Volume 2 - Fundação Amazonas Sustentável
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Vertebrados<br />
como as do gênero Bothrops, possuem substâncias cujos princípios ativos são<br />
usados na indústria farmacológica (e.g., no combate à hipertensão arterial,<br />
Ferreira et. al., 1970). A carne de tartarugas, jacarés, lagartos teiús (Tupinambis<br />
spp.), e mesmo serpentes como as jibóias (Boa constrictor), são fonte de<br />
alimento tradicionais em várias regiões do Brasil. O extrativismo também se<br />
estende às carapaças e ovos das tartarugas e à pele de jacarés. Várias espécies<br />
de répteis tropicais são apreciadas como animais de estimação, principalmente<br />
na Europa e América do Norte, como iguanas, serpentes, tartarugas e jabotis,<br />
e mesmo jacarés, o que as coloca entre os principais alvos do tráfico ilegal de<br />
animais silvestres.<br />
Os répteis apresentam espécies sensíveis a alterações ambientais,<br />
notadamente à destruição de habitat. É provável que declínios populacionais de<br />
serpentes, como Lystrophis nattereri, Bothrops itapetiningae e B. cotiara no<br />
Estado de São Paulo, estejam relacionados à destruição dos habitats (Marques<br />
et al., 1998). A caça também pode ter contribuído para o declínio de espécies<br />
maiores como os jacarés, especialmente Caiman latirostris (Marques et al.,<br />
1998). Nos últimos anos, a criação de jacaré-do-pantanal vem se consolidando<br />
como uma alternativa à caça naquele bioma. Programas de manejo,<br />
conservação, e educação ambiental têm sido aplicados com sucesso a espécies<br />
de quelônios, notadamente as tartarugas marinhas (e.g., Projeto Tamar). A<br />
Tabela 2 apresenta a importância econômica e ecológica geral do grupo.<br />
Conhecimento da diversidade<br />
As estimativas sobre diversidade de répteis devem ser avaliadas<br />
separadamente para cada ordem (dados de Rodrigues, 2005, SBH, 2005b).<br />
Os representantes da ordem Chelonia constituem um grupo restrito:<br />
considerando as espécies terrestres, aquáticas e marinhas, há 35 espécies no<br />
Brasil que são relativamente bem conhecidas. Entre as sete espécies de tartarugas<br />
marinhas do mundo, cinco ocorrem no Brasil. Os Crocodylia, representados<br />
por seis espécies, também são bem conhecidos e o número de espécies não<br />
deve aumentar (Carlos Yamashita, questionário do projeto; Rodrigues, 2005).<br />
A ordem Squamata, representada pelos lagartos (cerca de 280 espécies no<br />
Brasil, incluindo 57 de anfisbenídeos) e serpentes (cerca de 330 espécies no<br />
Brasil), é a mais numerosa e colonizou praticamente todos os tipos de ambientes<br />
brasileiros. Este é o grupo que se espera tenha ainda muitas espécies por serem<br />
descobertas, principalmente na Amazônia (Richard Vogt, comunicação pessoal).<br />
Esta previsão se baseia no fato de que a Amazônia tem locais ainda pouco<br />
explorados pelos herpetólogos e, mesmo próximo a Manaus, uma das regiões<br />
mais estudadas, recentemente espécies e até gêneros novos de serpentes<br />
foram descritos (Márcio Martins, comunicação pessoal).<br />
Na Amazônia Brasileira, os inventários faunísticos de alguns grupos de<br />
répteis são muito restritos. Estudos sobre o “status” de quelônios (14 espécies)<br />
e jacarés (quatro espécies) são os mais completos, provavelmente porque<br />
estes sejam os grupos que tenham menor número de espécies entre os répteis<br />
da região e, evidentemente, porque despertam maior interesse econômico (MMA,<br />
2002). Os lagartos somam pelo menos 109 espécies na Amazônia, distribuídas<br />
em nove famílias (Ávila-Pires, 1995; Rodrigues, 2005). O maior desconhecimento<br />
sobre répteis amazônicos estaria no grupo das serpentes e, com o estado de<br />
conhecimento atual, não seria seguro definir um número, embora não seja<br />
improvável a marca de 300 espécies (MMA, 2002; Richard Vogt, com. pess.).<br />
A Mata Atlântica reúne cerca de 200 espécies de répteis e, embora grande<br />
parte desta fauna tenha ampla distribuição por outros biomas brasileiros, há<br />
cerca de 30% de espécies endêmicas (Tabela 11). Não há informações seguras<br />
sobre a riqueza de espécies de répteis dos Campos Sulinos: os herpetólogos