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Qualquer pessoa que dirige está exposta a bater o carro. Por isso é muito
importante que você tenha a compreensão de que uma batida corresponde a
apenas 10% do ocorrido; os outros 90% correspondem ao que você vai fazer em
relação a ela.
Vamos a um exemplo real. Meses atrás, um turista desavisado atravessou a
rua preferencial e bateu no meu carro novo, que tinha apenas mil quilômetros
rodados. Márcio, meu motorista, que estava ao volante rapidamente acionou o
seguro e chamou o juizado móvel especial – serviço que concilia as partes
envolvidas em acidentes automobilísticos – e depois me ligou. Ao chegar ao local,
eu me certifiquei de que estavam todos bem e logo fui chamado para entrar na
viatura do juizado móvel. Falei com o Márcio, cumprimentei o turista distraído
e falei com o Juiz. Após assinar os documentos, o Juiz me chamou perto dele e
me confidenciou que nunca viu um proprietário com o carro batido tão tranquilo
e sereno. Ao que respondi: “Doutor, o que nos acontece corresponde a apenas
10%. Os outros 90% depende do que nós vamos fazer em relação ao que me
acontece.” Gentilmente continuei explicando meu ponto de vista e disse que se o
meu foco fosse a batida, eu ficaria extremamente irritado e com certeza todos ao
meu redor pagariam um preço pela minha irritação e descontentamento. Se,
porém, meu foco fosse a solução e o que poderia surgir de positivo depois do
acidente, as coisas seriam infinitamente melhores.
E de fato tive ganhos com aquela batida. O primeiro ganho foi ter feito
uma ótima parceria com o Juiz, que além de se tornar meu aluno passou a ser
um parceiro em uma obra social de que participo. O segundo ganho foi que com
um carro a menos em casa, eu e minha esposa passamos a andar muito mais
juntos no mesmo carro, a ponto de questionarmos a necessidade do carro que
estava na oficina. E hoje mantemos o hábito de compartilhar o carro sempre
que possível.
O que ganhei é fácil perceber, o difícil é imaginar o que teria perdido se
tivesse posto meu foco e energia no problema. Será que eu teria sido ríspido com
meus filhos que não tinham nada a ver com a batida? Será que por tratar
mal o motorista que não teve nenhuma culpa acabaria por perder um excelente
profissional? Será que minha performance profissional como treinador e coach seria
a mesma ao longo do dia ou dos 45 dias em que ficamos com um carro a
menos?
Caso 2
Mais uma vez, o pai chegou em casa e foi recebido com uma nota
vermelha do seu filho de 13 anos. Em todas as outras vezes a reação foi bronca,
grito e acusação. Até que esse pai assistiu a um vídeo meu na internet e mesmo
descrente resolveu pôr em prática a regra dos 10/90. Antes o foco do pai era no
problema, ou seja, nas notas baixas. Ele brigava a cada nota baixa, reclamava