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Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável

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em tempo integral, trabalhando com briófitas no Brasil. Especialmente,<br />

considerando que talvez um quinto de todas as espécies do mundo ocorrem<br />

no país. O número de orientadores potenciais é limitado e este é um grupo em<br />

que se pode justificar a formação de alguns pesquisadores no exterior para<br />

suplementar os orientadores no Brasil.<br />

Um programa intensivo de coletas seria altamente desejável e urgente.<br />

Como as briófitas, geralmente, são muito dependentes da vegetação formada<br />

por outros grupos de plantas para sua sobrevivência, a destruição de matas e<br />

outros tipos de vegetação natural elimina quase completamente as espécies de<br />

briófitas associadas. Neste sentido, briófitas provavelmente são mais vulneráveis<br />

à perda de ambientes do que as angiospermas, e não existe qualquer coleção<br />

de material vivo ou armazenamento de esporos, para programas de<br />

recomposição ou reintrodução. Em parte, isto se explica porque são difíceis de<br />

cultivar e, assim, sua conservação depende, principalmente, da preservação da<br />

vegetação natural.<br />

A ecologia do grupo é muito pouco estudada e merece atenção bem maior.<br />

A ausência total de literatura acessível que permita a identificação, pelo<br />

menos ao nível de gênero, é um grande impedimento à formação de novos<br />

pesquisadores, particularmente, em cursos de graduação nas universidades,<br />

onde a matéria que inclui este grupo, geralmente, é ministrada por docentes<br />

que não são especialistas. Foi publicada, em 2001, uma extensa revisão sobre<br />

briófitas de América Tropical (Gradstein et al., 2001), que inclui chaves até o<br />

nível de gênero e muitas informações sobre distribuição e ecologia da região<br />

neotropical, mas esta obra foi escrita em inglês e inclui uma área muito maior<br />

que o Brasil. Existem alguns manuais, como Bastos e Nunes (1996), mas estes<br />

são muito limitados e não têm ampla circulação. Um programa que estimulasse<br />

a produção de chaves ilustradas que permitam identificação até o nível de gênero,<br />

especificamente para o Brasil, seria muito interessante, especialmente se também<br />

visar à produção de material didático que facilite a formação de novos<br />

pesquisadores.<br />

No momento, a elaboração de uma flora de briófitas para o Brasil parece<br />

pouco viável, dado o baixo número de pesquisadores trabalhando com o grupo<br />

no país e a ausência de coletas e de conhecimento da flora briofítica local para<br />

extensas regiões. O número de espécies não é grande em comparação com<br />

algumas floras sobre Angiospermas, mas o grau de conhecimento das espécies<br />

é bem menor. Parece mais viável concentrar esforços em floras estaduais ou<br />

regionais, e na formação de novos pesquisadores, até que haja condições para<br />

preparar uma flora para todo o território nacional. Qualquer projeto deste tipo,<br />

necessariamente, envolveria um número considerável de pesquisadores e<br />

instituições do exterior, e devem ser contemplados mecanismos que permitam<br />

a repatriação de dados de coleções que existem somente no exterior.<br />

Além da produção de floras, para muitos grupos de briófitas no Brasil,<br />

revisões taxonômicas são altamente desejáveis e necessárias. Para muitos<br />

gêneros, foram descritos grandes números de espécies sem uma revisão<br />

criteriosa de variabilidade infra-específica e exame de tipos, resultando em muitos<br />

nomes que deverão ser sinonimizados ou revisados. Um fator que complica a<br />

taxonomia é a ampla distribuição de muitas espécies de briófitas que foram<br />

descritas com nomes diferentes em diferentes países ou continentes. Nestes<br />

casos, revisões taxonômicas precisam consultar uma diversidade de material<br />

bem maior daquela habitualmente consultada em revisões de angiospermas,<br />

por exemplo.

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