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PETRÓLEO E ESTADO

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82 Petróleo e Estado<br />

A guerra fez ressaltar também a carência de navios-tanque:<br />

a frota brasileira tinha apenas 14 navios,<br />

com uma capacidade de transporte de apenas<br />

63.440 toneladas, e ficaria ainda menor com<br />

a venda do navio Aurora, autorizada pelo governo<br />

brasileiro, “atendendo ao que solicitara o governo<br />

americano, [...] a fim de ser empregado no transporte<br />

de gasolina de aviação, necessária aos serviços<br />

de guerra daquele país”. 138 Embora fosse o<br />

navio-tanque de menor capacidade de toda a frota<br />

– apenas 440 toneladas –, o Aurora vinha sendo<br />

usado no suprimento de gasolina, querosene e<br />

óleo diesel a granel nos portos gaúchos de Pelotas<br />

e Porto Alegre. A pequena frota comprometia ainda<br />

mais o abastecimento, porque as licenças para<br />

a importação do petróleo tiveram que ser condicionadas<br />

à capacidade de transporte disponível.<br />

Houve, assim, uma sensível redução destas autorizações<br />

que, além de tudo, ainda eram repartidas<br />

pelo CNP entre todos os interessados.<br />

Medidas atenuantes, como a importação de gasolina<br />

e óleos produzidos por uma pequena refinaria<br />

da banda oriental do Peru, pelo rio Amazonas,<br />

além de insuficientes para melhorar o abastecimento,<br />

não ajudavam a resolver o problema da<br />

alta de preços provocada pelas sucessivas elevações<br />

nos fretes – internacionais e de cabotagem<br />

– e pelos valores pagos como seguro de guerra.<br />

As dificuldades aumentariam ainda mais em 1942,<br />

quando submarinos alemães impuseram forte<br />

bloqueio ao comércio marítimo no oceano Atlântico.<br />

No início do ano, o governo norte-americano<br />

comunicou a Vargas que a necessidade de combustível<br />

para atender às tropas aliadas forçara a<br />

limitação no número de navios-tanque destinados<br />

ao fornecimento de petróleo para a América<br />

do Sul. Logo em seguida, Washington anunciava<br />

a drástica redução na exportação para o Brasil de<br />

produtos refinados, tendo em vista o agravamento<br />

da situação. Era necessário implementar medidas<br />

efetivas que reduzissem o consumo de petróleo.<br />

Durante a<br />

2ª Guerra Mundial,<br />

foi necessário<br />

adotar medidas<br />

drásticas para<br />

reduzir o consumo<br />

de petróleo.<br />

que fosse ele adicionado à gasolina, se o seu comércio<br />

se conservasse livre”. 139<br />

Em 7 de maio, Getúlio Vargas assinou decreto<br />

instituindo o racionamento do consumo do petróleo<br />

e seus derivados e conferindo ao CNP plenos<br />

poderes para assegurar, em todo o território<br />

nacional, o abastecimento e o racionamento do<br />

consumo de petróleo. 140 Quatro dias mais tarde, o<br />

Conselho aprovava uma série de recomendações<br />

à Prefeitura do Distrito Federal para redução do<br />

consumo de combustíveis, que iam desde a retirada<br />

de linhas de ônibus até a exigência do uso<br />

de gasogênio em caminhões para transporte de<br />

cargas. Além disso, o Instituto do Açúcar e do Álcool<br />

(IAA) concordava em aumentar de 20 para<br />

30% a cota de álcool, mas estava se esgotando o<br />

estoque de óleo combustível no Distrito Federal e,<br />

a partir de julho, gasolina e álcool passaram a ser<br />

misturados em partes iguais.<br />

Mais uma vez o CNP repassou as advertências às<br />

administrações estaduais, considerando que a dimensão<br />

do País e as oscilações de preço em cada<br />

região não tornavam possível a ação do órgão,<br />

que se responsabilizaria apenas pelo controle do<br />

diesel e do óleo combustível. Poucos dias mais<br />

tarde, na sessão de 26 de março, o plenário aprovaria<br />

uma redução de 10% na quantidade total de<br />

gasolina a ser entregue para consumo, seguida<br />

de mais duas reduções, de igual percentual, em<br />

intervalos suficientes para que estados e municípios<br />

organizassem o racionamento. A mesma redução<br />

foi aplicada ao querosene, “a fim de evitar<br />

A elevada percentagem de álcool adicionado<br />

à gasolina acabou por gerar outro problema de<br />

delicada solução. Diante de pressões dos produtores,<br />

por intermédio do IAA, para que o preço<br />

do álcool fosse aumentado, tendo em vista “o encarecimento<br />

geral das coisas e a necessidade de<br />

estimular novas lavouras”, o CNP comunicou que<br />

não poderia concordar com essa elevação. 141 O álcool<br />

tornara-se importante componente no preço<br />

de venda do combustível misturado.<br />

Em junho, diante da “persistente falta de navios-tanque”,<br />

e para prolongar a vida dos estoques limitados,<br />

assegurando o funcionamento de atividades<br />

138. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Relatório de 1942, CNP, Brasília, p. 32-33.<br />

139. Id., p.50<br />

140. BRASIL. Decreto-Lei nº 4.292, de 7 de maio de 1942. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 maio 1942.<br />

141. CONSELHO NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong> (Brasil). Relatório de 1942, CNP, Brasília, p. 44-46.

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