acomodação e o contentamento com o número de participantes, o movimentocarismático perde sua razão de ser na Igreja 17 .Outro risco que ronda tanto as pessoas particulares como os grupos e omovimento em geral é a prepotência e a vaidade de se sentirem superiores aos outros 18 .São elogiáveis as diversas qualidades do movimento carismático e de uma pessoasinceramente ligada ao movimento, porém tanto o movimento quanto a pessoa tem quese reconhecer membro de um corpo e que, em relação com os outros membros, faz ocorpo funcionar bem 19 . Graças ao esforço de integração que o movimento teve nosúltimos quatro decênios, a Renovação Carismática não se tornou uma seita, perigo queainda cerca alguns novos grupos mais radicais e neoconservadores.Quanto às questões mais particulares, por exemplo, os pedidos por cura,orações de libertação, interpretação da Bíblia, excessos nas celebrações litúrgicas etc.,devem ser observadas e orientadas a partir do seu contexto e problemas específicos,visando sempre uma maturação no proceder com os dons do Espírito Santo.3.2.2 As exigênciasVisto alguns riscos presentes na atual conjuntura do movimento carismáticono Brasil, pensamos também nas exigências para que este continue semeando ecolhendo na lavoura, que é a Igreja no Brasil.Da parte do movimento, há de se continuar pensando e discernindo seupapel na Igreja do Brasil. Deve-se atentar para a dificuldade de congregar as diversasexpressões de grupos ou pessoas que se dizem “carismáticos”, mas não observam acaminhada e as diretrizes do movimento e usam esse adjetivo como uma promoção17 Comentando a respeito das comunidades de inspiração carismática, Libanio escreve: “Vivemos omomento de entusiasmo inicial. Só o tempo nos dirá as que continuarão, em que nível a rotinização e ainstitucionalização atenuarão o ardor carismático e quais desaparecerão na voragem do tempo. Os ricospertencem a toda obra humana que nasce cheia do espírito, que enfrenta a tentação da sectarização ou odesafio do tempo, da continuidade sem perder o carisma. Realizarão tanto mais o Reino de Deus quantomelhor equilibrarem o duplo pólo do carisma e da encarnação na vida real”. LIBANIO, João Batista.Reino de Deus e os Novos Movimentos Eclesiais na América Latina. Communio, Sevilla, v. 24, n. 2, p.223-232, junho 2007, aqui p. 231.18 Benigno Juanes, falando acerca dos carismas, aponta três perigos para os carismáticos: o iluminismo, osubjetivismo e a apropriação dos carismas. Cf. JUANES, 1994, p. 119-121.19 A CNBB deu orientações práticas a esse respeito no seu documento sobre a Renovação Carismática:CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, 1994, p. 17-19.74
pessoal ou status eclesial. Se no início do movimento usar os carismas era umanovidade para se propagar, hoje é uma realidade para se cuidar e podar os excessos.Da parte dos pastores da Igreja, devem continuar as orientações e oacompanhamento atento. A CNBB já dispôs um bispo para se responsabilizar pelaorientação da Renovação Carismática 20 , entretanto há problemas particulares, quebispos, párocos e outras lideranças se deparam por diversas causas. Independentementede simpatia ou antipatia ao movimento, é preciso cuidar e promover a comunhão naparcela do povo de Deus confiada a um determinado curador.Quanto ao compromisso com os mais pobres, exigência reclamada desde oinício do movimento, deve-se continuar o testemunho de autêntica solidariedade cristã,seja por meio das diversas obras sociais (clínicas de recuperação de drogados, abrigospara crianças e idosos etc.) ou por trabalhos específicos (campanhas de donativos,visitas a hospitais, “sopões” etc.), que são meios de evangelização mais eficazes que asmuitas pregações. As atividades sociais não podem ser apenas uma resposta às críticasfeitas, mas uma dimensão inerente à fé cristã e um reflexo do reconhecimento de Deusno próximo 21 .O empenho no ecumenismo e no diálogo inter-religioso por parte domovimento carismático é mais perceptível em outros países do que no Brasil. Essatarefa da Igreja, assumida com mais comprometimento a partir do Vaticano II, é umaesfera para a qual os carismáticos podem contribuir enormemente, pois a experiênciapentecostal é comum a católicos e protestantes. Da mesma forma, podem-se encontrarinúmeros pontos de convergência para o diálogo com outras tradições religiosas.Enfim, a exigência de maior excelência é a da comunhão eclesial e a doamor fraterno, critério de autenticidade de seguimento a Jesus Cristo, professado sobmoção do Espírito Santo. Observando esses quesitos, todos os outros serão observados,pois o compromisso é mútuo entre os fieis e pastores, entre os grupos e a hierarquia eentre os diversos carismas na Igreja.20 Conforme o próprio documento de orientação pastoral para Renovação Carismática: CONFERÊNCIANACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, 1994, p. 17.21 Sobre o compromisso social como consequência dos grupos de oração: JUANES, 1994, p. 275-287.75
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