Outro indicativo de proclamação do senhorio de Jesus é o anúncio doquerigma cristão, do qual Paulo é exímio arauto 12 . A preocupação do pregadorcarismático não é com a evolução da história do dogma nem com as heresias acerca deCristo, mas, por meio de uma linguagem simples e objetiva, anunciar Jesus Cristo quemorreu e ressuscitou por nós, para nossa salvação. Esse evento não nos convence sópelas leituras disponíveis ou por conclusões lógicas, mas o experimentamos por meio daação do Espírito Santo em nós.A aclamação “Jesus é o Senhor” tem também um contexto litúrgico 13 .Embora tenha se tornado profissão de fé das primeiras comunidades, o ambiente deformação dessa proclamação é a celebração comunitária. Da mesma forma, na nossaatual situação, observamos certo zelo pela liturgia da Igreja, atenção às orações eassimilação do mistério celebrado, que gera a confissão do senhorio de Jesus. Apesar dealguns exageros e abusos em assembleias carismáticas, a liturgia é um evento deexperiência com Deus e gerador de compromisso de fé, como para os coríntios.Conforme o princípio paulino: “Ninguém pode dizer: „Jesus é Senhor‟, anão ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3), concluímos assim que há verdadeiramente aação do Espírito Santo no nosso contexto brasileiro, porque o senhorio de Jesus estásendo confessado, não só com os lábios, mas com verdadeiras atitudes visíveis.3.2 Uma tentativa de contribuição pastoralO texto bíblico nos instiga a contribuir com propostas para a realidadepastoral da Igreja no Brasil. Embora bem contagiada com o movimento carismático, apastoral é mais que um movimento específico, de forma que nossa abordagem, tendocomo objeto um movimento, ajuda também a diversos outros segmentos eclesiais.12 “A mensagem paulina concentrava-se na pessoa de Cristo (Gl 1,16), especificamente, „um Messiascrucificado‟ (1Cor 1,23) e ressuscitado dos mortos (1Cor 15,12; cf. At 13,30-37;17,31). O conteúdo desua mensagem é descrito por uma variedade de termos como „palavras de fé‟ (Rm 10,8)”. MOUNCE, R.Pregação, querigma. In: HAWTHORNE, G. et al. Dicionário de Paulo e suas cartas. São Paulo: Loyola,2008, p. 997-1000, aqui p. 997. Cf. DODD, C. O Querigma primitivo. Revista Bíblica Brasileira,Fortaleza, v. 2, n. 2, p. 37-66, abr./jun. 1985.13 “Talvez a referência mais antiga à aclamação de Cristo no ambiente do culto cristão seja 1Cor 12,3.Aqui, em meio a uma extensa análise do comportamento apropriado no culto cristão (1Cor 11,14), Paulose refere à aclamação kyrios Iesous e a atribui à obra do Espírito Santo nos fieis cristãos”. (HURTADO,2008, p. 1152).72
3.2.1 Os riscosDesde o início, os riscos do movimento carismático eram observados demaneira receosa por muitos. Não faltaram preocupações com a novidade brotada nosEstados Unidos e chegada ao Brasil.Um destacável risco dessa espiritualidade é o emocionalismo 14 . Como aexperiência pentecostal comove pela força das palavras, gestos e símbolos, convém umaorientação adequada para a passagem do sentimental para o teologal, a fim de fazer comque o dom das lágrimas e a euforia de uma nova descoberta amadureçam e reflitam umautêntico encontro com Deus, gerando vida nova, que se expressa na compaixãofraterna. O excesso das emoções como resposta pessoal a Deus desvirtua a fé e provocadúvidas quanto ao equilíbrio emocional da pessoa 15 .Embora a experiência com Deus seja pessoal, ela não pode ser individualistaou intimista, deve-se abrir à dimensão eclesial 16 . A experiência pessoal, se nãocorresponde à fé vivida e transmitida na Igreja, torna-se apenas autossugestão psíquica ecriação de um deus para validar as próprias condutas e aspirações, provocando umdelírio passageiro. Quando alguém, que tem uma experiência com Deus, atravessa uma“noite escura”, verifica a confiança em Deus mesmo, mais do que em suas própriasmoções.Como hoje os carismáticos ainda se expandem e têm a credibilidade doslíderes católicos, há o risco de certa acomodação e perda de dinamismo. É verdade que,o carisma para continuar a existir, necessita de uma institucionalização que o sustente,mas nunca se deve perder do horizonte o caráter de “renovação” que o movimentopentecostal traz à Igreja, atingindo sutilmente as diversas esferas eclesiais etransmitindo o entusiasmo de uma vivência contínua de Pentecostes. Caso haja a14 Cf. SMET, Walter. Eu faço um mundo novo. São Paulo: Loyola, 1978, p. 167-173.15 SUENENS, L. (coord.). Orientações teológicas e pastorais sobre a Renovação Carismática Católica.São Paulo: Loyola, 1975, p. 48.16 “Os que se comprometeram com a Renovação dão se conta de que foram introduzidos, comoindivíduos e como comunidade, numa relação de fé com Deus, experiência que gera neles „um sentidomais vivo de Deus‟ (Gaudium et Spes 7). O caráter social dessa experiência com Deus (1Cor 14,24),manifesta a natureza eclesial dos carismas, por um lado, se relacionam com as estruturas internas da vidada Igreja e com seu ministério, e por outro, com a experiência pessoal” (SUENENS, 1975, p. 10).73
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