um conhecimento do amor de Deus, falta o substrato de uma sólida catequese sobre oser cristão e o que de fato faz alguém portar essa dignidade.Outros ainda vêm de uma vivência profunda de pecado, de contatos comdrogas, perversões sexuais, vícios e um tipo de vida sem sentido. A partir desseencontro com o ressuscitado, por meio do Espírito Santo, optam por um seguimentoradical de Jesus Cristo e abandonam decididamente o passado pecaminoso. O empenhocom o qual participam e testemunham a própria conversão confirma a autenticidade doencontro com Deus, contudo as inúmeras experiências negativas precisam sertrabalhadas e ressignificadas à luz do Evangelho, para solidificar o segmento e purificaras empolgações.Há ainda um “paganismo” presente na nossa realidade eclesial, sem serespecificamente do movimento carismático. Trata-se das assimilações de costumes epráticas religiosas não-cristãs divulgadas, principalmente, com intenções comerciais.Proliferam diversos tipos de novenas e práticas devocionais que não levam a Cristo,mas escravizam as pessoas ou infantilizam o processo de amadurecimento da fé.Outro costume pagão, relacionado a este, é a mentalidade neoliberal nareligião e a influência da teologia da prosperidade em âmbito católico. O sagrado écomercializado, seja por meio da cobrança de altos estipêndios pelos serviços religiososou pelas novas formas de simonia: água e terra da Terra Santa, imagem que rezasozinha, correntes de oração, óleo bento para curar enfermos etc. Todas essas práticaspossui a mentalidade de barganha de Deus, que é uma idolatria.O idólatra modela para si deuses ou diviniza objetos ou pessoas para própriasatisfação e adoração. Absolutiza-se o relativo e relativiza-se o absoluto, gerando umaescravidão de si mesmo e das coisas, pois há um fechamento à dimensão transcendentalde todo ser humano. Pessoas, situações e bens materiais ou espirituais são exemplos deídolos atuais em nossa realidade eclesial.O Espírito Santo é o promotor da liberdade de Cristo em nós: “é paraliberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1); “Vós fostes chamados à liberdade” (Gl5,13). Portanto, onde age o Espírito Santo, é onde há verdadeira liberdade, que é a vidaem comunhão com Cristo e o Pai, expressa no amor ao próximo (cf. 1Jo 4,20-21), que68
põe o cristão como servidor de todos no amor e ao mesmo tempo livre de tudo porreconhecer que a única coisa que lhe basta é o amor.Eis o distintivo cristão: em meio a uma cultura idólatra e egoísta, apresentar,com a vivência da fé em Cristo, que ser livre é servir e não depender de nenhuma coisapara própria felicidade, senão do próprio Deus.3.1.3 Anátema JesusNinguém falando inspirado pelo Espírito Santo pode dizer: “anátema sejaJesus”. Esse primeiro critério de autenticidade da ação do Espírito Santo nos faz pensarnos tipos de anátemas atuais e como isso ocorre na realidade eclesial do Brasil.Essa palavra traduz para o grego o hebraico ~r,xe, que significa aquilo queestá separado por causa (da vontade) de Deus, seja por ação humana ou por intervençãodivina 8 . Na perícope examinada, o sentido da palavra “anátema” é o de maldito,excomungado e excluído da relação com Deus. Sob a óptica desse sentido na perícope,pensamos em quais situações ou de que formas Jesus é maldito.É difícil perceber explicitamente uma proclamação como essa, ainda maisnum país de costumes cristãos. Entretanto, veladamente, Jesus é anatematizado pormeio das pessoas excluídas da comunidade (cf. Mt 25,40.45), devido a um mododiferente de crer ou pensar a fé, ou devido à classe social ou à raça.Exemplo disso é a mútua exclusão entre “carismáticos” e “libertadores” 9 .Por causa de uma determinada maneira de experimentar e crer em Deus, ambos serejeitaram (ainda se rejeitam) mutuamente, arrogando para si a verdadeira forma deseguimento de Jesus Cristo. A atitude excludente e prepotente nunca é inspirada peloEspírito Santo.8 Cf. VIGOUROUX, 1926, p. 545-550. Sobre o uso do anátema na história da Igreja: VACANT, A.Anathème. In: VACANT, A. Dictionnaire de Théologie Catholique. Tomo I. Paris: Letouzey, 1923, p.1168-1171.9 Cf. BOFF, Cl, 2000, p. 49-53. O autor percebe o confronto e aponta para uma convergência: “é precisoreconhecer que aconteceram e ainda acontecem conflitos, às vezes muito sofridos, nas relações entre RCCe CEBs. Mas os conflitos precisam ser tratados e não simplesmente reprimidos ou- pior ainda-suprimidos.Sem dúvida, „espirituais‟ e „comprometidos‟ têm suas tentações específicas e seus limites próprios. Masnem por isso uns ou outros podem ser simplesmente proibidos (aliás, em vão), mas sim devem sercorrigidos fraternalmente. (...) Arrancados de perspectivas diferentes e às vezes sem perceber ouconfessar, a RCC e a TdL estão se aproximando uma da outra” (p. 51).69
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