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Dossiê DebateNo Brasil, o Barroco adquiriu o tom exacerbado, dramático, <strong>da</strong> contrareformae o estilo didático <strong>da</strong> catequese. O estreito elo entre o poder seculare o religioso é visível na exteriori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arquitetura <strong>da</strong> época, na predominância<strong>da</strong>s igrejas, capelas, conventos, colégios, ao lado de fortalezas e casasfortifica<strong>da</strong>s, edifícios administrativos e outras edificações exigi<strong>da</strong>s para aimplantação de um Governo-Geral, uma instituição centralizadora e forte.A arquitetura, arte maior – e tudo o que está a ela relacionado, comoornamentos, esculturas, pinturas –, é uma superfície privilegia<strong>da</strong> de leitura<strong>da</strong> época colonial e do predomínio de linhas de força – as instituições austeras,a inquisição –, mas também as linhas de fuga como, por exemplo, a emergênciade um Barroco desviante, viajante, nas Américas portuguesa e espanhola.Quais foram as motivações <strong>da</strong> escolha de Salvador para primeira capital?Quais as razões <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça para o Rio de Janeiro em 1763? Como sedesenvolveram as ci<strong>da</strong>des coloniais brasileiras? Comparações com outroscentros urbanos <strong>da</strong> mesma época – como Ouro Preto e Olin<strong>da</strong> – foramreveladores finos <strong>da</strong> regulari<strong>da</strong>de dos trânsitos e <strong>da</strong>s diferenças “regionais”entre as primeiras experiências urbanas no Brasil.Salvador foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre as ruínas de uma capitania que nãoprosperara, como se aprende nos livros didáticos. Seu donatário, FranciscoPereira Coutinho, fora morto por indígenas de Itaparica, e seu herdeirocedera os direitos, mediante indenização, à Coroa portuguesa, que fez <strong>da</strong>Bahia a primeira capitania real do Brasil. A necessi<strong>da</strong>de de ter mais controlesobre a exploração colonial, de <strong>da</strong>r assistência e suporte aos donatários,de estimular a ocupação de áreas vazias, de barrar os invasores estrangeirose de impor o domínio português no Brasil levou d. João III à decisão deinstituir, em 1548, o Governo-Geral, com sede em Salvador, que já possuiauma história desde 1501. Por que Salvador? Contaram para esta localização oacontecimento anteriormente referido, o fato de ter um núcleo de povoamento,a disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s terras devolutas, sua fertili<strong>da</strong>de, as condições portuáriasexcelentes, a localização geográfica quase ao centro do litoral povoado eentre duas capitanias prósperas e rentáveis, Pernambuco e Ilhéus.Salvador torna-se, assim, durante mais de dois séculos, a capital doBrasil. Entre 1549 e1650, as obras de arquitetura trazem uma fatura maisrústica e uma função pragmática clara, como as igrejas, capelas e colégios,construções jesuíticas. O número e a imponência desses edifícios sãoreveladores do elo entre arte e religião, reforçado pela instituição dopadroado, que faz dos religiosos funcionários do Estado português 4 .Também reveladores <strong>da</strong>s funções primeiras <strong>da</strong> arquitetura colonial são asbaterias de fortalezas, fortes, baluartes, assim como as casas de câmara ecadeira, os palácios, edifícios necessários à defesa e ao funcionamento <strong>da</strong>burocracia colonial.De 1650 até 1730, instala-se um novo gosto estético, mais exuberante,mais luxuoso, como revelado no convento de São Francisco, em Salvador,com sua facha<strong>da</strong> plateresca, seus painéis azulejares primorosos, que narramcenas e descrevem paisagens dos arredores de Lisboa antes do terremoto.Um terceiro momento pode ser pensado, tendo como corte os anos<strong>da</strong> décade de 1730, quando já se introduz no Barroco do Brasil um novoregime de imagens, outros modelos, como os provindos <strong>da</strong> Europa central,um estilo mais leve, derivando para o rococó, ou então, mais classicizante,colunas mais alonga<strong>da</strong>s, de influência italiana. O ano de 1759, <strong>da</strong>ta <strong>da</strong>expulsão dos jesuítas <strong>da</strong>s colonias pelo marquês de Pombal, marca tambémo início de um regime centralizador e autoritário que predominou nos trêsreinados, de d. João V, de d. José e d. Maria I. O período coincide com odo aparecimento de uma nova geração de ilustrados, educados na Europa,que possuíam um gosto estético refinado, mais contido e sóbrio.Por essa época, início do século XVIII, Salvador havia atingido um ápicede luxo e de riquezas, justamente quando o polo econômico <strong>da</strong> colônia jáse deslocava para o centro-sul, principalmente após a descoberta do ouronas Minas Gerais. Assim, o estudo sobre Salvador levou a textos maisdetalhados sobre o Barroco brasileiro que, por sua vez, revelaram itineráriosempíricos inesperados, como, por exemplo, a descoberta de uma intensarelação entre os centros urbanos que mais possuíam uma deman<strong>da</strong> detrabalho artístico, Salvador, Olin<strong>da</strong>, Rio de Janeiro e, posteriormente, asci<strong>da</strong>des do ciclo do ouro e do diamante em Minas Gerais, ci<strong>da</strong>des entreas quais os artistas viajavam com mais freqüência do que seria imaginávelem um momento em que os deslocamentos ain<strong>da</strong> eram longos e difíceis.Os resultados desse achado historiográfico revelam não a origem de umacivilização ou de um estilo, mas a itinerância, os caminhos percorridospelos personagens anônimos, pelos artistas que mal aparecem na históriaoficial e que são os portadores de saberes técnicos e estéticos até hoje parteimportante do patrimônio cultural brasileiro. Para essa etapa <strong>da</strong> pesquisa foifun<strong>da</strong>mental a produção intelectual dos autores modernistas que promoveramuma reinterpretação do Barroco e <strong>da</strong> arte colonial no Brasil (5). Essesclássicos trazem informações muito fecun<strong>da</strong>s para esta pesquisa, interessa<strong>da</strong>na itinerância, nos fluxos e no deslocamento de artistas e de idéias, comoa já referi<strong>da</strong> descoberta dos deslocamentos concretos de mestres como José~ 6.2 | 2007~ 85

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