2.1 O surgimento da comunidadeO relato de At 18,1-17 apresenta a chegada de Paulo em Corinto, depois deuma atuação em Filipos, Tessalônica, Bereia e Atenas 1 . Essa nova fase da missãoacontece em torno de duas cidades: Corinto, na Grécia, e Éfeso, na Ásia Menor. A fécristã se defronta com um novo ambiente, pois Paulo é obrigado a abandonar assinagogas, devido às hostilidades judaicas, e a se dirigir aos “profanos”.A cidade de Corinto fora destruída pelos romanos em 146 aC, mas forareconstruída por César em 44 dC e alcançara um esplendor notável como capital daprovíncia senatorial da Acaia desde 27 aC 2 . A posição geográfica entre os mares Egeu eAdriático favorecia o encontro de culturas diferentes, por isso possuía um portocomercial de expressivo destaque e era considerada uma das principais metrópoles domundo grego, propiciando um enriquecimento com o intercâmbio comercial e gerando,em contrapartida, desigualdade de classes 3 . Entretanto, a fama da cidade é a vidadissoluta de seus habitantes 4 simbolizada pelo templo de Afrodite, a deusa do amor,onde hieródulas prestavam serviços.Conforme At 18,11, Paulo ficou em Corinto por um período de um ano emeio anunciando o Evangelho primeiramente nas sinagogas, até os judeus se oporem,depois aos pagãos, florescendo uma das comunidades mais vivas e sólidas do princípioda fé cristã. Paulo foi auxiliado pelo casal Áquila e Priscila e os companheiros Timóteoe Silas, que organizaram a comunidade não mais na sinagoga, pois havia rompido com1 FABRIS, Rinaldo. Os Atos dos Apóstolos. São Paulo: Loyola, 1991, p. 337-343. Sobre os detalhes daviagem de Paulo de Atenas a Corinto: MURPHY-O‟CON<strong>NO</strong>R, Jerome. Paulo: biografia crítica. SãoPaulo: Loyola, 2000, p. 263-266.2 BARBAGLIO, Giuseppe. As cartas de Paulo I. São Paulo: Loyola, 1989, p. 135. SCHNELLE, Udo.Paulo: vida e pensamento. Santo André: Academia Cristã, 2010, p. 237. BECKER, J. Apóstolo Paulo,vida, obra e teologia. Santo André: Academia Cristã, 2007, p. 213-214.3 “As escavações trouxeram à luz traços inequívocos de luxo e riqueza, mas é também historicamentecerta a presença de estratos sociais pobres e explorados, em particular os escravos e os trabalhadores doporto. Os que enriqueceram com o intenso tráfico comercial e os miseráveis representavam, porém,apenas as extremidades de um tecido social que abrigava também uma classe média formada por artesãose pelos empregados da administração pública” (BARBAGLIO, 1989, p. 136).4 “Em vista da fama da cidade, Aristófanes chegou a inventar a palavra korinthiazesthai („agir como umcoríntio‟, isto é, „cometer adultério‟). Platão usou a expressão „garota coríntia‟ como eufemismo paraprostituta. E, embora sua exatidão histórica seja questionável, o relato de Estrabão, segundo o qual haviamil prostitutas no templo de Afrodite, reflete a imagem da cidade, na qual muitos templosdesempenhavam um papel no teor imoral de sua vida”. HAFEMANN, S. Coríntios, carta aos. In:HAWTHORNE, G. et al. Dicionário de Paulo e suas cartas. São Paulo: Loyola, 2008, p. 270-289, aqui p.281.38
ela, mas na casa de um convertido do paganismo, de nome Justo, cuja localização eracontígua à sinagoga.O bom êxito da nova estratégia de Paulo o colocou frente a umrepresentante do império romano, o procônsul Galião, que ofereceu aos cristãos umlibelo político, desconsiderando a tentativa judaica de acusação dos cristãos de ummovimento religioso ilegal. A intervenção de Galião provocou o espancamento deSóstenes, chefe da Sinagoga, ratificando a ruptura da comunidade cristã com ojudaísmo 5 .Após sua estadia na comunidade, Paulo recebeu algumas informações e lhesescreve uma carta anterior 6 a 1Cor, da qual pouco se sabe e a partir da qual houve umaresposta da comunidade 7 questionando Paulo a respeito de problemas concretos da vidacristã, aos quais o apóstolo responde no nosso texto canônico 8 . Outras informações,Paulo teve dos familiares de Cloé (1,11) e de Estéfanas, Fortunato e Acaico (16,17-18).A comunidade se estruturava em vários grupos domésticos 9 . Há relatos dereuniões e formação de igreja na casa de Estéfanas (1Cor 1,16; 16,15), Áquila e Priscila(1Cor 16,19) e Erasto e Gaio (Rm 16,23), além de momentos nos quais a comunidadeinteira se congregava (1Cor 14,23). Essa forma de organização favoreceu os problemasposteriores de divisões e partidos no interior da igreja de Corinto.Diante das alarmantes situações devido a sua ausência, Paulo escreve deÉfeso à comunidade de Corinto por volta de 53 ou 54 dC 10 .5 O gesto de Paulo em At 18,6-7 já demonstra a ruptura e a culpa judaica nisso, quando ele repete a frase:“que vosso sangue recaia sobre vossas cabeças”, que é uma fórmula protocolar desde o AntigoTestamento (cf. 2Sm 1,16; 1Rs 2,33). Ver também: FABRIS, 1991, p. 340.6 “Eu vos escrevi em minha carta...” (1Cor 5,9).7 “Passemos aos pontos sobre os quais me escrevestes” (1Cor 7,1).8 Matrimônio e celibato (7,1), as virgens (7,25), as carnes oferecidas aos ídolos (8,1), os donscarismáticos (12,1), a coleta em favor dos cristãos de Jerusalém (16,1). Esses temas são marcados peloinício com a forma (a respeito de) peri. de. . .9 SCHNELLE, 2010, p 238.10 A autenticidade paulina desta carta não é contestada, com exceção de poucos trechos que algunsbiblistas afirmam ser interpolações não-paulinas. A unidade também não se contesta, apesar das diversastemáticas justapostas, que demonstram as respostas de Paulo à variedade de problemas e questões trazidasa ele. Quanto à datação, os principais comentadores situam nesses anos. Cf. HAFEMANN, 2008, p. 270-289. Sobre a discussão acerca da unidade da primeira carta aos coríntios: BECKER, 2007, p. 269-283.39
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