PETRÓLEO E ESTADO
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80 Petróleo e Estado<br />
CAPÍTULO 7<br />
IMPACTOS DA SEGUNDA<br />
GUERRA MUNDIAL<br />
Independência energética entra na pauta das discussões nacionais<br />
Jornal do Brasil, 23 de agosto de 1942/CPDoc JB.<br />
Após sucessivos ataques a navios mercantes brasileiros por forças do Eixo, o país declarou guerra em 22 de agosto de 1942<br />
Em 1939, muito antes da entrada do Brasil na Segunda<br />
Guerra Mundial (o que só ocorreria no final te na pauta das discussões nacionais.<br />
independência energética entrava definitivamen-<br />
de agosto de 1942), esse conflito já afetava a vida<br />
dos brasileiros. Um dos setores mais atingidos foi Uma das alternativas adotadas para atender à demanda<br />
de consumo foi adaptar os veículos movi-<br />
o do petróleo e seus derivados, pois a redução<br />
das exportações pelos países produtores comprometeu<br />
gravemente os transportes em todo gasogênio, aparelho em forma de tubo, colocado<br />
dos a gasolina para que eles pudessem utilizar o<br />
o território nacional. O perigo iminente de desabastecimento<br />
interno provocado pelo conflito pota, e que produzia gás combustível através da<br />
na parte traseira dos veículos ou por cima da ca-<br />
despertou o País para o risco de depender quase queima de lenha ou carvão. Já em 1941 começaram<br />
a circular em São Paulo os primeiros ônibus<br />
exclusivamente do combustível importado. Mais<br />
do que nunca, a guerra deixava clara a importância<br />
estratégica do petróleo, sobretudo no que diz alvo de inúmeras críticas, inclusive de membros<br />
movidos a gasogênio. Essa solução, porém, foi<br />
respeito à segurança nacional, e a necessidade de do governo, que ora se apegavam a questões estéticas,<br />
ora enfatizavam a perda de potência do<br />
motor. Muitos diziam também que a manutenção<br />
do luxo dos ricos custava a destruição de reservas<br />
florestais e prejudicava o fornecimento de carvão<br />
para casas e indústrias.<br />
Críticas à parte, o gasogênio isoladamente não<br />
resolveria o problema do abastecimento e o CNP<br />
buscava implantar ações mais amplas. Era preciso<br />
aumentar os estoques de petróleo importado,<br />
incentivando-se a construção de novos tanques.<br />
Neste sentido, foi decretado 137 que os importadores<br />
deveriam manter obrigatoriamente um estoque<br />
mínimo equivalente a 15% do volume total importado<br />
no ano anterior, o que naturalmente gerou a<br />
construção de novos tanques. Este movimento, no<br />
entanto, enfrentou dificuldades, pois as construções<br />
dependiam de material importado que se tornara<br />
de fundamental importância para a indústria<br />
bélica. Havia também resistências em setores da<br />
própria administração pública, que não facilitavam<br />
a importação dos materiais necessários ou mesmo<br />
a sua instalação, considerando que isso atenderia<br />
ao interesse das grandes companhias estrangeiras.<br />
137. BRASIL. Decreto nº 4.071, de 12 de maio de 1939. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 12 maio 1939.