Deus, paralelo à nomeação hebraica de Adonai, usado pelos judeus de língua semita 80 .Como Paulo tinha essa base religiosa, bem como muitos de seus interlocutores, osprimeiros escritos do Novo Testamento dedicavam esse atributo a Jesus, semjustificativas, pressupondo que os ouvintes sabiam a conotação do termo 81 .Paulo explicita a experiência fundamental de todo cristão, em contraposiçãoà idolatria, antes de falar propriamente dos carismas, que são complementares a esseaspecto essencial. A confissão de fé demonstra o critério de verificação da açãoautêntica ou falsa do Espírito.Confessar Jesus como Senhor é efeito de uma ação do Espírito Santo e nãode uma capacidade do crente. O Espírito conduz a Jesus e a seu reconhecimento comoSenhor, da mesma forma que nos faz filhos no Filho e nos inspira clamar por Deuscomo Abbá (Rm 8,15; Gl 4,6).2.6 Paulo falou aos coríntiosAnalisando a situação eclesial hodierna no Brasil, encontramos na perícopeapresentada (1Cor 12,1-3) um farol para nortear uma reflexão e responder às instigaçõescom as quais nos defrontamos na pastoral.Paulo é alguém que nos serve de testemunha no seguimento de Cristo. Deperseguidor dos cristãos se torna um deles, e eminente entre eles, como grandecolaborador da graça de Deus e dilatador da mensagem evangélica em contextosvisitados e evangelizados por ele mesmo. Isso se deve a sua singular experiência com oRessuscitado, por quem ele considera tudo como perda diante desse bem (cf. Fl 3,8) eque provoca nele um zelo pastoral capaz de doar a própria vida por essa causa.Somente com um cuidado pastoral e um coração inflamado de caridade parao próximo, como Paulo, podemos ousar responder a tantos desafios. A Igreja no Brasilestá contagiada com fenômenos pentecostais questionáveis e carece de critérios e novas80 “Sin embargo, podemos afirmar: entre los judíos palestinenses de los siglos anteriores al cristianismoexistia una costumbre incipiente de referirse a Dios llamándole „(el) Señor‟ (...) Aunque ninguno de estosejemplos demuestra que yhwh era traducido por kýrios, sin embargo, indica al menos para los judíospalestinenses, no era „inconcebible‟ llamar Dios Señor a Dios”. FITZMYER, J. Kýrios. Em: BALZ, H.;SCHNEIDER, G. Diccionario Exegetico del Nuevo Testamento. Vol. I. Salamanca: Sigueme, 1996, p.2437-2448, aqui p. 2443.81 Cf. HURTADO, L. Senhor. In: HAWTHORNE, G. et al. Dicionário de Paulo e suas cartas. São Paulo:Loyola, 2008, p. 1147-1158.60
orientações práticas que correspondam aos novos apelos que sentimos nos ambienteseclesiais. Da mesma maneira como em Corinto, nos tempos de Paulo, observavam-seignorâncias em relação às autênticas manifestações do Espírito Santo, temos hoje umcontexto semelhante, onde essas palavras paulinas têm algo para dizer.O início da perícope demonstra que os coríntios precisavam de instruções arespeito do caráter cristão da experiência com Deus. Não bastavam as frenéticas mostrasde fenômenos e a elevada sabedoria se não acompanhasse uma confissão de fé, pois oEspírito conduz a isso e este é o critério de discernimento entre a verdadeira e falsa açãodo Espírito Santo. Como ontem, hoje ainda urgem aprofundamentos acerca dos donsespirituais e do agir divino em nós e na humanidade, pois ainda somos ignorantes.Paulo tem o cuidado de não abandonar a comunidade em meio aos conflitospróprios surgidos com a novidade da fé em Cristo. O passado pagão dos coríntios aindaestava presente e se percebia nas práticas dos membros da comunidade, o que tambémverificamos em relação ao uso dos dons do Espírito Santo 82 . A esse respeito, deveriamagir diferencialmente, para que tivesse consequências especificamente cristãs na vida deum fiel. Assim também, como tantos que reconhecem a Cristo e saem de uma fénominal para um engajamento sincero, há de se resplandecer o elemento autenticamentecristão.Para isso, a confissão do senhorio de Jesus é o critério de discernimento, quese percebe em quem fala no Espírito Santo. Tal confissão não é só de palavras, mas,sobretudo com atos concretos (cf. 1Jo 3,18), pois a ortodoxia é ortopraxia e a incidênciado que se crê, é comprovada na vivência prática da fé confessada. Do mesmo modo,quem fala sob a moção do Espírito Santo não pode proferir um anátema a Jesus equando observamos tantas proclamações dessas é devido à inspiração de outro espíritoque não é o de Cristo.Paulo, como nós nos nossos dias, esteve diante desses e de outros desafios.Ele respondeu adequadamente a partir da autocomunicação de Deus e ajuda-nos a82 “La fascination par l‟expérience spectaculaire était seulement une maladie de la foi, une rechute dans lepaganisme (1Cor 12,2). La conviction chrétienne normale, celle que l‟apôtre avait d‟embléecommuniquée aux Corinthiens, celle qui avait modelé leur vie cultuelle dans sa diversité, c‟est que lepneuma inspire de paroles diverses, parmi lesquelles se situent la glossolalie et la prophétie”(CHEVALLIER, 1966, p. 174).61
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