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I Congresso Internacional Rousseau x Kant – UFMA Página | 104<br />
III Congresso Nacional Jean-Jacques Rousseau – UFMA: estética e representação<br />
I Congresso Kant – UFMA: liberdade, justiça e dignidade<br />
KANT E A QUESTÃO “POR QUÊ SER MORAL?”<br />
Nome: Konrad Utz<br />
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC)<br />
E-mail: isacon@gmx.net<br />
RESUMO: A questão “por quê ser moral?” foi formulada expressamente no contexto do<br />
debate filosófico acadêmico por Francis Herbert Bradley (1876). Parece interessante que<br />
essa questão foi posta expressamente tão tarde na história da filosofia ocidental. Pois pelo<br />
menos para nós contemporâneos ela parece uma pergunta tão óbvia. Nós estamos<br />
acostumados a poder fazer escolhas, seja no supermercado, seja com relação à pessoa<br />
com quem vamos casar – escolhas que a maioria das pessoas duzentos anos atrás não<br />
puderam fazer. Consequentemente, se alguém oferta uma opção de escolha para nós, nos<br />
perguntamos automaticamente por que nós deveríamos aceitar esta oferta e não outra.<br />
Estamos acostumados que as opções já vêm junto com seu marketing. Portanto, parece<br />
muito natural perguntar à moral, quando ela nos oferta suas opções de pensar, falar ou<br />
agir, por que nós deveríamos aceitar essas ofertas, já que, muitas vezes, elas custam tanto<br />
mais que as outras opções e parecem bem menos agradáveis. Parece muito natural pedir<br />
à moral um mínimo de marketing, ou, se ela continuar calada, pelo menos de seus<br />
defensores, i.e., dos filósofos que defendem uma ética normativa. Diante disso, parece<br />
um pouco decepcionante que a filosofia clássica oferece tão poucas respostas explícitas à<br />
questão. Um dos filósofos que nos decepciona é Kant. Não há nos seus escritos éticos<br />
nenhuma afirmação que claramente, sem dúvida de interpretação responda à questão “por<br />
quê ser moral?”. Por isso, vários dos leitores de Kant discutem qual seria essa resposta,<br />
i.e., como esta questão precisa ser respondida a partir da sistemática da ética kantiana.<br />
Parece-me essencial evidenciar que Kant não apenas rejeita a questão “por que ser<br />
moral?”. Isso seria insatisfatório. Por primeiro, é preciso explicar a partir da ética kantiana<br />
porque essa questão é inadequada; depois, é necessário elucidar como a moral pode surgir<br />
sem basear-se em algo extramoral, como também: sem surgir “do nada”, como fato bruto,<br />
como diz o imediatismo; por último, é preciso esclarecer como a própria questão “por que<br />
ser moral?” pode surgir, pois uma teoria que simplesmente declara “sem sentido” uma<br />
questão que parece tão plausível para nós, torna-se implausível ela mesma.<br />
Palavras chave: Kant, Ética, Fundamentação, “Por quê ser moral?”, Autononmia