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Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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72Schellini SA, Matai O, Shiratori C, <strong>Mar</strong>ques MEA, Junior BO, Padovani CRINTRODUÇÃOOcarcinoma espinocelular da conjuntiva (CEC)é uma lesão epitelial maligna da conjuntiva,cuja incidência varia <strong>de</strong> 1,7 a 2,8/100.000 habitantespor ano, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da região estudada, sendoconsi<strong>de</strong>rada a neoplasia mais comum da conjuntiva, tantonos Estados Unidos, (1) como também no nosso meio. (2-5)No Brasil, não existem dados precisos sobre a ocorrência<strong>de</strong>ste tumor. Alguns estudos revelam que a freqüência<strong>de</strong> tumores malignos conjuntivais está entre 2,6a 3,0 casos por ano, sendo a proporção <strong>de</strong> CEC <strong>de</strong> 44,7 a61,8%. (2-3)A variação <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> ocorrência po<strong>de</strong> estarcondicionada a uma associação <strong>de</strong> fatores, como: predisposiçãogenética, exposição solar, condiçõesambientais e estado imunológico do indivíduo. (1,6) É possívelque o Papilomavirus humano (HPV) tipos 16 e 18estejam relacionados <strong>de</strong>ntre os fatores predisponentesao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste tumor. (6-10)A exposição da conjuntiva ao ambiente externoe aos fatores agressores é que proporcionam a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stas lesões (5) , uma vez que aradiação ultravioleta (UV) (290-320 nm) <strong>de</strong>sempenhapapel <strong>de</strong> relevância na gênese do CEC, sendo apontadacomo um dos principais fatores etiológicos. (11)A prova disso é a redução da incidência <strong>de</strong> CECocular <strong>de</strong> 49,0% para cada aumento <strong>de</strong> 10 graus <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>,como constatado ao se comparar Uganda, com latitu<strong>de</strong><strong>de</strong> 0,3 e incidência <strong>de</strong> 12 casos/milhão/ano paramenos <strong>de</strong> 0,2 casos/milhão/ano no Reino Unido (latitu<strong>de</strong>> 50). (11) Assim, a radiação solar diminui com o aumentoda latitu<strong>de</strong>, e a incidência <strong>de</strong> CEC na conjuntivadiminui 29,0% por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução da exposiçãoUV. (11)O CEC caracteristicamente inva<strong>de</strong> muito mais asuperfície do que a profundida<strong>de</strong> (11) , consi<strong>de</strong>rando-se doponto <strong>de</strong> vista histológico o carcinoma “invasor” e aneoplasia intra-epitelial (NIC), também chamada <strong>de</strong>carcinoma in situ. Por este motivo, é importante aressecção ampla da lesão, associada à avaliaçãohistológica das margens.A taxa <strong>de</strong> recidiva é variável e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte datécnica cirúrgica, das condições das margens cirúrgicase do uso <strong>de</strong> terapias adjuvantes. A ressecção simplesparece estar relacionada com uma taxa <strong>de</strong> 24 até 50 %<strong>de</strong> recidiva. (1)Vários métodos têm sido empregados para o tratamentoadjuvante, como o uso da crioterapia, radioterapia,imunoterapia, uso <strong>de</strong> antimitóticos. A avaliaçãoda eficácia das opções terapêuticas adjuvantes é difícil<strong>de</strong> ser feita, uma vez que as condutas são muito heterogêneas.O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi analisar as característicasdos portadores <strong>de</strong> CEC da conjuntiva, assim como ataxa <strong>de</strong> recidiva pós-tratamento, em nosso meio.MÉTODOSForam analisados retrospectivamente 52 portadores<strong>de</strong> lesão epitelial maligna da conjuntiva, submetidosa exérese da lesão na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong>Botucatu – UNESP, no período <strong>de</strong> 1989 a 2003. Todos oscasos tiveram a comprovação do diagnóstico por examehistológico. O tratamento empregado foi a exérese dalesão, seguida da aplicação <strong>de</strong> radioterapia usandoStrôncio (Sr 90 ), na dose <strong>de</strong> 6000 rads, fracionados em 20sessões <strong>de</strong> 300 rads, para os pacientes em que houveacometimento das margens <strong>de</strong> ressecção cirúrgica.Foram analisados os dados como sexo, ida<strong>de</strong>, corda pele, tempo <strong>de</strong> aparecimento da lesão, tipo <strong>de</strong> lesão(invasor ou in situ), presença <strong>de</strong> recidiva e as característicasdos portadores <strong>de</strong> recidiva da lesão.Os dados obtidos foram avaliados segundo a Freqüência<strong>de</strong> Ocorrência para uma amostra.RESULTADOSA tabela 1 apresenta as características dos portadores<strong>de</strong> lesões epiteliais malignas da conjuntiva, assimcomo a evolução com o tratamento instituído.Dentre os 52 portadores estudados, 69,2% eramdo sexo masculino, com ida<strong>de</strong> variando <strong>de</strong> 28 a 88 anos(mediana <strong>de</strong> 61 anos), sendo a maioria (71,7%) <strong>de</strong> corbranca.A lesão havia sido percebida há 1 mês em 17,3%,entre 2 a 6 meses em 23,0% e há mais <strong>de</strong> 2 anos em17,1%.A análise histológica revelou 86,5% <strong>de</strong> CEC e13,5% <strong>de</strong> carcinoma in situ.As margens <strong>de</strong> ressecção cirúrgica estavam livres<strong>de</strong> tumor em 19,2% dos pacientes. Havia comprometimentoda margem <strong>de</strong> ressecção cirúrgica em 19,2%.Entretanto, na gran<strong>de</strong> maioria dos espécimes o materialestava impróprio para estudo das margens cirúrgicas.Em 34,6% dos pacientes não se utilizou terapiaadjuvante. A radioterapia foi indicada nos pacientes queapresentavam suspeita clínica <strong>de</strong> ressecção incompletaou constatada no exame histológico, tendo sido realizadaem 26,9% dos pacientes. Houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Rev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 71-76

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