Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ
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Com isso, cresce, no seio da comunidade acadêmica, a utilização <strong>do</strong>s mais<br />
varia<strong>do</strong>s mecanismos de complementação salarial em detrimento da implementação de<br />
processos de luta <strong>para</strong> a melhoria das condições de trabalho <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s.<br />
Particularmente grave é a situação da universidade pública, cuja infra-estrutura<br />
passou a ser utilizada <strong>para</strong> fins priva<strong>do</strong>s em atividades que, quan<strong>do</strong> muito, estão sob<br />
controle formal <strong>do</strong>s órgãos colegia<strong>do</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s desse processo, além de não se<br />
reverterem em benefício da instituição, criam poderes <strong>para</strong>lelos em seu interior e<br />
subordinam o fazer acadêmico à obtenção de recursos financeiros junto ao capital<br />
priva<strong>do</strong>.<br />
Ao submeter a universidade à lógica imediatista empresarial, a política<br />
governamental brasileira vem descaracterizan<strong>do</strong>-a como instituição de caráter público e<br />
despojan<strong>do</strong>-a, portanto, de sua condição de instituição a serviço da população brasileira,<br />
seja pela gestão direta <strong>do</strong>s governos, em desrespeito à autonomia universitária da rede<br />
de ensino superior público, responsável, hoje, por apenas 30,98% das matrículas <strong>do</strong>s<br />
cursos de graduação <strong>do</strong> país, seja pelo controle exerci<strong>do</strong> sobre boa parte da pesquisa<br />
científica e tecnológica produzida nas IES públicas que são responsáveis, apesar de tu<strong>do</strong>,<br />
por cerca de 95% <strong>do</strong> total da produção <strong>do</strong> país.<br />
A progressiva desobrigação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>para</strong> com a educação reflete-se,<br />
igualmente, nas questões de política de pessoal <strong>do</strong>cente. A não-alocação de vagas <strong>para</strong><br />
<strong>do</strong>centes nas IES, na proporção necessária à manutenção e ampliação <strong>do</strong> quadro<br />
<strong>do</strong>cente, vem geran<strong>do</strong> a admissão de <strong>do</strong>centes por meio de contrato precário e<br />
temporário de trabalho em escala crescente e com carga didática elevada. Isto significa,<br />
na prática, uma terceirização <strong>do</strong> ensino, pois, sem a realização <strong>do</strong>s concursos, no final<br />
<strong>do</strong>s contratos, novos substitutos são admiti<strong>do</strong>s, impossibilitan<strong>do</strong>, assim, a inserção<br />
desses profissionais nos esforços de pesquisa e extensão e, sobretu<strong>do</strong>, a consolidação<br />
de um corpo <strong>do</strong>cente integra<strong>do</strong>.<br />
Os sucessivos governos tratam essas questões como limitações ao princípio da<br />
autonomia universitária e, de uma forma geral, tendem a reduzir a problemática<br />
educacional ao gerenciamento da educação, subordinan<strong>do</strong>-a aos interesses <strong>do</strong> processo<br />
produtivo.<br />
A construção <strong>do</strong> Padrão Unitário de Qualidade <strong>para</strong> a <strong>Universidade</strong> <strong>Brasileira</strong><br />
defendi<strong>do</strong> pelo ANDES-SN implica a luta por Isonomia Salarial, Carreira Única e um Plano<br />
Nacional de Capacitação <strong>para</strong> os <strong>do</strong>centes das IES.<br />
O ANDES-SN entende que devem ser estabelecidas políticas públicas claras que<br />
garantam a isonomia salarial, bem como carreira única e plano nacional de capacitação,<br />
de mo<strong>do</strong> a envolver to<strong>do</strong> o setor público e priva<strong>do</strong>.<br />
A construção de uma universidade pública, na acepção plena <strong>do</strong> termo, exige<br />
como precondição a garantia de recursos públicos suficientes <strong>para</strong> o seu financiamento,<br />
competin<strong>do</strong> ao Esta<strong>do</strong> garantir o total atendimento das demandas sociais por educação,<br />
em to<strong>do</strong>s os níveis. Além disso, a estrutura da universidade pública deverá servir de<br />
referência na construção <strong>do</strong> Padrão Unitário de Qualidade <strong>para</strong> a <strong>Universidade</strong> <strong>Brasileira</strong>,<br />
e deverá ser autônoma e democrática, e oferecer indissociavelmente ensino, pesquisa e<br />
extensão.<br />
2 Caracterização Jurídica