Resultados iniciais com a técnica <strong>de</strong> facoemulsificação por múltipla divisão circunferencial89mmHg, altura do frasco <strong>de</strong> solução salina balanceadaem 80 cm e fluxo <strong>de</strong> 36cc/min.A técnica cirúrgica já foi <strong>de</strong>scrita previamente (6) .Brevemente, após incisões, capsulorrexe ehidrodissecção, consiste na aspiração do cortex superficial,apreensão e elevação do núcleo com a caneta <strong>de</strong>facoemulsificação (Figura 1), dissecção das lamelas comum chopper em movimentos centrífugos para liberaçãoda parte central mais dura (endonúcleo) (Figura 2),emulsificação do endonúcleo (que po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong>ntrodo saco capsular ou no plano da capsulorrexe) e remoçãodas lamelas restantes (Figura 3). O bisel encontrasevoltado para baixo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entrada na câmara anterioraté o momento <strong>de</strong> aspirar o epinúcleo, quando é entãogirado para cima.Os dados referentes ao tempo cirúrgico contado apartir do início <strong>de</strong> utilização do facoemulsificador e tempoefetivo <strong>de</strong> ultra-som anotados a partir do sumárioimpresso pelo aparelho após cada procedimento, durezado núcleo, acuida<strong>de</strong> visual inicial e pós-operatória encontram-sena Tabela 1.No pós-operatório os pacientes utilizavam umacombinação <strong>de</strong> antibiótico e corticosterói<strong>de</strong> sob a forma<strong>de</strong> colírio, iniciando em 8 instilações diárias com reduçãogradual nas 5 semanas seguintes.Figura 1. Após a aspiração do córtex anterior, o endonúcleo (cinzaescuro) é apreendido com a caneta <strong>de</strong> ultra-som.Figura 2. Com o endonúcleo (cinza escuro) tracionado para cima,inicia-se a dissecção das lamelas.RESULTADOSA média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 70 anos. A dureza donúcleo foi classificada como 1+ em 4 olhos; 2+ em 12olhos; 3+ em 6 olhos; 4+ em 4 olhos e catarata subcapsularposterior +++ em 4 olhos.Em dois casos (6,6%), houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversãopara técnica extra-capsular e stop and chop, respectivamente.Ambos operados durante os 2 primeirosdias <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> uso da técnica. Os dois núcleos tinhamdureza <strong>de</strong> ++++, sendo que um dos pacientes tinhaainda glaucoma e câmara anterior rasa (convertido paraextracapsular). Não houve casos como ruptura <strong>de</strong> cápsulaposterior ou <strong>de</strong>scompensação corneana.Para os 28 casos nos quais a MDC foi feita comêxito, o tempo médio <strong>de</strong> cirurgia foi <strong>de</strong> 17 minutos(variando <strong>de</strong> 8 a 40; mediana <strong>de</strong> 15 minutos). O tempomédio <strong>de</strong> ultra-som efetivo foi <strong>de</strong> 8 segundos (variando<strong>de</strong> 0 a 37; mediana <strong>de</strong> 5 segundos). Excluindo-se os4 olhos com catarata subcapsular posterior, nos quaisnão foram utilizados ultra-som, o tempo médio <strong>de</strong>ultra-som gasto fica em 9,3 segundos (variando <strong>de</strong> 1 a37; mediana <strong>de</strong> 7 segundos).A acuida<strong>de</strong> visual final variou <strong>de</strong> conta <strong>de</strong>dos a20/20, sendo que em apenas 9 olhos ela foi pior que 20/Figura 3. Aspiração do epinucléo, após remoção do enodonúcleo(cinza escuro).40. Os 3 olhos com acuida<strong>de</strong> final <strong>de</strong> conta <strong>de</strong>dos apresentavamrespectivamente: cicatriz <strong>de</strong> retinocoroiditeem região macular, retinopatia diabética e danoglaucomatoso avançado (caso convertido para extracapsular).Dos outros 6 olhos com visão pior que 20/40, 2eram <strong>de</strong> uma paciente com doença <strong>de</strong> Graves com provávelseqüela <strong>de</strong> neuropatia óptica, 1 tinha retinopatiadiabética, 1 leucoma central e 2 não apresentavam outrasalterações. O caso que foi convertido para stop andchop, apresentou acuida<strong>de</strong> visual final <strong>de</strong> 20/25.Rev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 87-91
90 <strong>Mar</strong>back EFDISCUSSÃONossos resultados com a técnica <strong>de</strong> MDC sugeremque esta é uma boa opção para o tratamento dacatarata. O aprendizado da técnica por um cirurgiãoque antes usava como rotina o método <strong>de</strong> stop and chopfoi fácil. No segundo olho operado pela técnica, que nãofoi incluído por falta do sumário do facoemulsificador,houve ruptura <strong>de</strong> cápsula posterior periférica durante aaspiração do epinúcleo, nós atribuímos esta complicaçãoà <strong>de</strong>mora em virar o bisel para cima após aemulsificação da parte mais consistente do núcleo, justamentepela falta <strong>de</strong> prática com o uso <strong>de</strong> técnicas queemulsificam o núcleo com o bisel para baixo. Em apenas2 casos houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversão para técnicascom as quais o autor