a ênfase em Programas e<br />

Desenvolvimento - P&D; maior articulação com o setor priva<strong>do</strong>; promoção de políticas<br />

industriais; busca de resulta<strong>do</strong>s e avaliação dinâmica e permanente de resulta<strong>do</strong>s.<br />

Os fun<strong>do</strong>s setoriais de apoio ao desenvolvimento tecnológico surgem no bojo <strong>do</strong><br />

processo de privatização e desregulamentação das atividades de infra-estrutura no país.<br />

Inicialmente, seu objetivo foi o de consolidar e ampliar os investimentos em C&T, que já<br />

eram feitos pelas empresas públicas, especialmente nos setores de energia elétrica,<br />

telecomunicações, gás e petróleo. Com as privatizações e desregulamentações desses<br />

setores, perdeu-se uma importante fonte de recursos <strong>para</strong> o desenvolvimento de novas<br />

tecnologias e, não menos grave, perderam-se diversos centros de pesquisa, fecha<strong>do</strong>s<br />

pelas novas controla<strong>do</strong>ras, via de regra, corporações internacionais.<br />

Os fun<strong>do</strong>s setoriais (energia, recursos hídricos, transportes/eixos, atividades espaciais,<br />

interação universidade-empresa) são forma<strong>do</strong>s por percentuais de faturamento de<br />

empresas privatizadas ou por contribuições pela exploração de recursos naturais.<br />

Como admite o próprio MCT, em grande parte, os recursos que alimentam os fun<strong>do</strong>s já<br />

são previstos e cobra<strong>do</strong>s, “apenas não estavam sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s em ciência e<br />

tecnologia”. São recursos coleta<strong>do</strong>s pelas agências regula<strong>do</strong>ras (Agência Nacional de

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