pregação cristã tem seu efeito pela ação do Espírito Santo e a fé gerada não se deve auma sabedoria humana, mas à força de Deus 16 .Paulo usa a formulação “sabedoria de Deus” para descrever Cristo e seuplano salvador. Deus preparou de tal maneira a ordem das coisas, que não secompreende por mera sabedoria humana. Cristo é a sabedoria divina personificada, quepor sua cruz anuncia ao mundo a loucura da sabedoria humana e se faz poder de Deuspara os que creem 17 .2.2.3 As imoralidadesA característica de Corinto enquanto cidade grega do império romano era depresença de inúmeras imoralidades, inclusive de ordem sexual.Um caso digno da reprovação de Paulo é o de um cristão que viveincestuosamente com sua madrasta (5,1-13). Esse fato é indecoroso e inadmissível atémesmo entre os pagãos (5,1), entretanto a comunidade se vangloria da libertinagem efica indiferente em vez de corrigir e eliminar do âmbito comunitário 18 .Esse caso é reflexo de um laxismo moral típico de Corinto, consequência daostentação de um tipo de liberdade e autonomia, que proclamava como uma espécie deslogan: “tudo me é permitido” (pa,nta moi e;xestin) (6,12). O sexo era visto de maneirapuramente material, como o ato de se alimentar 19 . A libertinagem sexual predominavana comunidade e corrompia a conduta cristã.O corpo 20 , como lugar da sexualidade (6,18;7,4), não deve ser marcado pelafornicação, pois o crente pertence ao Senhor com todo seu corpo e se torna o corpo deCristo (6,15). A corporeidade é o lugar onde a fé é visível, por conseguinte, o corpo nãofica à disposição arbitrária de alguém, mas é templo do Espírito Santo e destinado a serlugar de glorificação (6,20).16 SCHNELLE, 2010, p. 247.17 SCHNABEL, E. Sabedoria. In: HAWTHORNE, G. et al. Dicionário de Paulo e suas cartas. São Paulo:Loyola, 2008, p. 1117-1125, aqui p. 1121.18 SCHNELLE, 2010, p. 257.19 BARBAGLIO, 1989, p. 141.20 “Paulo, por sua vez, utiliza sw/ma como termo abrangente do self humano. Exatamente porque o serhumano tem um corpo e é um corpo, o ato salvífico de Deus em Jesus Cristo abrange e determina o corpoe, dessa maneira, a existência e história concretas do ser humano”. (SCHNELLE, 2010, p 258).42
Por outro lado, havia também o outro extremo da abstinência sexual, comoum ideal de vida angélica e uma expressão de liberdade do eu espiritual desencarnado(7,1-11). Os casados esqueciam os respectivos cônjuges, os noivos abandonavam seucompromisso e os solteiros eram incentivados a viverem assim. Ou seja, o celibato setornara uma norma rígida e expressão de uma vivência destinada a todos.Embora Paulo deseje que muitos escolham o caminho do celibato, elereconhece que nem todos têm esse dom (7,7). Quem pode viver essa ascese sexual,abrace essa possibilidade como expressão da verdadeira liberdade cristã; porém quemnão resiste aos apetites sexuais, escolha o casamento como âmbito da realização naturalda sexualidade (7,8.25-58).2.2.4 As práticas pagãsMuitos membros da comunidade queriam continuar com práticas antigas,desde que pertenciam ao paganismo e não se importavam tanto com a nova maneira deviver configurados a Cristo.Alguns coríntios continuavam se alimentando de carnes sacrificadas aosídolos vendidas nos açougues públicos e participando de ritos e banquetes pagãos (1Cor8–10). Os imaturos na fé, recém-convertidos, viam nesses atos uma sedução para recairna idolatria, enquanto os mais antigos na comunidade se preocupavam com umasatisfação pessoal e não se importavam com o escândalo que causava aos mais débeis 21 .As celebrações eucarísticas também manifestavam as rupturas comunitáriase a incompreensão daquela ceia. Havia uma confusão no sentido eucarístico daquelareunião, que se tronara uma consumação de comidas e bebidas por parte dos ricos, comexclusão dos mais pobres. O problema não era tanto o rito eucarístico, mas aconsequência efetiva da celebração que deveria ser a ágape fraterna.A identidade religiosa se relacionava com a identidade social 22 , de modoque Paulo exige, na aceitação da nova fé, uma mudança também na conduta,abandonando seus costumes tradicionais. A fé em Cristo, não é reconciliável com asvariadas práticas pagãs.21 BARBAGLIO, 1989, p. 142.22 SCHNELLE, 2010, p. 252.43
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