Obstrução nasolacrimal congênita - diagnóstico131Figuras 6 e 7: Crianças com dacriocistite aguda. Na figura 6, compericistite e na 7, com celulite pré-septal.Figura 9 e 10: :Meningo-encefalocele fronto-etmoidal, afecção quefaz diferencial com dacrioestenose congênita. A criança apresentavaainda, úlcera <strong>de</strong> córnea à direita. O exame tomográfico mostra a<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> óssea fronto-etmoidal a esquerda.Figura 8:Dacriocistografiamostrando obstruçãobaixa à direita e viaspérveas à esquerda.leva à suspeita <strong>de</strong> dacrioestenose congênita.1)Exame externo: <strong>de</strong>ve principiar a propedêutica,quando é possível observar os olhos lacrimosos, às vezescom secreção (o que indica obstrução baixa), na presença<strong>de</strong> “olho calmo”. Os cílios po<strong>de</strong>m estar ume<strong>de</strong>cidos ea pele palpebral, eczematosa. Po<strong>de</strong> ou não havermucocele. Observar os pontos lacrimais - se presentesou ausentes, se há fístulas lacrimais (abertura da via lacrimalpara a pele; ocorre, em geral, sobre o trajeto davia excretora normal) ou se há abaulamento em topografiado saco lacrimal.2) Expressão do saco lacrimal – importante comprimira região do saco lacrimal para observar se hárefluxo <strong>de</strong> secreção. Caso ocorra, indica obstrução baixae dilatação do saco lacrimal.3) Teste <strong>de</strong> Mil<strong>de</strong>r (ou prova do <strong>de</strong>saparecimentoda fluoresceína) – é um exame bom por não ser invasivo.Porém, em crianças muito pequenas e/ou que choramapós a instilação, o teste po<strong>de</strong> ser dúbio.4) Dacriocistografia – importante para se constatarradiologicamente a presença <strong>de</strong> obstrução e documentara anatomia da região (15) (Fig.8). É nossa condutarealizá–la, sob anestesia geral, em todos os suspeitos <strong>de</strong>dacrioestenose congênita. Esta conduta permite fazer odiagnóstico e proce<strong>de</strong>r com o tratamento com um únicoato anestésico.5) Irrigação da VLE – quando não se dispõe <strong>de</strong>meios para estudo dacriocistográfico, a irrigação da vialacrimal po<strong>de</strong> ser útil. Utiliza–se fluoresceína diluídaem soro fisiológico ou outro corante inerte. Introduz-sepelos canalículos e recupera-se na cavida<strong>de</strong> nasal pormeio <strong>de</strong> aspirador conectado com sonda incolor. Casonão exista obstrução, o líquido amarelado é aspirado dafossa nasal ou da cavida<strong>de</strong> oral.6) Outra forma <strong>de</strong> se pesquisar a permeabilida<strong>de</strong>da VLE bastante útil, que não necessita <strong>de</strong> sedação ouanestesia, é a pesquisa do colírio <strong>de</strong> fluoresceína naorofaringe após a instilação ocular, usando uma espátulapara abaixamento da língua e luz <strong>de</strong> cobalto. (16)7) Cintilografia lacrimal – bom exame para verificara permeabilida<strong>de</strong> da via lacrimal em crianças. Tambémnão implica em necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anestesia geral parasua realização. Além disso, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação queo paciente recebe é infinitamente menor comparada coma dacriocistografia. Todavia, é um exame que forneceinformações funcionais da VLE, sendo <strong>de</strong> pouca utilida<strong>de</strong>para avaliação anatômica da via.8) Endoscopia nasal – po<strong>de</strong> fornecer subsídiosvaliosos para o tratamento, como a verificação <strong>de</strong>impactação do corneto no ducto, presença <strong>de</strong> mucocelenasal. (17) É possível observar a patência da via lacrimalobservando-se o corante sair pelo ducto ou presente nomeato inferior. Outrossim, necessita <strong>de</strong> sedação para suarealização.Diagnóstico diferencial:1) doenças oculares que causam lacrimejamentoativo;2) oftalmia neonatorum;3) alterações palpebrais, como o entrópio congênito(raro) ou o epibléfaro (mais comum);4) hemangioma, encefalocele (Fig.9);Rev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 128-132
132Schellini SA5) pseudo–obstrução, que são quadros <strong>de</strong> alergiasrespiratórias que cursam com epífora crônica e recorrente.Difere da obstrução congênita por ser a epíforamais tardia (começando entre 6 meses e 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>),alternando períodos <strong>de</strong> melhora e piora, que coinci<strong>de</strong>mcom as exacerbações do processo alérgico, acometemmais meninas (68, 2%) que meninos (31,8%). Narealida<strong>de</strong>, a via é pérvea, mas existe um obstáculo paraa drenagem lacrimal que leva à dilatação do saco lacrimal,po<strong>de</strong>ndo evoluir para obstrução verda<strong>de</strong>ira. (18)CONSIDERAÇÕES FINAISDas alterações congênitas que po<strong>de</strong>m ocorrer naVLE, a mais comum é a obstrução nasolacrimal congênita,afecção que acomete igualmente ambos os sexos etem uma tendência a resolução espontânea. É mister odiagnóstico correto afastando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doençasoculares que causem lacrimejamento ativo.Até este ponto, não existem muitas divergênciascom relação ao assunto. A questão que gera discussão eque vem sofrendo recentes mudanças é quanto à melhorépoca para realização do tratamento e como conduzi-lo.Preten<strong>de</strong>mos tratar <strong>de</strong>ste ponto em breve.SUMMARYThis article assembled the congenital lacrimal obstructionaccording embryology, clinical presentation, prope<strong>de</strong>uticexams and other differential anomalies.Keywords: Nasolacrimal duct/abnormalities; Nasolacrimalduct/embriology; Lacrimal apparatus/secretion;Lacrimal duct obstruction/therapy; Lacrimal ductobstruction diagnosis; Child.REFERÊNCIAS4. Schellini AS, Hoyama E, Rocha MC, Rugollo A Jr, PadovaniCR. Evaluation of lacrimal system outflow in the newborn bydye tests. Orbit. 2000; 19(3): 137-42.5. Paul TO. Medical management of congenital nasolacrimalduct obstruction. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1985;22(2):68-70.6. Nelson LB, Calhoun JH, Menduke H. Medical managementof congenital nasolacrimal duct obstruction. Pediatrics. 1985;76(2): 172-5.7. Zwaan J. Treatment of congenital nasolacrimal ductobstruction before and after the age of 1 year. OphthalmicSurg Lasers. 1997;28(11):932-6.8. MacEwen CJ, Young JD. Epiphora during the first year oflife. Eye. 1991; 5(Pt 5): 596-600.9. Petersen RA, Robb RM. The natural course of congenitalobstruction of the nasolacrimal duct. J Pediatr OphthalmolStrabismus. 1978; 15(4):246-50.10. Nucci P, Capoferri C, Alfarano R, Brancato R. Conservativemanagement of congenital nasolacrimal duct obstruction. JPediatr Ophthalmol Strabismus. 1989; 26(11): 39-43.11. Paul TO, Shepherd R. Congenital nasolacrimal ductobstruction: natural history and the timing of optimalintervention. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1994; 31(6):362-7. Review.12. Schellini SA, Gaiotto PC, Schellini RC, Silva MRBM. Obstruçãonasolacrimal congenital: diagnóstico e tratamento. RevBras Oftalmol. 