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<strong>de</strong> FrenTe com o presi<strong>de</strong>nTe<br />
“Temos <strong>de</strong><br />
voltar a valorizar<br />
os criativos”<br />
Quando o assunto é criativida<strong>de</strong>, Sergio<br />
Gordilho já figurou por diversas vezes<br />
entre os melhores profissionais em listas<br />
nacionais e internacionais. O copresi<strong>de</strong>nte<br />
e CCO da agência Africa, que atualmente faz parte do<br />
Grupo Omnicom, é responsável pela comunicação<br />
<strong>de</strong> algumas das principais marcas do país como<br />
Itaú, Natura, Vivo e Budweiser, entre outras. Nesta<br />
entrevista, o executivo, que completa 25 anos <strong>de</strong><br />
carreira, faz um balanço sobre a trajetória <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />
anos na função <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte - cargo que divi<strong>de</strong><br />
com Marcio Santoro -, fala sobre a busca por novos<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios e comenta que o mercado<br />
precisa voltar a colocar a criativida<strong>de</strong> como polo<br />
central e principal nas agências.<br />
Alisson Fernán<strong>de</strong>z<br />
Uma década <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança<br />
É uma vida inteira, né? Quando<br />
assumi a presidência há <strong>de</strong>z anos,<br />
ao lado <strong>de</strong> Marcio Santoro, era<br />
um outro mercado e as questões<br />
eram diferentes. Neste período,<br />
a indústria <strong>de</strong> comunicação passou,<br />
e vem passando, por muitas<br />
mudanças. É uma revolução humana,<br />
na forma <strong>de</strong> interagir, em<br />
enten<strong>de</strong>r o digital, as re<strong>de</strong>s sociais<br />
e que não somos uma indústria<br />
<strong>de</strong> comunicação e, sim, <strong>de</strong><br />
tecnologia que faz comunicação.<br />
É uma outra abordagem. Então,<br />
todo esse processo foi uma gran<strong>de</strong><br />
experiência para a gente. Um<br />
outro lado que é superimportante<br />
é que somos adaptáveis e isso<br />
<strong>de</strong>ixa a publicida<strong>de</strong> mais forte.<br />
execUTivo x criaTivo<br />
Sou diretor <strong>de</strong> arte. Não esqueço<br />
disso sempre que chego<br />
na agência. Foco que sou um<br />
cara <strong>de</strong> criação. A função <strong>de</strong><br />
copresi<strong>de</strong>nte me <strong>de</strong>u o entendimento<br />
<strong>de</strong> que tenho <strong>de</strong> criar<br />
gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias que gerem valor,<br />
engajem as pessoas e não disputem<br />
com insights <strong>de</strong> outras<br />
marcas, mas, sim, com a atenção<br />
do consumidor.<br />
valorização<br />
Focamos em buscar o novo e<br />
esquecemos o bom. Somos ge-<br />
radores <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que engajam,<br />
conectam e criam valor. Acredito<br />
que começamos a esquecer<br />
isso e não colocar a criativida<strong>de</strong><br />
como polo central e<br />
principal nas nossas agências.<br />
Hoje, há gran<strong>de</strong>s criativos em<br />
segundo plano, que não possuem<br />
voz <strong>de</strong> ação. Isso faz com<br />
que as agências não façam diferença<br />
alguma para as marcas<br />
com as quais trabalham. Então,<br />
vejo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<br />
mais criativos assumindo postos<br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. No passado,<br />
as agências eram mais fortes,<br />
do ponto <strong>de</strong> vista da indústria,<br />
quando tinham mais criativos<br />
li<strong>de</strong>rando. O mercado evoluiu,<br />
não há mais espaço para<br />
uma pessoa só, então, talvez,<br />
a copresidência seja a melhor<br />
opção. Temos <strong>de</strong> voltar a valorizar<br />
os criativos para que eles<br />
assumam este papel.<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios<br />
Temos <strong>de</strong> procurar novos<br />
mo<strong>de</strong>los todos os dias. O negócio<br />
está aí e nunca vai <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> estar. A questão é em que<br />
mo<strong>de</strong>lo vamos atuar. A Africa<br />
sempre teve como princípio estar<br />
aberta a enten<strong>de</strong>r os mo<strong>de</strong>los<br />
e criar os próprios focados<br />
em três coisas que são muito<br />
fortes <strong>de</strong>ntro da agência. Primeiro,<br />
a ambição, pois temos<br />
<strong>de</strong> ser ambiciosos do ponto <strong>de</strong><br />
Sergio Gordilho: “Temos o compromisso com a mudança”<br />
“No passado, as<br />
agêNcias eram<br />
mais fortes, do<br />
poNto <strong>de</strong> vista<br />
da iNdústria,<br />
quaNdo tiNham<br />
mais criativos<br />
li<strong>de</strong>raNdo”<br />
vista criativo. Queremos que as<br />
nossas i<strong>de</strong>ias ganhem o mundo.<br />
O segundo, que é muito<br />
forte, é ser adaptável. A Africa<br />
está mudando o tempo todo. As<br />
pessoas até dizem que a Africa<br />
muda muito, mas essa não é a<br />
questão, pois temos <strong>de</strong> evoluir.<br />
E a terceira é a luta pela excelência<br />
criativa. Criamos toda<br />
essa questão da marca, conceito,<br />
semiótica, então, a Africa<br />
sempre luta por essa excelência<br />
criativa. Essas três características<br />
fazem a cultura africana.<br />
Tendência<br />
Acredito que temos várias<br />
tendências, mas a principal é<br />
voltar a ser mais humano. Com<br />
toda essa tecnologia, precisamos<br />
criar um ambiente para isso<br />
e, assim, enten<strong>de</strong>r melhor os<br />
Divulgação<br />
comportamentos e as relações.<br />
Precisamos ser mais craft. Nunca<br />
um diretor <strong>de</strong> arte, que sabe<br />
<strong>de</strong>senhar e montar, foi tão valorizado<br />
nas agências. Hoje é uma<br />
espécie rara. Precisamos voltar<br />
a enten<strong>de</strong>r que comunicação é<br />
entre pessoas. Algumas pessoas<br />
dizem que a publicida<strong>de</strong> per<strong>de</strong>u<br />
a força, mas digo que não, estamos<br />
vivendo o melhor momento.<br />
Tenho 25 anos <strong>de</strong> carreira e<br />
afirmo que este é o melhor momento<br />
da indústria. É on<strong>de</strong> tudo<br />
é possível, contanto que você<br />
saiba o que está fazendo.<br />
FUTUro<br />
Hoje fazemos parte do grupo<br />
Omnicom e isso abriu para<br />
a agência algumas possibilida<strong>de</strong>s.<br />
Mas é importante dizer<br />
que tanto eu, como o Marcio,<br />
não temos intenção <strong>de</strong> sair do<br />
país. Somos brasileiros e vemos<br />
uma importância imensa<br />
<strong>de</strong> estar aqui com os 220 milhões<br />
<strong>de</strong> habitantes que falam<br />
a nossa língua. Apesar <strong>de</strong> todas<br />
as diferenças que vivemos, sabemos<br />
muito bem que, se não<br />
as abraçarmos, não faremos a<br />
diferença na indústria. Fazer<br />
campanhas que engajem, tragam<br />
construção <strong>de</strong> marca e as<br />
levem para outros movimentos<br />
é o que a Africa está tentando<br />
fazer. Temos o compromisso<br />
com a mudança.<br />
jornal propmark - <strong>16</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 17