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O Poder da Acao - Paulo Vieira

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Meu objetivo com este livro é produzir estímulos emocionais e

cognitivos suficientes para haver novas sinapses neurais, ou seja, uma nova

e diferente maneira de conectar os neurônios. E o melhor disso tudo é

que essas mudanças acontecem depressa, muito depressa, e é o que vou

lhe mostrar agora.

Quando eu era criança, tinha uma vida farta, divertida e bem alegre

no Rio de Janeiro. Eu era desinibido, ousado e bem-educado, levando em

conta a energia própria de uma criança saudável de 8 anos. Por essa

época, nos idos dos anos 1970, eu era um pé de valsa mirim. A ponto de,

nas festinhas de colégio, as mães das amiguinhas me escolherem para ser

o par dançante de suas filhas. Contudo, algo aconteceu, uma experiência

que mudou drasticamente meus comportamentos e consequentemente

toda a minha vida. Talvez você esteja imaginando algo trágico,

devastador, catastrófico, mas na verdade aconteceu comigo algo que

provavelmente também aconteceu com você com nuances diferentes.

Como eu sabia que minha mãe ficava muito orgulhosa quando eu era

convidado para ser o par dançante das amiguinhas aniversariantes, resolvi

ir além naquele carnaval de 1975. Aproveitando que eu e minha família

estávamos no clube Piraquê, em plena festa de carnaval, decidi aprender

samba ao estilo carioca e surpreender minha mãe e meu pai. Avistei uma

menina fantasiada de Carmen Miranda sambando muito bem. Comecei a

imitá-la, ela percebeu e logo estávamos fazendo uma dupla tipo portabandeira

e mestre-sala. Ela sambava dali e eu a imitava daqui. Contudo,

lembre-se de que eu tinha um objetivo com aquilo tudo: surpreender meu

pai e minha mãe dançando mais um estilo musical – uma vez que minha

mãe ficava orgulhosa de mim quando eu era convidado para dançar rock

com as amiguinhas, imagine se me chamassem também para dançar

samba? (Essa era a cabeça do Paulinho aos 8 anos, que amava atender

às expectativas dos pais.

Depois de treinar bastante com minha nova companheira, achei que

já sabia o bastante e que meu samba agradaria meus pais. Corri até a

mesa deles e de seus amigos e gritei entusiasmado: “Pai, mãe, aprendi a

sambar”. Eles olharam para mim de forma cética e comecei

freneticamente a jogar os pés e as mãos e a me mexer todo. Depois de

fazer o desfecho apoteótico e exagerado tal qual eu tinha aprendido, olhei

para meus pais e perguntei: “Gostou do meu samba, mãe? E você,

gostou, papai?”. Meu pai disse friamente uma única frase: “Totalmente

fora do ritmo” e virou-se de costas para mim. Enquanto isso, minha mãe

disfarçou a vergonha do filho desengonçado e se voltou novamente para a

mesa sem me dizer nada, apenas ignorando a minha presença. Lembrome

com nitidez dos amigos de meus pais disfarçando e fingindo não ver

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