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edição de 14 de novembro de 2016

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entrevistA<br />

“<br />

Alberto Pecegueiro<br />

nossA missão<br />

é entregAr<br />

os melhores<br />

conteúdos<br />

“<br />

A<br />

Globosat tem hoje, distribuídos entre suas<br />

várias áreas, cerca <strong>de</strong> 50 profissionais<br />

ligados à pesquisa: são os profissionais <strong>de</strong><br />

“inteligência”, que atuam como aqueles índios<br />

com o ouvido colado ao chão nos filmes <strong>de</strong> faroeste,<br />

como <strong>de</strong>screve Alberto Pecegueiro, CEO da empresa.<br />

Eles vêm ajudando a traçar o futuro da empresa, que<br />

chega aos 25 anos vendo sua audiência crescer, e<br />

lidando com diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tendências envolvendo o<br />

telespectador. O executivo conta, nesta entrevista, sua<br />

visão <strong>de</strong> presente e futuro – na medida do possível, já<br />

que, segundo ele, ninguém sabe exatamente on<strong>de</strong> isso<br />

tudo vai dar –, revelando alguns caminhos da empresa,<br />

como conquistar a audiência do jovem.<br />

Claudia Penteado<br />

Afinal, o que quer o telespectador<br />

brasileiro?<br />

Tudo ao mesmo tempo, agora.<br />

E, além disso, ele é mutante e<br />

volátil. Não existe uma <strong>de</strong>finição<br />

permanente.<br />

A Globosat investiu, nos últimos anos,<br />

fortemente, em capacitação <strong>de</strong> profissionais<br />

<strong>de</strong> conteúdo, como roteiristas.<br />

Esse investimento continua?<br />

Continua, atenuado pelo estado<br />

atual da economia brasileira. A<br />

TV paga no Brasil, <strong>de</strong> 1991 a 2005,<br />

amealhou 4 milhões <strong>de</strong> lares. Em<br />

<strong>de</strong>z anos, contando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004,<br />

adicionou-se praticamente 15 milhões<br />

<strong>de</strong> domicílios. O negócio<br />

da TV paga ganhou uma pujança<br />

enorme. A Globosat certamente<br />

contribuiu para esse fortalecimento,<br />

mas o fato é que já investíamos<br />

maciçamente na produção audiovisual<br />

brasileira e continuamos investindo.<br />

Até porque, ao contrário<br />

dos concorrentes, estamos aqui.<br />

Nossa única maneira <strong>de</strong> dar certo é<br />

apostando na audiência brasileira,<br />

criando essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

A busca mais forte pela classe C continua?<br />

Se você olhar o nosso portfólio<br />

<strong>de</strong> canais, trabalhamos para todos<br />

os gostos. O Multishow, por exemplo,<br />

é um canal que quer brigar<br />

para estar entre os <strong>de</strong>z primeiros<br />

<strong>de</strong> audiência. Você não tem como<br />

brigar para estar entre os <strong>de</strong>z se<br />

não for um antibiótico <strong>de</strong> amplo<br />

espectro, falar com todo mundo.<br />

Mas tenho um +Globosat, que se<br />

propõe a ter biscoitos mais finos.<br />

Tenho foco em audiêcia em alguns<br />

canais como Multishow, Viva,<br />

SporTV e Megapixel, mas tenho<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar conteúdos<br />

segmentados em outros canais, e<br />

essa é a beleza <strong>de</strong>sse negócio.<br />

Há segmentos <strong>de</strong> maior interesse?<br />

Isso varia. Estamos olhando<br />

tudo. Uso sempre uma frase que<br />

ouvi <strong>de</strong> uma VP <strong>de</strong> marketing, há<br />

mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos: “A gente po<strong>de</strong><br />

