O trabalho pastoral típico desse ambiente eclesial é a divulgação e práticadas devoções antigas, desde o rosário mariano, a mais popular das orações católicas, aterços de invocações criadas, suscitadas por pequenos grupos que descobrem algumafundamentação de uma prática dessas e as divulgam como a mais eficaz das oraçõespara obter o desejado.A rigidez caricatural é mais bem percebida na moral. Desde as vestes,posturas, ideias e ambientes frequentados, tudo é marcado pela negação do corpo e umafuga do mundo, com um cuidado para não se contaminar com as coisas e pessoaspervertidas, tanto dentro como fora da Igreja.Os mais extremos chegam a se opor ao Vaticano II, como se fosse umainfidelidade da Igreja ao evangelho. Outros pensam que o Concílio foi traído, que seaderiu a muitas novidades do tempo presente em nome do diálogo e se desviou daessência cristã, devendo-se, portanto, retornar às coisas passadas.1.3.2.2 Ambiente libertadorEsse segundo ambiente eclesial é próprio da Igreja na América Latina.Imediatamente após o Concílio Vaticano II, a pastoral católica possuía esse rosto e hojeé numericamente menos expressivo, porém não cessam com suas contribuições, quetimidamente contagiam o habitat de fé católico 41 .Há uma preocupação em conjugar fé e vida, de forma que a fé deve levar auma vivência de valores próprios e um engajamento na luta por melhores condições,com um teor crítico e profético da sociedade, gerando um compromisso com os maisdesassistidos, com a luta por libertação e com uma “opção preferencial pelos pobres”, ogrande mote da ação libertadora.As celebrações são caracterizadas pela inculturação e a liberdade criativa denovos gestos considerando as culturas diferentes e as camadas mais populares com suassofridas experiências levadas à oração. A beleza litúrgica não se encontra numaobediência rubricista, mas na vivência comunitária da liturgia, na integração de todos nacelebração e na vinculação com o compromisso social.41 “Apesar de todos os contratempos, as CEBs continuam vivas, crescendo e organizando seus encontrosintereclesiais. Exemplo disso é a realização, em 2009, do XII Intereclesial na Arquidiocese de PortoVelho, no estado de Rondônia. Esse vigor respalda o cenário. Seu crescimento menos espetacular, masainda consistente, permite que a Igreja se estruture numa linha libertadora”. LIBANIO, João Batista.Cenários da Igreja: num mundo plural e fragmentado. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2009, p. 153.32
As Comunidades Eclesiais de Base, a grande expressão pastoral desseambiente eclesial, tiveram seu grande fervor na década de setenta 42 . Entretanto, elassofrem uma desaceleração, desde a década de oitenta, por causa das observações doVaticano sobre a Teologia da Libertação e outras políticas eclesiásticas que visavampodar os exageros. Isso gerou um descrédito por parte de alguns bispos, padres e outraslideranças da Igreja, rejeitando algumas características dessa pastoral, preferindo outrapostura, fechando-se, às vezes, ao compromisso social, ao engajamento político e àsnovas expressões de vivência da fé cristã.Muitas pastorais sociais perderam seu vigor e as poucas que continuamfirmes sentem as dificuldades de caminhar numa contramão cultural. Estas esbarram nafalta de contingência e nas estruturas eclesiais que não compartilham um processo dealgumas pastorais sociais. Soma-se a isso, o descrédito à política, cujas várias pastoraisse relacionam, e a falta de consciência de uma participação social efetiva.Enfim, a chama libertadora fumega sem tantas lenhas, mas ainda aquece opresente ambiente eclesial brasileiro. Os tempos parecem indicar outros moldes para aIgreja, sem rejeitar os muitos elementos de inovação com a correção de vários exagerosde práticas tão avançadas que rompiam a comunhão eclesial.1.3.2.3 Ambiente carismáticoCom as muitas derivações ocorridas em seu processo histórico no Brasil, aRenovação Carismática Católica marcou o catolicismo neste país, de maneira que hoje,a experiência pentecostal é bem conhecida e expansiva na sociedade brasileira.Esse ambiente corresponde mais ao momento cultural que vivemos 43 .Observamos a busca por experiências fortes, apoiadas nos sentimentos e quecorrespondam ao desejo de tranquilizar as angústias e outras inquietações. Aespiritualidade carismática satisfaz a esse anseio contemporâneo e à atual necessidadede sagrado.42 Pedro Rubens analisa as comunidades eclesiais em três momentos correspondentes às três décadas:RUBENS, 2008, p. 76-87.43 LIBANIO, 2009, p. 57. LIBANIO, João Batista. Os carismas na Igreja do terceiro milênio:discernimento, desafios e práxis. São Paulo: Loyola, 2007, p. 248. Martín Velasco apresenta os NovosMovimentos com resposta e sintoma do mal estar religioso dos nossos tempos: MARTÍN VELASCO,Juan. El malestar religioso de nuestra cultura. Madrid: Paulinas, 1993, p. 53-79.33
- Page 1 and 2: Marcus Aurélio Alves MareanoCONFES
- Page 4 and 5: RESUMOO trabalho apresenta a atual
- Page 6 and 7: SIGLAS E ABREVIATURASAA: Apostolica
- Page 8 and 9: 2.2 Os problemas comunitários ....
