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Dossiê Debatemodernas serão a principal referência também para os cosmopolitaslatino-americanos.A efervescência sócio-cultural e tecnológica <strong>da</strong>s metrópoles é um dostemas recorrentes dos primeiros modernismos e vanguar<strong>da</strong>s latino-americanos.To<strong>da</strong>s as novi<strong>da</strong>des que aparecem junto à ci<strong>da</strong>de moderna entram napoética vanguardista: tramways, cinematógrafos, publici<strong>da</strong>de, automóveis,até máquinas de costuras, esportes, <strong>da</strong>nças, figurinos ilustrados... E oscosmopolitas do mundo inteiro, ávidos por essas novi<strong>da</strong>des, dos gadgetse sonhos modernos <strong>da</strong> nova ci<strong>da</strong>de dirigirão o seu olhar para um lugar emparticular: Paris. Paris é a Meca dos artistas latino-americanos do início domodernismo, é a matriz de onde se originam todos os discursos cosmopolitas,é a fonte do que pode haver de mais heterogêneo nas culturas ocidentaisna vira<strong>da</strong> do século. Para Jorge Schwartz,Essa dependência cultural dos intelectuais latino-americanos que vêem Paris comomodelo, mito e meta, aparece defini<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte maneira por Horácio Quiroga,em seu Diario de viaje a París: “Para nós, pobres desterrados <strong>da</strong> supremaintelectuali<strong>da</strong>de, a visão de Paris é a nostalgia de um lugar que nunca vimos eque, hoje ou amanhã, nos leva a conhecer Paris (...).” Esse caráter mítico aparececorroborado por Darío, ao descrever sua chega<strong>da</strong> a Paris: “E eu ia conhecer Paris,realizar o maior anseio de minha vi<strong>da</strong>. E quando na estação Saint Lazare piseiterra parisiense julguei encontrar solo sagrado”. (SCHWARTZ, 1983, 14)Esta concepção de um Centro de onde emanam to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des<strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de e o qual todos têm de seguir para não correr o risco deestagnação, obsolescência e, sobretudo, provincianismo, é uma <strong>da</strong>s principaiscaracterísticas dos primórdios do modernismo na América Latina. Osintelectuais e artistas, tal qual as elites políticas, buscando numa longínqua(e idealiza<strong>da</strong>) metrópole o aval e as garantias para a sua afirmação no mundomoderno. (Não deixa de ser irônico que quanto mais autoconsciência deprovincianos, mais essa vontade de copiar, de não ser provincianos, deestar em Paris.)A partir do instante em que os primeiros modernistas (ou pré-modernistas)latino-americanos começam a se <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> transformação gradual desuas próprias ci<strong>da</strong>des em metrópoles modernas, em “Parises” de dimensõesmenores, mas comparáveis, a fascinação com o Centro continua e aparecemos paralelismos, as transferências e a<strong>da</strong>ptações de mitos urbanos europeus(parisienses em geral) para o cenário local. As ci<strong>da</strong>des latino-americanasvêem surgir os seus flâneurs, que esbarram em dândis e demoiselles muitochics, passeando em recém-inaugurados bulevares ou galerias com o últimomodelo do figurino, esperando a hora do chá para entrar em elegantescafés. A tecnologia começa a estar ao alcance de uma parcela maior <strong>da</strong>população urbana. A vivência dessas conquistas <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de alteraprofun<strong>da</strong>mente não só o cotidiano <strong>da</strong>s pessoas (pessoas abasta<strong>da</strong>s, valeressaltar), como também instiga novas maneiras de pensar e intervir sobrea reali<strong>da</strong>de, em termos artísticos, inclusive. As linguagens adquirem umrepertório inédito, renovam-se, rompem com o passado. Nesse primeiromomento, a técnica, a mo<strong>da</strong> e um acentuado esteticismo ocupam o centro<strong>da</strong>s atenções neste renovado repertório. A “descoberta” <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>dena América Latina significa um impulso de otimismo tecnológico e social,a crença absoluta na lógica ocidental do progresso (esse viés otimista dosprimeiros “modernos” latino-americanos vai estar mais evidente em cronistas,nos diários de viagem e nos prosistas mais leves).Porém, a consciência <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de e o advento de movimentos devanguar<strong>da</strong> latino-americanos significaram também uma nova maneira deconceber a identi<strong>da</strong>de nacional e resultaram numa revisão dos valoresculturais próprios ao subcontinente. Ou seja, depois desse primeiro estágiode identificação total com a metrópole, as vanguar<strong>da</strong>s latino-americanaspassam a buscar na combinação urbani<strong>da</strong>de moderna, transnacional etecnológica, e nas raízes nacionais e populares a receita de uma moderni<strong>da</strong>dee modernismos estritamente “originais”.La tendencia modernizadora de la racionali<strong>da</strong>d metropolitana usa lo nuevocomo categoría de exportación, para que la red periférica se ponga al día enmateria de nove<strong>da</strong>des y suscriba — dependientemente— su dogma centralistade progresso. Esta red periférica, en su conformación latino-americana, recibelo nuevo como categoría escindi<strong>da</strong> que le habla de sus propios descalces deidenti<strong>da</strong>d entre pasado y presente, entre universalismo y regionalismo, entredependencia y autonomía. (RICHARD in BELLUZZO, 186)É exatamente a tensão entre esses elementos que define uma espéciede novo marco zero — como no título de uma <strong>da</strong>s últimas obras de Oswaldde Andrade — (embora o marco zero latino-americano, ao contrário desua contraparte européia não poderia prescindir do passado — mesmo~ 6.2 | 2007~ 61

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