Democracia y ciuDaDanía - Political Database of the Americas

Cláudio Chaves Beato Filho, Andréa Maria Silveira,Karina Rabelo Leite, & Elenice de SouzaEste gráfico apresenta a evolução anual dos homicídios em BeloHorizonte, no período de 1986 a 2005. Nos 10 anos iniciais da série,de 1986 a 1995, a incidência de homicídios na cidade revela-se praticamenteconstante, com valores absolutos variando em torno de 200mortes por ano. A partir de 1996, o número anual de homicídios assumeuma tendência de crescimento gradativo atingindo a cifra demais de 1000 mortes em 2004. O último ano da série em estudo é oano de 2005, período em que se pode verificar que o número de mortesretrocede e retoma valores inferiores àqueles verificados nos anos de2003 e 2004.Estudos anteriores (Beato F., 2003; Beato F., 2005) mostram que ocrescimento dos homicídios na cidade de Belo Horizonte não ocorreude maneira homogênea pela cidade. Esta característica aponta para umefeito de “implosão” espacial das mortes violentas a semelhança do que jáfoi verificado em outras cidades do Brasil e do mundo.Um dos estudos realizados pelo CRISP em 2002 utilizando técnicasde estatística espacial já havia identificado a grande concentração espacialdos homicídios. A análise de hot spots apontou a existência de seisfocos de homicídio na cidade de Belo Horizonte. A análise mostrouclaramente que a incidência dos clusters deu-se em apenas seis dos 81conglomerados urbanos que contêm favelas existentes na cidade. Ouseja, a percepção do senso comum segundo a qual as favelas constituem-se,per se, em condição para existência de criminalidade violentanão era verdadeira. Existem muitos conglomerados urbanos que necessariamentenão são regiões com maior incidência de criminalidade doque quaisquer outros bairros.A partir destes dados, foi desenhada uma pesquisa de vitimização,na qual buscava-se amostrar especialmente estes seis estratos, a fim decompreender as condições que favorecem a ocorrência de violêncianesses locais. Uma bateria de perguntas foi aplicada em um númerosuperamostrado de entrevistados nas áreas violentas da cidade identificadaspelos hotspots de homicídios, de forma a possibilitar a compreensãode questões tais como: atores envolvidos; como e quando ocorremos homicídios; e as respostas institucionais dadas ao fenômeno. Destaforma, buscou-se identificar elementos ecológicos a respeito dos padrõestemporais e espaciais dos delitos, bem como das condições físicas,sociais e ambientais.| 58 |