Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável
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Outra fonte de viés foi o fato dos pesquisadores consultados serem o que<br />
há de melhor no País. Assim, estes dados superestimam a qualidade do que se<br />
faz. No entanto, eles estarão sinalizando provavelmente nosso limite superior.<br />
Quando comparamos os resultados dos dois conjuntos de dados,<br />
verificamos que é isto que de fato ocorre. Na Citogenética, apenas 6% dos<br />
Resumos da SBG mostrou empregar técnicas de hibridização in situ ou<br />
cromossomos politênicos, enquanto 36% eram cariótipo simples ou apenas<br />
contagem de cromossomos, isto é, as técnicas mais simples são mais usadas<br />
que as mais sofisticadas. Nas respostas dos pesquisadores este padrão está<br />
invertido: 52% e 12% para as duas técnicas, respectivamente. De qualquer<br />
forma, a maior parte dos trabalhos já usa técnicas com algum grau de<br />
sofisticação – ao menos algum tipo de bandeamento.<br />
Semelhantemente, a maioria dos resumos tinha objetivos estritamente<br />
descritivos (52%) enquanto que este número se reduz nas fichas preenchidas<br />
pelos pesquisadores (30%). Mais que isto, a proporção de trabalhos buscando<br />
fazer inferências filogenéticas – ao invés da simples comparação entre espécies<br />
– na análise da variação interespecífica, aumenta de 36% para 81% nos dois<br />
conjuntos de dados.<br />
Nos estudos de isozimas o mesmo padrão aparece: nos resumos da SBG<br />
o número médio de locos analisado é 12,1; sendo que 42% dos trabalhos<br />
analisaram menos de 10 locos. Nas respostas dadas pelos pesquisadores o<br />
número médio de locos analisado é 20 – aliás, este é exatamente o mesmo<br />
valor para o número médio de locos na revisão feita por Avise (1994)! – e<br />
todos relataram usar pelo menos 10 locos.<br />
Para a Genética Molecular, 50% dos resumos da SBG relataram o uso de<br />
seqüenciamento, número que sobe para 74% entre as respostas dadas pelos<br />
pesquisadores. Em relação aos objetivos, nos estudos sobre variação<br />
interespecífica, nos resumos 83% são para inferências filogenéticas, enquanto<br />
que nas respostas dos pesquisadores são todos. Isto mostra que provavelmente<br />
este é o campo da Genética que está utilizando as metodologias mais modernas<br />
a sua disposição. Além disto, parece menor a diferença entre resumos e<br />
respostas de pesquisadores.<br />
Os dados de estudos dos caracteres quantitativos nos Resumos da SBG<br />
são um conjunto até certo ponto heterogêneo. Uma proporção pequena (18%)<br />
esteve dedicada aos estudos interespecíficos; e 27% tinham objetivos apenas<br />
descritivos. Nos dados dos pesquisadores, de 10 respostas relacionadas à<br />
variação interespecífica, 7 buscavam fazer inferências filogenéticas. Deve-se<br />
notar, no entanto, que em ambos os casos, nenhuma das respostas acusava o<br />
objetivo de estudar QTLs e poucas faziam correlações com variáveis genéticas.<br />
E estes são justamente os tópicos mais modernos no campo.<br />
Levando em conta todos os dados apresentados e as considerações feitas<br />
acima, acreditamos que podemos dizer que o Brasil se encontra numa posição<br />
razoável/boa. Para os grupos taxonômicos mais bem estudados (insetos –<br />
dípteros, himenópteros; mamíferos – roedores e primatas; peixes e aves),<br />
para as áreas da genética que estão mais avançadas (isozimas e genética<br />
molecular) e para os grupos de pesquisa mais bem preparados, o trabalho em<br />
andamento não deixa a desejar. No entanto, há muito a fazer, há grandes<br />
lacunas.<br />
A tarefa do estudo da biodiversidade genética é gigantesca em qualquer<br />
país do mundo. Não há lugar onde se possa dizer que se sabe o suficiente,<br />
sequer que se sabe muito! Somente nos últimos 20 anos é que as ferramentas<br />
mais importantes da Genética foram desenvolvidas e, apenas, na última década