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Meu objetivo com este livro é produzir estímulos emocionais e
cognitivos suficientes para haver novas sinapses neurais, ou seja, uma nova
e diferente maneira de conectar os neurônios. E o melhor disso tudo é
que essas mudanças acontecem depressa, muito depressa, e é o que vou
lhe mostrar agora.
Quando eu era criança, tinha uma vida farta, divertida e bem alegre
no Rio de Janeiro. Eu era desinibido, ousado e bem-educado, levando em
conta a energia própria de uma criança saudável de 8 anos. Por essa
época, nos idos dos anos 1970, eu era um pé de valsa mirim. A ponto de,
nas festinhas de colégio, as mães das amiguinhas me escolherem para ser
o par dançante de suas filhas. Contudo, algo aconteceu, uma experiência
que mudou drasticamente meus comportamentos e consequentemente
toda a minha vida. Talvez você esteja imaginando algo trágico,
devastador, catastrófico, mas na verdade aconteceu comigo algo que
provavelmente também aconteceu com você com nuances diferentes.
Como eu sabia que minha mãe ficava muito orgulhosa quando eu era
convidado para ser o par dançante das amiguinhas aniversariantes, resolvi
ir além naquele carnaval de 1975. Aproveitando que eu e minha família
estávamos no clube Piraquê, em plena festa de carnaval, decidi aprender
samba ao estilo carioca e surpreender minha mãe e meu pai. Avistei uma
menina fantasiada de Carmen Miranda sambando muito bem. Comecei a
imitá-la, ela percebeu e logo estávamos fazendo uma dupla tipo portabandeira
e mestre-sala. Ela sambava dali e eu a imitava daqui. Contudo,
lembre-se de que eu tinha um objetivo com aquilo tudo: surpreender meu
pai e minha mãe dançando mais um estilo musical – uma vez que minha
mãe ficava orgulhosa de mim quando eu era convidado para dançar rock
com as amiguinhas, imagine se me chamassem também para dançar
samba? (Essa era a cabeça do Paulinho aos 8 anos, que amava atender
às expectativas dos pais.
Depois de treinar bastante com minha nova companheira, achei que
já sabia o bastante e que meu samba agradaria meus pais. Corri até a
mesa deles e de seus amigos e gritei entusiasmado: “Pai, mãe, aprendi a
sambar”. Eles olharam para mim de forma cética e comecei
freneticamente a jogar os pés e as mãos e a me mexer todo. Depois de
fazer o desfecho apoteótico e exagerado tal qual eu tinha aprendido, olhei
para meus pais e perguntei: “Gostou do meu samba, mãe? E você,
gostou, papai?”. Meu pai disse friamente uma única frase: “Totalmente
fora do ritmo” e virou-se de costas para mim. Enquanto isso, minha mãe
disfarçou a vergonha do filho desengonçado e se voltou novamente para a
mesa sem me dizer nada, apenas ignorando a minha presença. Lembrome
com nitidez dos amigos de meus pais disfarçando e fingindo não ver