- Page 10 and 11: INTRODUÇÃOEis uma resposta aos cl
- Page 12 and 13: Espírito Santo, por meio do qual n
- Page 14 and 15: CAPÍTULO IA REDESCOBERTA DO ESPÍR
- Page 16 and 17: e se tornando um grande cenáculo a
- Page 18 and 19: No outono de 1966, vários desses j
- Page 20 and 21: experiência e desde então, em mei
- Page 22 and 23: Pe. Haroldo Rahm era formador de um
- Page 25 and 26: fundamentalistas e intimistas da B
- Page 27 and 28: A CNBB se preocupou com essa realid
- Page 29 and 30: pós-moderna e outros deles gerados
- Page 31: 1.3.2 Os diversos ambientes eclesia
- Page 35 and 36: 1.4 Uma avaliaçãoOs tempos são d
- Page 37 and 38: CAPÍTULO II1COR 12,1-3É tarefa da
- Page 39 and 40: ela, mas na casa de um convertido d
- Page 41 and 42: 2.2.2 A procura por sabedoriaA sabe
- Page 43 and 44: Por outro lado, havia também o out
- Page 45 and 46: 2.2.6 O problema da ressurreição
- Page 47 and 48: anqueteavam enquanto os pobres fami
- Page 49 and 50: O capítulo 12 forma um bloco temá
- Page 51 and 52: como profh,thj, é o inspirado por
- Page 53 and 54: esse motivo, Paulo contrapõe-se, i
- Page 55 and 56: 2.5.2 Comentário à perícopeEsta
- Page 57 and 58: A expressão “ídolos mudos”, d
- Page 59 and 60: versículo, Jesus é o anatematizad
- Page 61 and 62: orientações práticas que corresp
- Page 63 and 64: CAPÍTULO IIIA REALIDADE ECLESIAL
- Page 65 and 66: Paulo, primeiramente, afirma a nece
- Page 67 and 68: Enfim, como a própria perícope in
- Page 69 and 70: põe o cristão como servidor de to
- Page 71 and 72: enefícios de renovação para a Ig
- Page 73 and 74: 3.2.1 Os riscosDesde o início, os
- Page 75 and 76: pessoal ou status eclesial. Se no i
- Page 77 and 78: Santo Agostinho é o responsável p
- Page 79 and 80: Espírito procede do Pai e do Filho
- Page 81 and 82: ealiza a obra de Cristo, na constru
- Page 83 and 84:
Louis Bouyer dedica uma importante
- Page 85 and 86:
e XII de sua principal obra sobre o
- Page 87 and 88:
mostra a condição da confissão d
- Page 89 and 90:
A realidade eclesial brasileira, qu
- Page 91 and 92:
definitivo (2Cor 1,22; 5,5; Ef 1,13
- Page 93 and 94:
Por conseguinte, a santidade é a c
- Page 95 and 96:
______. Uma análise de conjuntura
- Page 97 and 98:
LIBANIO, João Batista. Reino de De
- Page 99:
SUENENS, L. (coord.). Orientações