não saber que vai estar fazendo<br />

amanhã, mas a gente sabe o que<br />

está fazendo”. Isso quer dizer<br />

que você não se po<strong>de</strong> aferrar a<br />

conceitos permanentes. É preciso<br />

ter capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong><br />

permanente. Estar atento às <strong>de</strong>mandas<br />

<strong>de</strong> mercado e estar apto a<br />

acompanhá-las à medida que vão<br />

mudando. O que estamos percebendo<br />

hoje no mercado, olhando<br />

para 2017, é que, dadas as preocupações<br />

com o mercado <strong>de</strong> consumo<br />

no Brasil, os anunciantes sintomaticamente<br />

estão valorizando<br />

mais os consumidores <strong>de</strong> classe<br />

A/B, porque estão achando que aí<br />

haverá uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo<br />

mais representativa do que as<br />

classes C e D, que estão com uma<br />

limitação <strong>de</strong> consumo muito gran<strong>de</strong>.<br />

Nos últimos três, quatro anos,<br />

elas foram a estrela do mercado<br />

porque estavam chegando com<br />

um volume brutal. Hoje elas estão<br />

prejudicadas e a A/B voltou a ter<br />

certa priorida<strong>de</strong>. Neste contexto,<br />

a TV paga tem uma performance<br />

especial.<br />

Quais são hoje as principais apostas<br />

da Globosat?<br />

Há várias esferas <strong>de</strong> trabalho,<br />

macro, micro. E tem uma que é<br />

o dia a dia. Quando colocamos o<br />

ambiente competitivo da Globosat<br />

com os nossos concorrentes<br />

diretos, que são as programadoras<br />

internacionais, o plano <strong>de</strong><br />

jogo <strong>de</strong>sses caras é global, fundamentalmente.<br />

Eles precisam <strong>de</strong><br />

uma economia <strong>de</strong> escala global,<br />

na melhor das hipóteses. Na pior,<br />

necessitam <strong>de</strong> uma economia <strong>de</strong><br />

escala, como chamamos nessa<br />

indústria, <strong>de</strong> pan-regional, que<br />

vai do México até a terra do fogo.<br />

Nós estamos olhando o Brasil.<br />

A Globosat tem hoje,<br />

distribuídos entre suas<br />

várias áreas, 50 profissionais<br />

ligados à pesquisa,<br />

que se chamam<br />

profissionais <strong>de</strong> “inteligência”.<br />

Esses caras são<br />

aqueles índios com o<br />

ouvido colado ao chão<br />

nos filmes <strong>de</strong> faroeste.<br />

Estão ligados nas pesquisas<br />

<strong>de</strong> audiência,<br />

adhoc, grupos <strong>de</strong> dis-<br />

cussão, olhando o dia a dia dos<br />

movimentos <strong>de</strong> mercado. É um<br />

processo contínuo <strong>de</strong> monitorar a<br />

própria concorrência, tendências<br />

<strong>de</strong> consumo, ponteiro <strong>de</strong> audiência,<br />

para on<strong>de</strong> o negócio vai, enten<strong>de</strong>r<br />

comportamento do consumidor.<br />

Quando se discute “o<br />

ví<strong>de</strong>o digital está acabando com<br />

os canais lineares”, não temos<br />

esse indicador. O que temos é que<br />

o consumo dos canais lineares<br />

não sofre alteração significativa.<br />

<strong>2016</strong> é o ano das maiores audiências<br />

na televisão brasileira, tanto<br />

aberta quanto fechada. É claro<br />

que há um componente da crise<br />

nisso. Mas todo esse consumo digital<br />

não linear, seja do Netflix, do<br />

YouTube, do WhatsApp, do Instagram<br />

ou do e-mail, é um gigantesco<br />

tsunami adicional. Se você<br />

levar em conta salas <strong>de</strong> espera <strong>de</strong><br />

consultórios, aeroportos, rodoviárias,<br />

bancos <strong>de</strong> automóveis,<br />

ônibus, trânsitos. Esse volume <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os não existia,<br />

ele é todo novo e enorme. É claro<br />

que, para nós da TV paga, a situação<br />

é confortável porque tivemos<br />

todo o crescimento da base, e<br />

<strong>de</strong>ntro disso um outro movimento<br />

– as pessoas que colocaram TV<br />

paga vivem o processo <strong>de</strong> experimentação<br />

progressiva dos canais<br />

pagos. Ainda que a base tenha se<br />

estabilizado, vemos a participação<br />

dos canais pagos nos domicílios<br />

<strong>de</strong> TV paga crescendo.<br />

Então a audiência cresce, hoje?<br />

Quando se me<strong>de</strong> audiência,<br />

olhamos dois indicadores. Alcance,<br />

que é o número <strong>de</strong> pessoas<br />

que passou pelo canal, e o tempo<br />

médio que ficaram. A audiência é<br />

resultante <strong>de</strong>sses dois indicadores,<br />

alcance por tempo médio. O<br />

que aconteceu nos dois últimos<br />

anos foi que o alcance diminuiu,<br />

ou seja, as pessoas estão zapean-<br />

“Os anunciantes<br />

sintOmaticamente<br />

estãO<br />

valOrizandO mais<br />

Os cOnsumidOres<br />

<strong>de</strong> classe a/B”<br />

20 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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