Com esta antítese, responde-se ao “como” da ressurreição, apresentando acorporeidade como condição da ressurreição e caracterizando-a como uma realidadepneumática, radicalmente distinta da presente realidade corruptível.2.2.7 A condição socialNuma cidade desenvolvida e metropolitana, a desigualdade entre ricos epobres era verificável 29 . A comunidade cristã se formava majoritariamente por menosfavorecidos socialmente 30 (1,26), sejam escravos ou livres (7,21-24; 12,13).Alguns de condição social melhor ajudavam a evangelização e amanutenção da igreja; seus nomes são citados no Novo Testamento 31 e são para Paulomotivos de gratidão. O casal Áquila e Priscila que acolhiam a comunidade na própriacasa (1Cor 16,19); Erasto, um ecônomo (oivkono,moj) ou alto funcionário (Rm 16,23;2Tm 4,20); Gaio, um dos poucos batizados por Paulo, que o hospedou na comunidadede Corinto (1Cor 1,14; Rm 16,23); Crispo, chefe da sinagoga de Corinto, que seconverteu e influenciou a muitos(At 18,8); Febe (Rm 16,1-2); Estéfanas, servidor daigreja (1Cor 16,15). A organização da coleta para comunidade de Jerusalém (16,1-4) eas condições para manter missionários (9,1-7), confirmam a presença de cristãos comrecursos financeiros 32 .Essas classes sociais se encontravam e em alguns momentos divergiam. Ascelebrações litúrgicas evidenciavam a desigualdade social (11,17-22), os ricos se29 “Pode-se, portanto, concluir que as desigualdades socioeconômicas, típicas da grande metrópole grega,repetiam-se na mesma proporção dentro da igreja: uma minoria de cristãos de média e alta posição, e umamaioria de pobres e miseráveis” (BARBAGLIO, 1989, p. 151).30 “ „Não há entre vós nem muitos sábios aos olhos dos homens, nem muitos poderosos, nem muita gentede família distinta‟ (1Cor 1,26). Apesar das tentativas sutis de encontrar nessas palavras a descrição deagrupamentos filosóficos específicos, o bom senso exige a interpretação sociológica. Os „sábios‟ são osinstruídos e, em especial, os com fama de prudência e moderação, que demonstram sólida capacidadecrítica na política ou no comércio. Os „poderosos‟ são os influentes, os que têm opinião de peso na vidacívica. Os „de família distinta‟ são os nascidos na aristocracia da riqueza criada pelos libertos enviadospor Júlio César para fundar Corinto”. (MURPHY-O‟CON<strong>NO</strong>R, 2000, p. 277).31 “Sabemos mais sobre a composição da Igreja coríntia que qualquer outra, exceto a de Roma. É o únicocaso em que Paulo nos diz algo sobre a estrutura social do grupo. Os nomes de muitos indivíduos podemser obtidos em 1Coríntios, Romanos e Atos”. (MURPHY-O‟CON<strong>NO</strong>R, 2000, p. 277).32 “I dati, per altro abbastanza ricchi se confrontati con quelli riferibili ad altre comunità apoline, sonoanche significativi, ma non ci permettono de tracciare un preciso diagramma della composizionesociologica della chiesa de Corinto. Sembra di dover comunque superare la categoria sociologicamoderna di classe, perché „diversi fattori concorrevano, nell‟antichità, a stabilire lo status sociale di unapersona o di un gruppo‟”. BARBAGLIO, Giuseppe. La prima lettera ai Corinzi. Bologna: Dehoniane,1996, p. 35.46
anqueteavam enquanto os pobres famintos eram excluídos da participação dacomunhão fraterna. Assim, Paulo recomenda aos coríntios que partilhem suas posses emprol da coleta comunitária (16,2).A partir de dados da carta aos coríntios, deduz-se que as reuniõescomunitárias mantinham traços de semelhança com o patronato típico da sociedaderomana 33 . Em Corinto, cidade romana, os cristãos ricos dispunham de sua casa para asreuniões, favorecendo os próprios amigos e clientes, excluindo os pobres e gerando umaestratificação social.2.3 A CartaPercebidos a fundação e os problemas da comunidade, focalizamos naprópria carta que é nosso objeto de pesquisa. Consideradas as circunstâncias, aautenticidade paulina e a data desse escrito acima apresentados, passamos à estrutura.Em 1Cor, há uma composição em blocos temáticos conforme o conteúdo.Os capítulos 1–4 tratam da divisão da igreja de Corinto em partidos; nos capítulos 5–6são apresentados os problemas morais; o capítulo 7 responde às questões sexuais; 8,1-11,1 trata do problema das carnes sacrificadas aos ídolos; 11,2-34 apresenta umarepreensão aos comportamentos negativos na assembleia comunitária; os capítulos 12–14 orientam acerca das manifestações espirituais; a ressurreição é o tema do capítulo 15;e, no fim, um epílogo com instruções particulares, exortações, saudações e votos (16,1-24) encerra a carta 34 .Sob outra perspectiva, a estrutura da carta também se percebe porconcentrações lexicais que marcam as temáticas dos discursos 35 . O primeiro termo queaparece conjuntamente com outros, diz respeito ao tema das divisões (sci,smata) nacomunidade (1,10; 11,18; 12,25). Com essa mesma intenção, aparece o apelo à unidade(1,10; 10,17; 12,12-13), como também a terminologia que expressa a experiênciaministerial: apóstolo (1,1; 9,1-2; 15,9), proclamadores do evangelho (4,9; 9,5; 12,28.29;15,7), diáconos/diaconia (3,5; 12,5; 16,15), administradores (4,1-2; 9,17), entre outros.33 FABRIS, Rinaldo. Prima lettera ai Corinzi. Milano: Paoline, 1999, p. 27.34 BARBAGLIO, 1996, p. 49.35 “La struttura della lettera può essere individuata anche grazie al rilevamento di alcune concentrazionilessicali che segnalano la trama tematica del discorso” (FABRIS, 1999, p. 17). O autor apresenta outrosexemplos e uma maior quantidade de dados a respeito de cada termo, como também um esquema maisdetalhado da carta do que o acima apresentado, entretanto sem discordâncias.47
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