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Branco sobre Branco – uma poética <strong>da</strong> sinceri<strong>da</strong>deMinha incapaci<strong>da</strong>de deprosseguir sem ser confessionalTherezaVisito minha mãe no Jardim BotânicoFaz 2 anos que ela morreuParece que faz uma vi<strong>da</strong>Tenho tanta sau<strong>da</strong>deDas conversasDo uisquinho, até do barulho nervoso do geloO excesso de uísque ajudou a matá-laPena que os excessos matemJá conheci quem morreu de amorDe excesso e faltaA árvore que eu e minha irmã escolhemos para depositar suasCinzas não tem na<strong>da</strong> de excepcionalÉ uma Tiliaceae <strong>da</strong> MalásiaEla me parece velhaFoi um descuido espalhar as cinzas numaÁrvore que pode tombar logoMesmo antes <strong>da</strong> minha morteMe parece um canto agradávelEla deve estar contente no céuEstou aqui na terraDepositar cinzas de cremação no Jardim BotânicoÉ proibido. Tirar fotos de casamento podeImagino se todos depositassem seus mortos noJardim Botânico assemelharia-se ao GangesTodo humano deveria passar uma tardeOlhando uma cremação no Rio Ganges, na ÍndiaDepois de pôr fogo no morto, com a presença <strong>da</strong>Família, com um pe<strong>da</strong>ço de pau dilaceram-se osOssos e o crânio que são muito resistentes aoFogo. Tudo é calmo e sagrado. As cinzas vão para o rioMinha mãe não sofreu muito ao morrerEu e minha irmã ficamos contidos. Nossa família éAssim. Fatalista. Já me falaram que é um resquícioAristocrático. Sempre nos orgulhamos <strong>da</strong>República. Em volta <strong>da</strong> Tiliaceae nasceram cogumelosCa<strong>da</strong> vez que visito minha mãe tem novi<strong>da</strong>deEm volta <strong>da</strong> árvore. Minha mãe está semprePresente e o chão sempre apresenta surpresasOs cogumelos formam um ajuntamento como uma ninha<strong>da</strong>Do meio salta uma flor! É <strong>da</strong> raça <strong>da</strong>s Therezas.NOTAS:1Fragmento do texto "Branco sobre branco - uma possível trajetória do CEP20000", apresentado no exame de qualificação de tese de Doutorado, na PUC-Rio,em agosto de 2006.2Ver sobre nudez alemã no romance Beijo na Poeira (Zarvos, 1990).3Sobre Berlim Ocidental antes <strong>da</strong> que<strong>da</strong> do muro, ver também Beijo na Poeira(Zarvos, 1990).4Jovens que recebiam o mínimo do governo para estudo universitário, segurodesempregoou outras facili<strong>da</strong>des, e vivem para viajar sem a preocupação deacúmulo de capital.5Roberto Athayde, dramaturgo, em depoimento à revista CEP 20.000 – Inventário(1990-2000) (CEP 20.000, 2000)6Leitura feita por Darcy Ribeiro em As Américas e a Civilização (Ribeiro, 1983).7O Globo, Rio de Janeiro, 03/06/2006.8Evento que originou o CEP 20.000, em que nomes canônicos se misturavam aatuantes do Baixo Gávea.9Onde aconteceram, entre abril e junho de 1990, os primeiros encontros do “TerçasPoéticas”.10Homenagem ao poema Lance de <strong>da</strong>dos, de Mallarmé.11Michel Melamed, poeta multimídia, em entrevista concedi<strong>da</strong> em 2005 para o filmeCEP 20.000, de Daniel Zarvos, lançado em 2006.16 ~ ~ 6.2 | 2007

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