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Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável

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221<br />

Outra fonte de viés foi o fato dos pesquisadores consultados serem o que<br />

há de melhor no País. Assim, estes dados superestimam a qualidade do que se<br />

faz. No entanto, eles estarão sinalizando provavelmente nosso limite superior.<br />

Quando comparamos os resultados dos dois conjuntos de dados,<br />

verificamos que é isto que de fato ocorre. Na Citogenética, apenas 6% dos<br />

Resumos da SBG mostrou empregar técnicas de hibridização in situ ou<br />

cromossomos politênicos, enquanto 36% eram cariótipo simples ou apenas<br />

contagem de cromossomos, isto é, as técnicas mais simples são mais usadas<br />

que as mais sofisticadas. Nas respostas dos pesquisadores este padrão está<br />

invertido: 52% e 12% para as duas técnicas, respectivamente. De qualquer<br />

forma, a maior parte dos trabalhos já usa técnicas com algum grau de<br />

sofisticação – ao menos algum tipo de bandeamento.<br />

Semelhantemente, a maioria dos resumos tinha objetivos estritamente<br />

descritivos (52%) enquanto que este número se reduz nas fichas preenchidas<br />

pelos pesquisadores (30%). Mais que isto, a proporção de trabalhos buscando<br />

fazer inferências filogenéticas – ao invés da simples comparação entre espécies<br />

– na análise da variação interespecífica, aumenta de 36% para 81% nos dois<br />

conjuntos de dados.<br />

Nos estudos de isozimas o mesmo padrão aparece: nos resumos da SBG<br />

o número médio de locos analisado é 12,1; sendo que 42% dos trabalhos<br />

analisaram menos de 10 locos. Nas respostas dadas pelos pesquisadores o<br />

número médio de locos analisado é 20 – aliás, este é exatamente o mesmo<br />

valor para o número médio de locos na revisão feita por Avise (1994)! – e<br />

todos relataram usar pelo menos 10 locos.<br />

Para a Genética Molecular, 50% dos resumos da SBG relataram o uso de<br />

seqüenciamento, número que sobe para 74% entre as respostas dadas pelos<br />

pesquisadores. Em relação aos objetivos, nos estudos sobre variação<br />

interespecífica, nos resumos 83% são para inferências filogenéticas, enquanto<br />

que nas respostas dos pesquisadores são todos. Isto mostra que provavelmente<br />

este é o campo da Genética que está utilizando as metodologias mais modernas<br />

a sua disposição. Além disto, parece menor a diferença entre resumos e<br />

respostas de pesquisadores.<br />

Os dados de estudos dos caracteres quantitativos nos Resumos da SBG<br />

são um conjunto até certo ponto heterogêneo. Uma proporção pequena (18%)<br />

esteve dedicada aos estudos interespecíficos; e 27% tinham objetivos apenas<br />

descritivos. Nos dados dos pesquisadores, de 10 respostas relacionadas à<br />

variação interespecífica, 7 buscavam fazer inferências filogenéticas. Deve-se<br />

notar, no entanto, que em ambos os casos, nenhuma das respostas acusava o<br />

objetivo de estudar QTLs e poucas faziam correlações com variáveis genéticas.<br />

E estes são justamente os tópicos mais modernos no campo.<br />

Levando em conta todos os dados apresentados e as considerações feitas<br />

acima, acreditamos que podemos dizer que o Brasil se encontra numa posição<br />

razoável/boa. Para os grupos taxonômicos mais bem estudados (insetos –<br />

dípteros, himenópteros; mamíferos – roedores e primatas; peixes e aves),<br />

para as áreas da genética que estão mais avançadas (isozimas e genética<br />

molecular) e para os grupos de pesquisa mais bem preparados, o trabalho em<br />

andamento não deixa a desejar. No entanto, há muito a fazer, há grandes<br />

lacunas.<br />

A tarefa do estudo da biodiversidade genética é gigantesca em qualquer<br />

país do mundo. Não há lugar onde se possa dizer que se sabe o suficiente,<br />

sequer que se sabe muito! Somente nos últimos 20 anos é que as ferramentas<br />

mais importantes da Genética foram desenvolvidas e, apenas, na última década

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