mundo digital LongQuattro/iStcock o negócio das startups e dos iPos - Parte i Nesta primeira parte, vamos lembrar <strong>de</strong> alguns IPOs que <strong>de</strong>ram e não <strong>de</strong>ram certo Rafael Sampaio negócio digital tem características da O hiteconomy, na qual alguns vencedores ganham muito, mas a maioria oscila entre a mediocrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultados e o fracasso. Outros setores <strong>de</strong> negócios, como o cinema e o show business, têm esse viés e os poucos sucessos são os emuladores do todo, pois o esforço é, evi<strong>de</strong>ntemente, o <strong>de</strong> mimetizar as fórmulas que dão certo. No caso do digital, há dois elementos que têm estimulado certo <strong>de</strong>scolamento da lógica habitual dos negócios e um excesso <strong>de</strong> aposta em um futuro não muito garantido, com sucessivas propostas disruptivas da or<strong>de</strong>m natural das coisas – como a oferta <strong>de</strong> serviços gratuitos ou a um valor inferior aos padrões do mercado. Esses dois elementos são os investimentos através <strong>de</strong> venture capital e dos IPOs, ambos com forte viés especulativo e uma boa dose <strong>de</strong> fator lotérico, pois se espera que o enorme sucesso <strong>de</strong> alguns casos compense as perdas em diversos outros. Isso leva a uma maior preocupação com o mercado financeiro do que com o mercado real por parte <strong>de</strong> muitas iniciativas do digital, estruturadas mais com o objetivo <strong>de</strong> inovar e revolucionar do que aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma consistente e lucrativa uma <strong>de</strong>manda dos consumidores. Em outros casos, fica evi<strong>de</strong>nte que se preten<strong>de</strong> absorver uma parte importante da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> um setor, mas sem oferecer um “serviço” correspon<strong>de</strong>nte, ou seja, há o claro objetivo <strong>de</strong> fazer o provedor do bem ou serviço trabalhar por um valor menor que vinha fazendo tradicionalmente ou <strong>de</strong> levar o próprio consumidor a oferecer alguma coisa por preço zero. Em coluna anterior, comentei que o digital está, em diversos casos, gerando uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “<strong>de</strong>s-valor”, prejudicando setores tradicionais sem necessariamente criar novas riquezas. Na próxima coluna abordarei o fenômeno dos start-upshiper valorizados. Nesta primeira parte, vamos lembrar <strong>de</strong> alguns IPOs que <strong>de</strong>ram e não <strong>de</strong>ram certo. O primeiro gran<strong>de</strong> sucesso do digital foi o AOL, em 1992, com IPO gerando US$ 11,5 por ação, que chegou em 1999 ao pico <strong>de</strong> US$ 90, fez a histórica fusão em 2000 com a Time Warner, negócio que não <strong>de</strong>u certo e levou à separação das duas em 2009. Mas a AOL terminou sendo vendida para a Verizon, em 2015, por US$ 50 a ação. Em 1996, a Yahoo! surpreen<strong>de</strong>u lançando sua IPO a 54 cents por ação, que subiram para impressionantes US$ 1,375 no fim do primeiro dia, superando o valor <strong>de</strong> mercado da histórica General Motors. Mas o sonho terminou com a venda, em <strong>2016</strong>, por US$ 39,38 a ação, para a mesma Verizon. O Facebook viveu seus primeiros três anos <strong>de</strong> aplicações <strong>de</strong> venture capital. Em 2012 seu muito esperado IPO estava previsto para captar US$ 45 por ação, que terminou sendo vendida por US$ 38,20 e uma semana <strong>de</strong>pois estava a US$ 26,80. Hoje está na faixa <strong>de</strong> US$ 120, principalmente graças aos resultados dos últimos anos. Em 2013, arrecadou um total <strong>de</strong> US$ 7,9 bilhões em receitas, contra US$ 5,08 bilhões <strong>de</strong> 2012. O lucro líquido alcançou US$ 1,5 bilhão em 2013, ante os US$ 53 milhões <strong>de</strong> 2012, quase nada diante dos US$ 16 bilhões levantados no IPO. É a 5ª maior empresa <strong>de</strong> mídia do mundo (dados <strong>de</strong> 2015) e junto com o Google forma o duopólio que domina o digital, à custa do massacre <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> operações digitais que patinam e tantas outras que nunca <strong>de</strong>colaram. O IPO do Google foi <strong>de</strong> US$ 100 por ação em 2005 - valia US$ 600, em 2012; US$ 800, em 20<strong>14</strong>; e estava na faixa <strong>de</strong> US$ 780, em outubro <strong>de</strong> <strong>2016</strong>. Foi a maior empresa mundial <strong>de</strong> mídia em 2015, com US$ 60 bilhões <strong>de</strong> receita, e talvez faça US$ 80 bi este ano, com previsão <strong>de</strong> US$ 20 bi <strong>de</strong> lucro. Mas está sob cerrado ataque <strong>de</strong> governos ao redor do mundo e até do G20, por evasão <strong>de</strong> impostos, e começa a enfrentar processos para combater sua enorme concentração <strong>de</strong> mercado. É o megassucesso do digital, mas tem pés <strong>de</strong> barro, pela evasão fiscal, <strong>de</strong>sconfiança em relação a seu real impacto e “exploração” das <strong>de</strong>mais mídias. Rafael Sampaio é consultor em propaganda rafael.sampaio@uol.com.br 48 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark
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