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PETRÓLEO E ESTADO

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Capítulo 2 - Os primeiros anos da República 29<br />

O próprio presidente Epitácio Pessoa, na Mensagem<br />

Presidencial de 1921 endereçada ao Congresso,<br />

reconhecia que pouco tinha sido feito:<br />

Arquivo Público Mineiro<br />

Poucas têm sido, no Brasil, as pesquisas<br />

de jazidas de petróleo, presentemente<br />

um dos mais prezados combustíveis<br />

minerais. (...) Veemente, entretanto, é<br />

a presunção de tais jazidas em alguns<br />

estados. O conhecimento incompleto<br />

da estrutura geológica do País deve<br />

ser a causa do fracasso das investigações<br />

até agora feitas. 32<br />

Um novo incentivo veio por intermédio do ministro<br />

da Agricultura, Indústria e Comércio, Ildefonso<br />

Simões Lopes, em 1922, com a aprovação das<br />

diretrizes do SGMB para exploração do petróleo<br />

e demais rochas betuminosas. O órgão pôde contar<br />

com as verbas necessárias para sondagens,<br />

estudos e pesquisas em várias regiões, tais como<br />

Campos (RJ), Sergipe, Paraná , São Paulo e na<br />

zona terciária da Amazônia. 33<br />

Os resultados desta nova orientação começaram a<br />

surgir dois anos depois, com a abertura de uma nova<br />

frente em Riacho Doce, no sul de Alagoas, onde foram<br />

registrados alguns indícios de óleo. Contudo,<br />

mais uma vez, as dificuldades causadas pelo terreno<br />

e pelas deficiências do equipamento utilizado levariam<br />

à suspensão dos trabalhos em 1927.<br />

Apesar disso, o esforço prosseguia. A sondagem<br />

pioneira de petróleo em Bom Jardim, no Pará,<br />

forneceria importantes informações sobre a geologia<br />

do Baixo Amazonas. 34 E no Vale do Iguaçu,<br />

em Santa Catarina, três perfurações encontraram<br />

numerosos indícios de óleo. 35<br />

No início de 1927, Pandiá Calógeras (ex-ministro da<br />

Agricultura, da Fazenda e da Guerra) fazia um balanço<br />

pouco animador das atividades do Serviço<br />

Geológico e Mineralógico do Brasil, ao afirmar que<br />

“até os dias recentes, pouco mais se pode afirmar<br />

do que a existência de indícios de óleos minerais:<br />

gases naturais, asfaltos, produtos de oxidação”. De<br />

1920 a 1926, haviam sido efetuados apenas 8.200<br />

metros de perfuração, com dez sondas. 36<br />

Paralelamente, o governo paulista criou seu próprio<br />

Serviço de Pesquisa de Petróleo, em 1927, e o<br />

engenheiro Eugênio Bourdot Dutra, do SGMB, foi<br />

convidado para chefiá-lo. Para realizar um estudo<br />

O ex-ministro João Pandiá Calógeras e sua mulher, Elisa<br />

sobre a geologia de petróleo do estado e coordenar<br />

as atividades de exploração foi contratado o geólogo<br />

norte-americano Chester Washburne. Após três<br />

anos de trabalho de campo, ele escreveu um livro<br />

intitulado Geologia do petróleo do estado de São<br />

Paulo, no qual expunha conceitos de “rochas-reservatório<br />

e rochas de cobertura”, afirmando acreditar<br />

na existência de petróleo naquela região. 37<br />

Em fins de 1930, com apenas 25 sondas em todo o<br />

País, 51 perfurações exploratórias desde 1919, verbas<br />

modestas, equipamentos inadequados e pouco<br />

interesse governamental, o SGMB não registrava<br />

qualquer sucesso efetivo em sua busca por<br />

petróleo no Brasil. Em contrapartida, foi possível<br />

reunir um imenso volume de informações sobre a<br />

geologia do País, que serviria de base para futuras<br />

investigações, aperfeiçoamento e treinamento de<br />

uma equipe de geólogos brasileiros.<br />

32. COHN, Gabriel. Petróleo e nacionalismo. São Paulo: Difel, 1968. p. 9<br />

33. CONGRESSO BRASILEIRO DE CARVÃO E OUTROS COMBUSTÍVEIS NACIONAES, 1.,1922, Rio de Janeiro. Conclusões... Rio de Janeiro, 1922. p. 11-13.<br />

34. MOURA; CARNEIRO, 1976, p. 103.<br />

35. Ibid., p. 110-111.<br />

36. JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Jornal do Commercio, 1827- . Diária. 17 jan. 1927.<br />

37. MARINHO JUNIOR, Ilmar Penna. Petróleo: política e poder: um novo choque do petróleo? Rio de Janeiro: J. Olympio, 1989.

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