Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável
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Existe, portanto, uma necessidade de manter os atuais programas e ainda<br />
aumentar consideravelmente o número de pesquisadores nesta área. Grande<br />
parte do treinamento necessário pode ser realizada no Brasil, sem a necessidade<br />
de enviar pós-graduandos para o exterior, exceto no caso de algumas famílias,<br />
para as quais realmente não existem especialistas ou pessoas capazes de<br />
orientar teses sobre estes grupos, ou para as quais seria altamente desejável<br />
que alunos brasileiros fossem treinados por especialistas estrangeiros. Para<br />
quase todos os grupos, porém, visitas curtas ao exterior para consultar coleções<br />
de tipos são essenciais, dada a dificuldade de empréstimos de material-tipo e a<br />
demora no transporte deste material (veja comentários na seção “Coleções e<br />
infra-estrutura taxonômica”). Devem ser estimulados projetos “sanduíche”, que<br />
permitem passar pelo menos alguns meses no exterior, no caso de doutorados<br />
que pretendem fazer revisões taxonômicas.<br />
A distribuição de taxonomistas por família não foi completamente levantada<br />
aqui, mas é claro que é essencial manter um forte conjunto de pesquisadores<br />
nas famílias consideradas “estratégicas”. O número de pesquisadores em todas<br />
estas famílias, provavelmente, ainda é insuficiente, mas em alguns casos, estão<br />
claramente abaixo do desejável.Por exemplo, em Poaceae, Arecaceae,<br />
Solanaceae, Asteraceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae, todas de grande<br />
importância econômica ou ecológica e com alta diversidade de espécies no<br />
país.<br />
Com relação aos aspectos mais amplos de biodiversidade, falta muita<br />
integração entre taxonomistas, ecólogos e geneticistas. É gritante a disparidade<br />
entre a diversidade existente e o nível de conhecimento de citologia e variabilidade<br />
genética em populações (ver Capítulo sobre Diversidade Genética, neste volume).<br />
O total de espécies lenhosas neotropicais investigadas utilizando isoenzimas ou<br />
outros marcadores genéticos não passa de 120 espécies. Dados citológicos<br />
são bem mais abundantes, mas ainda representam uma proporção baixíssima<br />
do total de espécies nativas. Dados sobre biologia reprodutiva e dinâmica de<br />
populações são extremamente escassos e necessitam de um programa<br />
concentrado de investigações, pelo menos para as espécies mais abundantes e<br />
dominantes nos diferentes ecossistemas presentes no país.<br />
Perspectivas e necessidades<br />
Além da evidente necessidade de estudos taxonômicos em si, é claro que<br />
ainda existe uma grande necessidade de aumentar e melhorar as coletas de<br />
angiospermas. O número de exsicatas existentes nos herbários não é suficiente<br />
para fornecer uma boa representação da flora e sofre de uma forte concentração<br />
de coletas em algumas regiões, deixando enormes áreas ainda praticamente<br />
desconhecidas, especialmente na Amazônia. As coleções mais antigas estão<br />
quase inteiramente em herbários no exterior (principalmente, na Europa e<br />
Estados Unidos). A melhoria das coleções é essencial, não só para taxonomia,<br />
mas também para melhorar nosso conhecimento da biogeografia e ecologia<br />
das espécies deste grupo.