PETRÓLEO E ESTADO
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Capítulo 20 - O marco regulatório do Pré-Sal 239<br />
Agência Petrobras<br />
Tipo especial de tubulação de aço (steel lazy wave riser), utilizado em águas profundas, por onde passa produção de petróleo e gás dos poços até a plataforma<br />
Na ponta da broca<br />
O caminho percorrido até o anúncio das descobertas<br />
do pré-sal remonta a uma saga exploratória iniciada<br />
em 2000, na Segunda Rodada de Licitações de Petróleo<br />
e Gás da ANP, na qual a Petrobras arrematou<br />
quatro blocos na bacia de Santos, em quatro consórcios<br />
diferentes, com as empresas Chevron, Shell,<br />
Petrogal, British Gas e Repsol, pelo valor total de<br />
R$ 352 milhões. O programa exploratório<br />
mínimo de cada bloco para a fase de exploração<br />
foi estimado em US$ 5 milhões (cerca de R$ 11<br />
milhões, pela cotação do dólar a R$ 2,25). 390<br />
A bacia de Santos era, então, considerada uma fronteira<br />
exploratória. A Petrobras havia sondado a região<br />
em décadas passadas, mas os investimentos da empresa<br />
na região foram concentrados na produção e<br />
não na exploração. Naquele início de década, porém,<br />
o cenário estava mudando. Com a abertura da competição<br />
no setor e a diminuição de suas reservas, a<br />
Petrobras estabeleceu metas exploratórias para conquistar<br />
novas áreas. 391 O sofisticado programa de dados<br />
sísmicos em 3D levou dois anos para gerar o mapeamento<br />
que apontaria o potencial petrolífero entre<br />
5 e 7 mil metros de profundidade, a 300 quilômetros<br />
da costa. Os desafios tecnológicos eram imensos. O<br />
recorde mundial de perfuração – até então, da própria<br />
Petrobras – era de 1.800 metros. E não se sabia<br />
como a camada de sal se comportaria.<br />
Depois de treinar equipes e testar equipamentos, a<br />
Petrobras enviou um navio-sonda ao campo de Parati,<br />
em dezembro de 2004. As primeiras perfurações,<br />
em rochas do pós-sal, foram malsucedidas. Decidiu-<br />
-se, então, perfurar as rochas do pré-sal. A equipe encontrou<br />
500 metros de basalto, rocha duríssima que<br />
fica normalmente no fundo dos reservatórios. Atravessar<br />
o basalto foi um trabalho que demorou meses.<br />
As brocas, contratadas por aluguel diário em torno<br />
de R$ 1,1 milhão, quebravam, aumentando o atraso e<br />
os custos. Mais de US$ 100 milhões haviam sido desembolsados,<br />
em meados de 2005, pelas empresas<br />
Petrobras, Chevron e British Gas.<br />
Finalmente, em agosto de 2005, foram encontrados<br />
os primeiros indícios de petróleo no pré-sal na Bacia<br />
de Santos, no bloco BM-S-10 – Parati. A partir dali,<br />
as descobertas foram se sucedendo. Em julho<br />
de 2006 foi encontrada uma jazida de óleo leve<br />
no bloco BM-S-11 – Tupi, e outra em setembro de<br />
2007, no bloco BM-S-9 – Carioca. Ainda naquele<br />
ano, a Petrobras encontraria duas jazidas no pré-<br />
-sal da Bacia de Campos: em Caxaréu e Pirambu.<br />
A conclusão das análises de Tupi, em novembro<br />
daquele ano, coroou o esforço exploratório da<br />
Petrobras e parceiras.<br />
390. AGÊNCIA NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong>, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (Brasil). Resultados da Segunda Rodada de Licitações. Rio de<br />
Janeiro, [2000]. Disponível em: .<br />
391. DIEGUEZ, 2009, p. 30.