Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável
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Vertebrados<br />
alta complexidade e a pobre exploração científica do sistema. Como exemplo<br />
desta pouca exploração, Menezes (1996) cita o Pantanal de Mato Grosso,<br />
formado por um complexo sistema de rios, lagoas, corixos e canais, cuja fauna<br />
de peixes tem cerca de 260 espécies (Britski et al., 1999). A despeito desta<br />
alta diversidade, o inventário ictiofaunístico do Pantanal, especialmente de suas<br />
cabeceiras, ainda é bastante incompleto. Uma expedição promovida pela<br />
Conservação Internacional (AquaRAP), realizada entre agosto e setembro de<br />
1998 no Pantanal Sul, demonstra o grau de desconhecimento da região,<br />
notadamente das cabeceiras dos rios. Dentre cerca de 120 espécies de peixes<br />
coletadas nas áreas de nascentes, aproximadamente 20% eram desconhecidas<br />
para a ciência (Willink et al., 2000).<br />
As drenagens costeiras, formadas por rios isolados ao longo do litoral do<br />
Brasil, podem ser mais bem avaliadas por ecorregiões, considerando as<br />
formações vegetais que as rodeiam (Menezes, 1996). Os rios que drenam<br />
para o Oceano Atlântico, em direção ao Nordeste do país, contêm basicamente<br />
uma fauna amazônica depauperada. Contudo, qualquer estimativa de riqueza<br />
para estes rios litorâneos seria prematura, considerando a ausência de coleções<br />
representativas (Menezes, 1996). Os rios pequenos e grandes e os riachos da<br />
porção Leste e Sudeste da Mata Atlântica guardam uma ictiofauna diversa e<br />
rica em endemismos, visto que formam bacias isoladas que nascem nas serras<br />
costeiras e deságuam no Oceano Atlântico. O isolamento destas bacias favorece<br />
processos de especiação da ictiofauna, que explica seu elevado grau de<br />
endemismo. Estes rios, tal e qual a Mata Atlântica, têm sofrido sérios impactos,<br />
com a drástica redução das florestas ripárias, provedoras de alimento, sombra<br />
e abrigo para muitas espécies de peixes (Menezes et al., 1990; Sabino & Castro,<br />
1990; Sazima et al., 2001). De modo geral, os peixes da Mata Atlântica são<br />
mal estudados e incompletamente conhecidos (Câmara, 2001). São registradas<br />
350 espécies de peixes para estes rios, riqueza esta considerada claramente<br />
subestimada para as bacias costeiras da Mata Atlântica (Tabela 6).<br />
Finalmente, as pequenas bacias do sul (cujo principal rio é o Jacuí) que<br />
fluem para a Lagoa dos Patos, contêm muitos casos de endemismos, embora<br />
não sejam tão ricas como a bacia adjacente do rio Uruguai (Malabarba & Isaia,<br />
1992).<br />
Com a recente exploração científica de certos ambientes pouco amostrados<br />
(e.g., cabeceiras, riachos, calhas profundas de grande rios e corredeiras), o<br />
número de espécies de peixes de água doce do Brasil tende a aumentar<br />
consideravelmente. Uma avaliação feita por Böhlke et al. (1978), estima que<br />
de 30 a 40% das espécies de peixes de água doce da América do Sul<br />
permanecem desconhecidas. Combinando a velocidade de descrição de espécies<br />
de peixes na região (cerca de 400 por década) com dados de riqueza<br />
anteriormente avaliados por outros autores, Vari & Malabarba (1998) apontam<br />
para o impressionante número estimado de 8.000 espécies de peixes de água<br />
doce na região Neotropical. Parte significativa desta riqueza encontra-se nas<br />
águas continentais do Brasil (entre 3.000 e 5.000 espécies, segundo<br />
informadores do questionário).<br />
O desconhecimento da ictiofauna de água doce brasileira se deve<br />
principalmente ao fato de o país apresentar uma extensa rede de drenagem,<br />
com numerosos ambientes pouco amostrados. Mesmo no Estado de São Paulo,<br />
considerado um dos mais estudados, ainda há rios incompletamente conhecidos<br />
(e.g., cabeceiras do rio Paranapanema, cabeceiras do rio Grande, rio do Peixe e<br />
rio Ribeira de Iguape). O projeto “Diversidade de peixes de riachos e cabeceiras<br />
da bacia do Alto Paraná no Estado de São Paulo”, coordenado por Ricardo<br />
Macedo Corrêa e Castro e financiado pelo programa Biota/Fapesp, visou reduzir