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Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Lesões epiteliais malignas da conjuntiva e recidiva tumoral - estudo retrospectivo75Histologicamente, neste estudo, houve 19,2%<strong>de</strong> espécimes mostrando margens livres e outros19,2%, com margens comprometidas. Nos restantes, aavaliação das margens foi duvidosa. Este gran<strong>de</strong> número<strong>de</strong> lesões que não pu<strong>de</strong>ram ser avaliadas noslevou a rever a forma <strong>de</strong> encaminhamento dos espécimespara exame. A maneira correta <strong>de</strong> preparar apeça para a fixação após a remoção, é colocando-asobre papel <strong>de</strong> filtro ou do próprio papel do invólucrodo fio cirúrgico, com a superfície epitelial voltada paracima e com o espécime estendido, mergulhando-a, emseguida, no frasco contendo fixador. Esta conduta possibilitamelhora na obtenção <strong>de</strong> dados sobre as margens<strong>de</strong> ressecção operatória.Ainda com relação a margem <strong>de</strong> ressecção, nopresente estudo houve indivíduo com margens livres ecom recidiva tumoral, fato que já havia sido relatadopor outros. (13) Portanto, margem livre não significa certeza<strong>de</strong> cura. Além das recidivas acontecerem porressecção incompleta, outras causas seriam a semeadura<strong>de</strong> células tumorais, havendo também a possibilida<strong>de</strong>da lesão surgir “<strong>de</strong> novo”. (5) Outras hipóteses seriam apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recidiva em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>agressivida<strong>de</strong> do tumor ou predisposição individual doportador.A análise das margens cirúrgicas e o uso <strong>de</strong> terapiaadjuvante po<strong>de</strong>m proporcionar melhor controle dotumor. É conduta do nosso Serviço realizar a radioterapiacomo tratamento adjuvante para os portadores <strong>de</strong>CEC ou NIC nos quais existe margem cirúrgica acometida.Com esta conduta, a taxa <strong>de</strong> recidiva foi <strong>de</strong> 11,5%,não havendo nenhum paciente evoluído para metástaseou óbito.A radioterapia utilizada nos pacientes <strong>de</strong>ste estudofoi feita utilizando-se a Betaterapia com o Strôncio 90 .O Strôncio 90 utilizado para tratamento adjuvante do CECconjuntival apresentou resultados satisfatórios (14) , além<strong>de</strong> provocar poucas complicações, como úlcera <strong>de</strong> esclerae catarata. (15) Entretanto, existe a chance <strong>de</strong> perfuraçãocorneana após a aplicação <strong>de</strong> Strôncio 90 . (16)A Betaterapia não é mais utilizada em nosso Serviçoem <strong>de</strong>corrência da imprecisão que ocorre quantoao local a ser irradiado, além <strong>de</strong> proporcionar maior áreaexposta aos efeitos da radiação. Atualmente, utiliza-seaqui a irradiação com feixe <strong>de</strong> elétrons, método que levaa menor exposição e maior precisão na administração,inclusive sendo possível irradiar até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>interesse, com dose homogênea.A crioterapia é outro tratamento adjuvante amplamentedifundido, estando relacionada a uma taxa <strong>de</strong>recidiva <strong>de</strong> 4,5% para lesões intra-epiteliais e 5,3% parao carcinoma invasivo. (1) Porém, taxa <strong>de</strong> recidiva <strong>de</strong> até33,3% foi obtida usando-se este método. (12) Outros autorespreconizam, além <strong>de</strong> ressecção ampla e crioterapiaintra-operatória, a aplicação tópica <strong>de</strong> álcool, relatando8 a 10% <strong>de</strong> recidiva. (13)Usando crioterapia pós-exérese tumoral, tambémpo<strong>de</strong>-se associar a radioterapia com Rutênio, consi<strong>de</strong>rando-seo método efetivo e sem complicações, indicadopara lesões recidivadas e em estágios precoces <strong>de</strong>displasia e carcinoma in situ. (17)Atualmente, outros recursos têm sido empregadosno tratamento adjuvante <strong>de</strong> tumores, como diatermia,laser e quimioterápicos tópicos. (5,18-20) A mitomicina C éum antimitótico consi<strong>de</strong>rado eficiente para a prevenção<strong>de</strong> recorrências nos casos <strong>de</strong> ressecção incompleta, nãohavendo recidiva em 4 casos acompanhados por 20 meses;contudo, possui efeitos colaterais como <strong>de</strong>sconfortoleve, hiperemia ocular, fotofobia, ceratite epitelialpuntata em uso tópico na concentração <strong>de</strong> 0,02%. (18) Amitomicina C 0,04% po<strong>de</strong>ria levar até a regressão dotumor em 1 a 4 meses, comprovado pela ausência <strong>de</strong>tumor à biópsia conjuntival e citologia, mantendo-se semevidências clínicas <strong>de</strong> recidiva após 9 meses <strong>de</strong> acompanhamento.(19)O uso do colírio <strong>de</strong> 5-FU 1% 4 vezes/dia/4 semanaspo<strong>de</strong> levar a regressão clínica, com substituição porepitélio normal; porém, existe risco <strong>de</strong> recidiva da lesãoe <strong>de</strong> ceratoconjuntivite tóxica. (20)A recidiva po<strong>de</strong> surgir muitos anos após aressecção do tumor. Neste estudo, os indivíduos que tiveramrecidiva a apresentaram <strong>de</strong> 1 até 60 meses após aexérese. Por isso, o paciente <strong>de</strong>ve permanecer em acompanhamento,pelo menos anual, para sempre.Portanto, tendo em vista serem as lesões epiteliaismalignas da conjuntiva muito freqüentes em nosso meioe por serem estas potencialmente graves, com possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> recidiva, a <strong>de</strong>speito da exérese e <strong>de</strong> tratamentosadjuvantes, criterioso seguimento dos portadores <strong>de</strong>veser feito.CONCLUSÃOAs lesões epiteliais malignas da conjuntiva ocorrerammais em homens, idosos, <strong>de</strong> pele branca, sendo oCEC responsável por 86,5% das lesões. A taxa <strong>de</strong> recidivaapós exérese e radioterapia foi <strong>de</strong> 11,5%.SUMMARYPurpose: To evaluate the conjunctival epithelial malignlesions carriers and the recurrence rate using exeresis andradiotherapy. Methods: A retrospective study wasRev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 71-76

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