1994; 53(5): 47-53.13. Noda S, Hayasaka S, Setogawa T. Congenital nasolacrimalduct obstruction in Japanese infants: its inci<strong>de</strong>nce andtreatment with massage. J Pediatr Ophthalmol Strabismus.1991; 28(1): 20-2.14. Soares EJC, França VP. Importância da dacriocistografia notratamento da obstrução lacrimal do recém-nascido. Arq BrasOftalmol. 1987; 50(6): 225-36.15. Dias AKG, Soccol O, Cunha M, Gomes JAP, Pinheiro RK,Peres MFP. Freqüência <strong>de</strong> obstrução congênita do ductonasolacrimal na Clínica Pediátrica da Santa Casa <strong>de</strong> SãoPaulo. Arq Bras Oftalmol. 1994; 57(2): 118-21.16. MacEwen CJ, Young JD, Barras CW, Ram B, White PS. Valueof nasal endoscopy and probing in the diagnosis andmanagement of children with congenital epiphora. Br JOphthalmol. 2001; 85(3): 314-8.17. 18. Schellini SA, Silva MRBM, Schellini RC. Pseudo-obstruçãonasolacrimal na infância. Arq Bras Oftalmol. 1994; 57(5): 348-51.1. Guerry D III, Kending EJ Jr. Congenital impatency of thenasolacrimal duct. Arch Ophthalmol 1948;39:193-294.ano não localizado2. Schaefer AJ, Cmpbell CB, Flanagan JC. Congenital LacrimalDisor<strong>de</strong>rs. In: Smith BC, Lisman RD, Nesi FA, Rocca RCD.Ophthalmic plastic and reconstructive surgery. St Louis:Mosby;1987. p.942-954.3. Cassidy TC. Developmental anatomy of the nasolacrimal duct.Arch Ophthalmol 1952;47:141-158.ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:Silvana Artioli SchelliniDep. Oft/Orl/Ccp - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong>Botucatu - UNESPCEP 18618-970 - Botucatu - São Pauloe-mail: sartioli@fmb.unesp.brRev Bras Oftalmol. 2005; 64 (2): 128-132
- Page 2:
RevistaBrasileira deOftalmologiaPUB
- Page 5 and 6:
6897 Comparação da eficácia do B
- Page 7 and 8:
70Anatomia patológica ocular e o e
- Page 9 and 10:
72Schellini SA, Matai O, Shiratori
- Page 11 and 12:
74Schellini SA, Matai O, Shiratori
- Page 13 and 14:
76Schellini SA, Matai O, Shiratori
- Page 15 and 16:
78Cukierman E, Boldrim TINTRODUÇÃ
- Page 17 and 18: 80 Cukierman E, Boldrim Tem 1 caso
- Page 19 and 20: 82Cukierman E, Boldrim TCONCLUSÃOE
- Page 21 and 22: 84 Freitas JAH, Freitas MMLH, Freit
- Page 23 and 24: 86Freitas JAH, Freitas MMLH, Freita
- Page 25 and 26: 88 Marback EFMÉTODOSForam estudado
- Page 27 and 28: 90 Marback EFDISCUSSÃONossos resul
- Page 29 and 30: 92ARTIGO ORIGINALPrincipais achados
- Page 31 and 32: 94Cruz LMAB.; Sacramento RS; Belfor
- Page 33 and 34: 96Cruz LMAB.; Sacramento RS; Belfor
- Page 35 and 36: 98 Guedes V, Colombini G, Pakter HM
- Page 37 and 38: 100 Guedes V, Colombini G, Pakter H
- Page 39 and 40: 102Guedes V, Colombini G, Pakter HM
- Page 41 and 42: 104Ribeiro BB, Figueiredo CR, Suzuk
- Page 43 and 44: 106Ribeiro BB, Figueiredo CR, Suzuk
- Page 45 and 46: 108Ribeiro BB, Figueiredo CR, Suzuk
- Page 47 and 48: 110Campos SBS, Guedes RCA, Costa BL
- Page 49 and 50: 112Campos SBS, Guedes RCA, Costa BL
- Page 51 and 52: 114Patrícia M. F. Marback, Eduardo
- Page 53 and 54: 116Patrícia M. F. Marback, Eduardo
- Page 55 and 56: 118Angelucci R, Santiago J, Neto VV
- Page 57 and 58: 120Angelucci R, Santiago J, Neto VV
- Page 59 and 60: 122 Roberta S Santos, Cláudia Tyll
- Page 61 and 62: 124Roberta S Santos, Cláudia Tyllm
- Page 63 and 64: 126Brasil OFM, Oliveira MVF, Moraes
- Page 65 and 66: 128ARTIGO DE REVISÃOObstrução na
- Page 67: 130Schellini SAFiguras 3 e 4: Obser
- Page 71: 134RevistaBrasileira deOftalmologia