Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável
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15<br />
Águas Doces<br />
Odete Rocha 1<br />
INTRODUÇÃO<br />
As águas doces fornecem habitats para uma variedade de organismos<br />
incluindo bactérias, protozoários, fungos, esponjas, celenterados, vermes,<br />
rotíferos, briozoários, moluscos, crustáceos, aracnídeos e vários grupos de<br />
insetos. A maioria dos grupos possui representantes tanto em ambientes<br />
aquáticos como nos ambientes terrestre e marinho: por exemplo, há moluscos<br />
marinhos e terrestres bem como moluscos de água doce. Muitos invertebrados<br />
de água doce passam parte de seu ciclo de vida no ambiente aquático e parte<br />
no ambiente terrestre, como os Coleoptera, Odonata, Diptera e muitos outros.<br />
Se o conhecimento sobre a biodiversidade nas águas doces é incompleto<br />
para vertebrados (especialmente peixes, ver capítulo sobre vertebrados neste<br />
volume), o quadro se agrava ainda mais para os microorganismos e<br />
invertebrados. Pode-se dizer que a informação sobre diversidade tem uma<br />
relação direta e crescente com o tamanho dos organismos (ver capítulo de<br />
Síntese, no volume I desta obra). Assim, mesmo dentro do grupo dos<br />
invertebrados, o conhecimento sobre a riqueza de espécies e a distribuição<br />
geográfica é maior para aqueles de maior porte. Uma das razões para isto é,<br />
naturalmente, a dificuldade em serem observados diretamente, já que<br />
organismos muito pequenos requerem equipamentos óticos de grande poder<br />
de ampliação. Destes, são mais bem conhecidos os grupos planctônicos ou<br />
nectônicos que ocupam a coluna d’água do que os bentônicos e perifíticos. É<br />
evidente a ausência, ou o número extremamente reduzido, de especialistas em<br />
taxonomia para a maior parte dos táxons de invertebrados que ocorrem em<br />
água doce.<br />
Com relação aos levantamentos de Biodiversidade, a maioria dos estudos<br />
foi realizada nas regiões Sul, Sudeste e Amazônica. Assim, aparentemente uma<br />
maior riqueza de espécies é observada nestas regiões enquanto a região Centro-<br />
Oeste e a Nordeste permanecem quase inexploradas por estudos de<br />
biodiversidade nas águas doces. Observa-se também a já conhecida relação<br />
entre o maior número de ocorrências registradas nas áreas onde se concentra<br />
o maior número de pesquisadores trabalhando com taxonomia de grupos de<br />
água doce. Neste caso, para muitos grupos, devido à cobertura geográfica<br />
incompleta, o maior número de registros fica localizado no estado onde trabalha<br />
o pesquisador.<br />
Este texto apresenta uma síntese do estado do conhecimento dos principais<br />
grupos com ocorrência em água doce, baseada nos formulários preenchidos<br />
1<br />
Laboratório de Limnologia, Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva, Uuniversidade<br />
Federal de São Carlos - UFSCar.