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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 7 - Impactos da Segunda Guerra Mundial 87<br />

A saída de Horta Barbosa<br />

O ano de 1942 representou o início do declínio<br />

do poder do general Júlio Caetano Horta Barbosa.<br />

Em meio à forte oposição que passou a<br />

enfrentar dentro do governo e sem conseguir<br />

concretizar seus planos de construir uma refinaria<br />

estatal, Horta Barbosa deixou a presidência<br />

do CNP em 30 de julho de 1943. As pressões em<br />

relação à questão do petróleo naquele momento<br />

não teriam sido decisivas para o afastamento<br />

de Horta, mas sim sua vontade de ocupar uma<br />

função militar. Segundo seu oficial-de-gabinete<br />

Alcy Demillicamps, ele entendeu que não deveria<br />

estar ocupando um cargo civil depois da<br />

declaração de guerra ao Eixo por parte do governo<br />

brasileiro. 149<br />

Sua demissão, contudo, pode ter sido uma consequência<br />

da aproximação entre Brasil e Estados<br />

Unidos, que se intensificou durante a Segunda<br />

Guerra Mundial, evoluindo para a formalização de<br />

uma sólida aliança político-militar. Nesse contexto,<br />

os grupos empresariais passaram a reivindicar<br />

junto a Vargas, mais intensamente, o direito de<br />

participar das várias fases de produção do petróleo,<br />

o que contrastava com a perspectiva estatizante<br />

defendida por Horta Barbosa. Sua posição<br />

assumidamente nacionalista o deixava em situa-<br />

ção cada vez mais delicada, uma vez que as iniciativas<br />

das grandes companhias petrolíferas no<br />

plano internacional eram abertamente apoiadas<br />

pelo governo norte-americano.<br />

Em 1947, ao proferir conferência no Instituto de<br />

Engenharia de São Paulo, no âmbito da campanha<br />

“O petróleo é nosso”, Horta Barbosa explicou<br />

os motivos de sua decisão:<br />

A guerra, pareceres de órgãos não especializados,<br />

a falta de uma política nacional<br />

de energia, a campanha de zombaria<br />

contra o órgão oficial, às vezes<br />

inconscientemente feita por brasileiros<br />

altamente colocados na administração<br />

pública, as solertes investidas dos trustes,<br />

e, sobretudo, uma opinião pública<br />

não preparada, impediram que o Conselho,<br />

até 1943, quando o deixei para ter<br />

a honra de comandar a Região Militar<br />

de São Paulo, visse realizada a sua ideia<br />

[o monopólio de Estado]. 150<br />

Designado para o comando da 2ª Região Militar,<br />

sediada em São Paulo, Horta Barbosa permaneceu<br />

no posto até 1945, ano em que foi reformado.<br />

General Horta Barbosa, presidente do CNP de 1938 a 1943<br />

Arquivo ANP<br />

149. DEMILLICAMPS, 1988, p. 30.<br />

150. PETROBRAS. In: ABREU, Alzira Alves de. et al. (Coord.). Dicionário histórico e biográfico brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, CPDOC, 2001. v. 4,<br />

p. 4596-4607.

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