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edição de 16 de setembro de 2019

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marketing & negóciOs<br />

Miriam Espacio/Unsplash<br />

O mundo<br />

24/7/365 WW<br />

Lógica <strong>de</strong>riva do fato <strong>de</strong> que os<br />

consumidores sempre pe<strong>de</strong>m mais<br />

e as empresas oferecem ainda mais<br />

Rafael Sampaio<br />

Para uma parte muito expressiva da humanida<strong>de</strong>,<br />

a história presente é um<br />

eterno on: online, ontime, onipresente.<br />

Mas nem tudo acaba ocorrendo como se espera.<br />

Se um viajante extraterrestre visitar a<br />

Terra hoje, chegar no lugar certo e ficar<br />

pouco tempo, vai voltar com um relato fantástico:<br />

produtos e serviços são oferecidos<br />

24 horas por dia, 7 dias por semana, todos<br />

os dias do ano e sem limites geográficos<br />

pelo planeta. É o conceito 24/7/365 WW,<br />

cuja lógica <strong>de</strong>riva do fato <strong>de</strong> que os consumidores<br />

sempre pe<strong>de</strong>m mais e as empresas<br />

oferecem ainda mais. E mais, continuadamente.<br />

Isso seria realmente fantástico<br />

se os níveis <strong>de</strong> falhas não fossem tão elevados<br />

<strong>de</strong> ambas as partes. Ou seja, as pessoas<br />

não compram ou usam tudo que previam,<br />

por falta <strong>de</strong> dinheiro, tempo ou porque as<br />

suas expectativas são frustradas, fazendo<br />

com que a infraestrutura disponível fique<br />

ociosa.<br />

Razão pela qual as empresas não conseguem<br />

fazer lucro suficiente para cumprir<br />

suas tarefas como planejado e acabam<br />

abaixando seus padrões <strong>de</strong> entrega, mas<br />

não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> prometer ainda mais...<br />

No final, o resultado fica longe das maravilhas<br />

esperadas, as empresas patinam até<br />

<strong>de</strong>sativar a novida<strong>de</strong>, serem compradas ou<br />

saírem do mercado. Os consumidores abaixam<br />

suas expectativas e se conformam<br />

com padrões sofríveis, mas querem pagar<br />

mais barato por isso e ficam prontos para<br />

embarcar na próxima promessa ou sonho.<br />

A pergunta óbvia é on<strong>de</strong> iremos chegar com<br />

esse mo<strong>de</strong>lo? Des<strong>de</strong> o começo da Revolução<br />

Industrial, no século 18, temos vivido<br />

uma onda crescente <strong>de</strong> bonança - mesmo<br />

consi<strong>de</strong>rando alguns reveses e hiatos - e <strong>de</strong><br />

criação sucessiva <strong>de</strong> valor.<br />

Nas últimas duas décadas, porém, com<br />

a chamada nova economia digital, a tendência<br />

se inverteu e temos passado por<br />

um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> valor, com<br />

as empresas centrais ganhando menos, as<br />

periféricas menos ainda, a maior parte dos<br />

salários caindo e até os governos vivendo<br />

<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>ficitária contínua. Na realida<strong>de</strong>,<br />

nesse mo<strong>de</strong>lo poucos ganham muito,<br />

parte <strong>de</strong>les não por muito tempo, enquanto<br />

a maioria nem chega lá... E o conceito, ou<br />

teoria, do unicórnio mantém viva as esperanças<br />

e expectativas <strong>de</strong> uma massa que<br />

não vai dar em nada... A verda<strong>de</strong> é que ainda<br />

não sabemos on<strong>de</strong> vamos chegar e como<br />

e quando vai haver uma reversão, para<br />

<strong>de</strong>volver um pouco <strong>de</strong> lógica econômica e<br />

<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> a longo prazo para esse<br />

sistema perverso.<br />

Aumentam, sobre esses mo<strong>de</strong>los, a interferência<br />

das autorida<strong>de</strong>s públicas e as<br />

amarras legais. Po<strong>de</strong> até ser um pouco<br />

frustrante, mas, <strong>de</strong> qualquer modo, tem <strong>de</strong><br />

haver um meio-termo. Quase que um novo<br />

contrato social. Enquanto isso, uma tradicional<br />

loja inglesa, a John Lewis, <strong>de</strong>scobre<br />

como fazer negócios no mobile - 41% das<br />

visitas e 21% das vendas online foram feitas<br />

assim em 2018. E as megacorporações<br />

chinesas batem todos os seus recor<strong>de</strong>s, não<br />

porque <strong>de</strong>scobriram a chave do mercado<br />

global, caso <strong>de</strong> poucas, mas porque estão<br />

no olho do furacão econômico, que dominará<br />

o século 21, como os EUA se apropriaram<br />

do 20.<br />

Não se <strong>de</strong>ve esquecer, porém, que mesmo<br />

com todo o frisson das novida<strong>de</strong>s e os<br />

casos <strong>de</strong> sucesso, a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> quase<br />

todos os mercado continua rolando da forma<br />

tradicional; caso do varejo e dos serviços<br />

<strong>de</strong> alimentação, por exemplo. Ou seja,<br />

a maior parte dos negócios ainda não po<strong>de</strong><br />

ser 24/7/365 WW. Mas, se não tiver como<br />

oferecer essa possibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> alguma fora,<br />

a imagem <strong>de</strong> coisa velha e ultrapassada<br />

po<strong>de</strong> colar na organização. Precisa ter, portanto,<br />

mesmo que seja apenas uma operação<br />

flagship, pois o efeito publicitário, <strong>de</strong><br />

experiência e os reflexos no boca a boca fazem<br />

o esforço valer a pena. Para fora e para<br />

<strong>de</strong>ntro. Alias, esse é o conceito <strong>de</strong> flagship,<br />

que não é o barco que vence a guerra, mas<br />

que faz o restante da frota lutar com a disciplina,<br />

eficiência e empenho que garante a<br />

eficácia, ou seja, a vitória.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafaelsampaio103@gmail.com<br />

38 <strong>16</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

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