PETRÓLEO E ESTADO
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Capítulo 23 - Biocombustíveis 281<br />
Experiências pioneiras<br />
Diversas variáveis influenciam a consolidação do<br />
biodiesel como combustível alternativo. Entre<br />
elas, podemos destacar:<br />
<br />
a disponibilidade da oferta de matéria-prima;<br />
<br />
a capacidade industrial de produção do<br />
combustível;<br />
<br />
o desempenho dos motores em relação aos<br />
percentuais de mistura vigentes; e<br />
<br />
a capacidade da indústria de produzir inovações<br />
tecnológicas para viabilizar o uso de<br />
grandes teores de biodiesel.<br />
De modo a consolidar o uso do biodiesel na matriz<br />
energética brasileira, a ANP estabeleceu critérios<br />
para o uso experimental e específico de B100<br />
e suas misturas com diesel em teores diversos do<br />
percentual que estava autorizado na legislação.<br />
Hoje, em todo o país, existem várias iniciativas de<br />
uso experimental e específico. 456 Em 2011, a ANP<br />
estabeleceu uma especificação voltada para as<br />
misturas de óleo diesel/biodiesel com teores de<br />
6% a 20%, em volume, destinadas ao uso experimental,<br />
atendendo ao crescente interesse do<br />
mercado em utilizar misturas com teores diversos<br />
de 5%, conforme estabelece o CNPE.<br />
Essas experiências, autorizadas pela Agência,<br />
estão sendo acompanhadas e vão gerar informações<br />
para aumentar o percentual de adição do<br />
combustível ao diesel de petróleo. É o caso dos<br />
exemplos citados a seguir.<br />
Em agosto de 2009, a prefeitura de Curitiba implantou<br />
o B100 (100% de biodiesel), em caráter<br />
experimental, em seis ônibus. Nos anos de 2010 e<br />
2011, sucessivos testes constataram significativa redução<br />
nos índices de opacidade e de emissões de<br />
monóxido de carbono nos veículos que operavam<br />
com B100, em relação aos demais ônibus. Foi então<br />
solicitada a autorização da ANP para um aumento<br />
no volume consumido de biodiesel. Em 2013, a frota<br />
de ônibus movidos a biodiesel B100 na cidade<br />
de Curitiba já totalizava 34 veículos, percorrendo<br />
uma quilometragem de 228,5 mil km/mês e consumindo<br />
aproximadamente 191 mil litros do combustível<br />
por mês. A cidade tinha sido pioneira também<br />
no uso do B20 (20% da biodiesel) desde 1998, em<br />
seu sistema de transporte coletivo. 457<br />
No Rio de Janeiro, em 2007, uma frota de 3.500 ônibus<br />
do transporte coletivo do estado do Rio passou<br />
a utilizar a mistura de 5% de biodiesel (B5), antecipando-se<br />
à meta prevista pelo Governo Federal. Em<br />
2009 foi implantado o Programa Experimental Biodiesel<br />
20%, em parceria da Federação das Empresas<br />
de Transporte de Passageiros do Estado do Rio<br />
de Janeiro (Fetranspor) com o Governo do Estado,<br />
BR Distribuidora, Shell, Ipiranga, Mercedes Benz e<br />
Volkswagen Caminhões e Ônibus. O programa visa<br />
alcançar a meta de 8.500 ônibus movidos a biodiesel<br />
em 2016, ano dos Jogos Olímpicos, poupando a<br />
queima de aproximadamente 55 milhões de litros<br />
de diesel por ano, o que corresponde a uma redução<br />
de 148 mil toneladas nas emissões de CO 2 . 458<br />
A Vale, empresa de mineração que atua também<br />
em energia, logística e siderurgia, é pioneira no uso<br />
de misturas de biodiesel acima do nível estabelecido<br />
pela legislação em vigor, para uso na frota de locomotivas,<br />
caminhões fora-de-estrada e equipamentos<br />
de grande porte, inclusive para geração elétrica. Em<br />
2007, a empresa passou a usar o B2 (mistura 2% de<br />
biodiesel e 98% de diesel comum). Além disso, firmou<br />
parceria com a Petrobras para uso do B20 nas locomotivas<br />
das estradas de ferro Vitória a Minas e Carajás,<br />
utilizando essa mistura até dezembro do mesmo<br />
ano. Em 2008, o B2 foi substituído pelo B3. Em 2009,<br />
a empresa anunciou planos para a produção de biodiesel<br />
com vistas ao abastecimento de suas operações<br />
e projetos na Região Norte do Brasil, a partir de<br />
2014, utilizando óleo de palma como matéria-prima.<br />
Em 2011, realizou a colheita dos primeiros frutos e a<br />
produção do óleo. No mesmo ano, solicitou autorização<br />
para utilizar a mistura B25 (25% de biodiesel).<br />
O objetivo da Vale é tornar-se autossuficiente na produção<br />
do biodiesel já em 2014, passando a utilizar o<br />
B20 em suas operações normais e antecipando-se à<br />
regulamentação que prevê a composição obrigatória<br />
de 20% de biodiesel no diesel a partir de 2020. 459<br />
456. AGÊNCIA NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong>, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (Brasil). Resolução nº 18, de 22 de junho de 2007. Diário Oficial<br />
[da República Federativa do Brasil], Poder Executivo, Brasília, DF, 25 jun. 2007. Seção 1, p. 77-78. ; AGÊNCIA NACIONAL DO <strong>PETRÓLEO</strong>, GÁS<br />
NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (Brasil). Resolução nº 2, de 29 de janeiro de 2008. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Poder<br />
Executivo, Brasília, DF, 30 jan. 2008. Seção 1, p. 128-129.<br />
457. URBANIZAÇÃO DE CURITIBA S/A. Sustentabilidade. Curitiba, 2015. Disponível em: .<br />
458. FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS DO <strong>ESTADO</strong> DO RIO DE JANEIRO. Programa ambiental. Rio de Janeiro,<br />
2014. Disponível em: .<br />
459. VALE. Sala de imprensa da Vale. Rio de janeiro, 2014. Disponível em: .