estava mais familiarizado, ambosdurante os 2 primeiros dias <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> uso da técnica.Nos casos iniciais, uma das dificulda<strong>de</strong>s subjetivamenteencontradas, foi manter a apreensão do núcleopara realizar a dissecção. Com as sucessivas tentativas,notamos que uma exposição um pouco maior do biselfacilita a melhor apreensão do núcleo diminuindogradativamente as perdas <strong>de</strong> oclusão e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>repetição da manobra. Outro ponto que notamos estarrelacionado com a familiarização à técnica, é aefetivida<strong>de</strong> da dissecção. Nas últimas cirurgias o número<strong>de</strong> planos lamelares dissecados pareceu menor quenas cirurgias iniciais, ou seja houve uma exposição doendonúcleo mais rápida e eficaz.Esta técnica utiliza conceitos da própria anatomiado cristalino para dividi-lo (6) . Por este motivo, comoexemplificado pela variabilida<strong>de</strong> do grau <strong>de</strong> dureza donúcleo dos olhos <strong>de</strong>ste estudo, é possível realizar a dissecçãotanto em núcleos muito moles como em núcleosmuito duros, para isto basta modular o uso do ultra-som,ou mesmo utilizar apenas o vácuo para apreen<strong>de</strong>r o núcleocomo foi feito nos 4 casos <strong>de</strong> catarata subcapsularposterior incluídos (Tabela 1). Para facilitar o aprendizado,sugerimos começar com casos <strong>de</strong> 2+ pois estes têmconsistência suficiente para suportar a apreensão centrale ao mesmo tempo não apresentam gran<strong>de</strong>compactação lamelar que dificulte a dissecção. Após afamiliarização, torna-se mais confortável tentar dissecarnúcleos mais <strong>de</strong>nsos.Uma gran<strong>de</strong> vantagem da MDC está relacionadaà lamela posterior residual que encontramos em núcleos<strong>de</strong> maior dureza. Com as técnicas <strong>de</strong> fratura habituaisé freqüente a manutenção <strong>de</strong>sta lamela, que geragran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para o esvaziamento do saco capsulare cuja manipulação exagerada po<strong>de</strong> levar à ruptura dacápsula posterior ou diálise zonular. Com a MDC, o objetivoé <strong>de</strong>ixar a lamela posterior íntegra até os passosfinais <strong>de</strong> emulsificação do núcleo, funcionando inclusivecomo uma proteção extra à cápsula posterior (6) .Como os movimentos do chopper são centrífugos,e sempre há entre este e a borda da capsulorrexe umalamela <strong>de</strong> córtex e epinúcleo, é improvável a ocorrência<strong>de</strong> lesão da cápsula anterior, uma complicação conhecidados métodos que usam o chopper centrípetamente (7) .Pela mesma razão, associada ao uso da caneta <strong>de</strong>facoemulsificação com bisel para baixo e quase que limitadaao centro da área pupilar, esta torna-se uma opçãointeressante para casos <strong>de</strong> pupila pequena.Com relação ao tempo <strong>de</strong> ultra-som utilizado, nossotempo médio, excluindo os casos em que não foi necessárioo uso <strong>de</strong>ste, foi <strong>de</strong> 9,3 segundos. Embora a comparaçãoentre o tempo <strong>de</strong> ultra-som gasto entre diferentesaparelhos não seja algo confiável, notamos na literaturaque o tempo médio com as técnicas que utilizamsulco e mesmo na técnica <strong>de</strong> faco chop, é bem maior.Dada et al. relatam tempo médio <strong>de</strong> 61 segundos com atécnica <strong>de</strong> facoemulsificação “petalói<strong>de</strong>” em núcleos <strong>de</strong>dureza 4+ (8) . Vajpayee et al. relatam 27 segundos com atécnica <strong>de</strong> faco chop e 28 segundos com a <strong>de</strong> stop andchop (9) . Wong et al. utilizaram 17 segundos na faco chope 50 na dividir e conquistar (7) . Ram et al. usaram 54segundos na faco chop e 95 na fratura in situ (10) . Pirazzoliet al. 25 segundos na faco chop e 87 com a dividir econquistar (11) . Fine et al., utilizando a técnica <strong>de</strong> choochoo chop and flip, com diferentes aparelhos, conseguiramtempos efetivos médios que variaram <strong>de</strong> 2,65 a 16,36segundos nos diferentes grupos <strong>de</strong> dureza nuclear (5) .CONCLUSÃOFrente aos baixos índices <strong>de</strong> complicações, encontradosapenas nos casos iniciais, o baixo tempo <strong>de</strong>ultra-som efetivo e a boa recuperação da acuida<strong>de</strong> visual,concluímos que a MDC é uma técnica <strong>de</strong> tratamentodo núcleo <strong>de</strong> fácil aprendizado e com bons resultadosiniciais.O autor agra<strong>de</strong>ce ao Dr. <strong>Mar</strong>celo S. Freitas pelosconselhos que facilitaram o aprendizado da técnica, bemcomo pelas críticas ao trabalho inicial.SUMMARYPurpose: To evaluate the initial results with the learningof a new phacoemulsification technique – multiplecircumferential division of the nucleous. Methods: ARev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 87-91
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