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edição de 14 de novembro de 2016

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última página<br />

Mathisa/iStock<br />

Qual é o<br />

propósito da<br />

sua agência?<br />

Claudia Penteado<br />

Em seu best-seller Capitalismo Consciente,<br />

a dupla John Mackey e Raj Sisodia faz uma<br />

singela analogia entre borboletas e pessoas.<br />

Como pessoas, po<strong>de</strong>mos optar pela existência<br />

<strong>de</strong> lagarta, consumindo o máximo que<br />

pu<strong>de</strong>rmos do mundo e <strong>de</strong>volvendo quase nada.<br />

E, como elas, que po<strong>de</strong>m se tornar borboletas,<br />

temos capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evoluir <strong>de</strong> modo<br />

tão formidável a ponto <strong>de</strong> nos transformarmos<br />

em seres que criam valor para os outros<br />

e ajudam a tornar o mundo mais bonito. Mas,<br />

ao contrário <strong>de</strong>las, não po<strong>de</strong>mos esperar a<br />

natureza <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar nossa evolução a uma<br />

consciência mais elevada. Para<br />

nós, evoluir é escolha. Empresas<br />

e marcas (criações <strong>de</strong> pessoas)<br />

têm diante <strong>de</strong> si, diariamente, a<br />

escolha <strong>de</strong> evoluir e adotar um<br />

propósito maior para dar sentido<br />

às suas existências. Cada vez mais<br />

esta po<strong>de</strong> ser a escolha pela vida<br />

ou pela morte lenta e gradual.<br />

E as agências, como ficam neste<br />

contexto? A resposta é simples: também<br />

precisam <strong>de</strong> propósito. Não se trata <strong>de</strong> dizer<br />

do que você é capaz. Trata-se <strong>de</strong> dizer, corajosamente,<br />

em que você acredita. E agir<br />

no mundo, claro, porque <strong>de</strong> teoria e boas intenções<br />

estamos mesmo cheios. Esse insight<br />

não é novo, admito, mas foi brilhantemente<br />

abordado recentemente num artigo <strong>de</strong> Michael<br />

Lee sobre a BETC na Forbes. Nele, Lee<br />

faz consi<strong>de</strong>rações sobre como <strong>de</strong>veria ser a<br />

agência do futuro. Além daquilo tudo que já<br />

sabemos, Lee lembrou do <strong>de</strong>talhe que <strong>de</strong>veria<br />

estar quebrando a cabeça <strong>de</strong> quem preten<strong>de</strong><br />

continuar trabalhando em publicida<strong>de</strong> nos<br />

próximos anos: em que você realmente acredita,<br />

para além da publicida<strong>de</strong>? Que tipo <strong>de</strong><br />

empresa é a sua, por que está no mundo e em<br />

que bases e crenças se sustenta?<br />

Ele observa, sabiamente, que as agências<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, em sua maioria, se escon<strong>de</strong>m<br />

“Não se trata<br />

<strong>de</strong> dizer do<br />

que você é<br />

capaz, mas<br />

em que você<br />

acredita”<br />

embaixo das barras das saias (e crenças) <strong>de</strong><br />

seus clientes, procurando acreditar no que<br />

eles acreditam e ter pouca ou quase nenhuma<br />

voz individual. No máximo há coragem <strong>de</strong><br />

discorrer sobre algumas crenças mais óbvias,<br />

vinculadas ao umbigo da própria publicida<strong>de</strong>.<br />

Mas a questão é que hoje agências competem<br />

no mercado com uma gama infinitamente<br />

maior <strong>de</strong> players, entre eles empresas <strong>de</strong> tecnologia<br />

e outros muitos negócios que escancaram<br />

por aí suas visões ampliadas e planos<br />

<strong>de</strong> fazer coisas extraordinárias (e, obviamente,<br />

ter gordas ações na bolsa).<br />

Lee acredita ter sentido um sopro <strong>de</strong>ssa<br />

visão ao visitar a nova se<strong>de</strong> da<br />

BETC, inaugurada recentemente<br />

num lugar improvável chamado<br />

Pantin, a cerca <strong>de</strong> 6 km do centro<br />

<strong>de</strong> Paris, no prédio restaurado<br />

on<strong>de</strong> funcionava a loja <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentos<br />

“Les Magasins Géneraux”,<br />

um símbolo da Paris industrial<br />

abandonado aos grafiteiros<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004. A BETC restaurou o<br />

prédio inteiro, mas ocupa apenas<br />

parte <strong>de</strong>le. O restante está atraindo empreendimentos<br />

como a Filarmônica <strong>de</strong> Paris ou<br />

galerias <strong>de</strong> arte. Em 2017, a BETC será a curadora<br />

<strong>de</strong> programas culturais voltados para<br />

tecnologia, inovação, arte, música e arquitetura,<br />

seguindo sua jornada <strong>de</strong> impacto social<br />

e conexão com a comunida<strong>de</strong> local, contribuindo<br />

para a construção, por que não, do<br />

futuro <strong>de</strong> Paris. Um futuro sustentável.<br />

Ah, faltou lembrar que trata-se, também,<br />

<strong>de</strong> ótima agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. Claro que<br />

nem todos precisam – ou po<strong>de</strong>m – mudar o<br />

mundo. Mas o projeto BETC é, sem dúvida,<br />

inspirador por ter o pé fincado na realida<strong>de</strong><br />

e no reconhecimento do seu quinhão <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

com o que está aí. Ela enxergou<br />

para além da publicida<strong>de</strong>, e nem precisou<br />

ir longe: bastou olhar no seu entorno.<br />

E você? Em que você acredita?<br />

62 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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