CONCLUSÃONo trabalho que aqui encerramos, observamos a realidade eclesial brasileira,analisamos 1Cor 12,1-3 e aplicamos esse texto às nossas percepções da realidade.Entretanto, o labor teológico não é apenas levantar dados e ter atenção às aparências,mas ver além destas e lançar luzes no obscuro.Diante do que percebemos e analisamos, de tantas questões levantadas e daatual conjuntura eclesial, o que isso fala de Deus? Ou ainda: o que Deus fala a essasrealidades? A tarefa da teologia, depois do longo processo, é tentar responder essas duasquestões.Num ambiente plurifacetado e carismaticamente contagiado, há sinais deDeus. Com isso, não queremos abafar os problemas e crises que atravessamos, masexpressar a certeza de que a barca da Igreja não está abandonada na travessia até o portoseguro. A sede de Deus e a busca por saciedade espiritual é notável nas pessoas com asquais nos encontramos, seja nas pastorais, seja em âmbitos extraeclesiais. Há umrenovado compromisso evangélico e empenho na evangelização: inúmeros institutos devida consagrada, vocações diversificadas, esforços por diálogos com diferentes camadasda sociedade etc. Tais fatos e inúmeros outros nos levam a concluir que Deus age muitoalém do nosso querer e de nossas limitadas perspectivas.A palavra-ação de Deus é a do agricultor em relação a sua vinha (cf. Jo15,1-17). O convite de Deus é o da permanência em Cristo (verdadeira videira), paraque, enquanto ramos, nós produzamos frutos e sejamos podados para produzir maisfrutos ainda. Se não há permanência em Cristo, estamos como galhos secos, devendoser cortados, lançados fora e queimados. Entretanto, não basta ouvir a palavra de Deus,mas por em prática seu mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo15,12). Só o amor, entendido biblicamente, transforma o caos em ordem, destinandotoda nossa realidade ao seu zênite.88
A realidade eclesial brasileira, que observamos e descrevemos no decursodesse trabalho, contém uma enorme chance para o Evangelho. As diversas correntesinternas à Igreja e as variadas tendências devem se unir em prol do objetivo comum e dameta própria de todos. A diversidade que enriquece o cenário brasileiro, mais que umproblema, é um dom e uma árdua tarefa para comunhão desejada por Cristo (cf. Jo17,20-21). Nos diversos rostos vistos na eclesialidade brasileira, deve sobressair umúnico rosto, o de Cristo. Se não vemos Cristo, não é a Igreja que vemos.Relacionamos essa realidade eclesial com a comunidade de Corinto notempo de Paulo, a fim de encontrarmos, na sua primeira correspondência, critériosnorteadores para a situação pela qual passamos. Os capítulos 12–14 são uma respostapaulina ao carismatismo e a perícope 1Cor 12,1-3, que introduz o bloco literário, dá-noso juízo crítico fundamental: “Ninguém pode dizer: „Jesus é Senhor‟, a não ser noEspírito Santo” (1Cor 12,3). A ação do Espírito Santo, que os coríntios julgavampossuir, conduz à profissão de fé em Jesus. Do contrário, não é o Espírito Santo quemage e os coríntios ainda são arrastados para os ídolos mudos, como antes da fé emCristo.Para Paulo, o Espírito Santo dado aos cristãos é sempre de Deus (Rm8,9.11; 1Cor 2,11; 3,16) e associado ao Senhor Jesus ressuscitado, por isso é chamado“Espírito de Cristo” ou “Espírito do Filho de Deus”(Rm 8,9; Gl 4,6) 1 . Especificamente,a partir do trecho bíblico trabalhado, vemos que o Espírito remete a Cristo, oressuscitado e exaltado pelo Pai na força do Espírito Santo. Entretanto, isso nãosignifica a aquisição de uma glória mundana, mas a participação no seu mistério total,inclusive a cruz e o sofrimento redentor (1Cor 2,1-16; 2Cor 4,7-18), que testemunham asuprema entrega de amor de Deus pela humanidade (Rm 5,8). A configuração a Cristo,que é ação do Espírito, comporta a renúncia de si e o carregar a cruz de cada dia (cf. Mc8,34).1 Paulo nunca fala que Deus dá espíritos (plural) para os fiéis, o Espírito representa Deus presente entreseu povo. Paulo também não discorre diretamente sobre a personalidade do Espírito, mas o descreve comcaracterísticas pessoais: guia os fiéis (Gl 5,18; Rm 8,14), revela o mistério do Evangelho (1Cor 2,6-16; Ef3,5) e ajuda os fiéis na oração (Gl 4,6; Rm 8,15.26-27). Cf. PAIGE, T. Espírito Santo. In:HAWTHORNE, G. et al. Dicionário de Paulo e suas cartas. São Paulo: Loyola, 2008, p. 484-495. Sobrea peculiaridade da pneumatologia paulina: KÄSEMANN, E. Perspectivas paulinas. 2. ed. São Paulo:Paulus, 2003, p.195-198.89
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