Democracia y ciuDaDanía - Political Database of the Americas

Cláudio Chaves Beato Filho, Andréa Maria Silveira,Karina Rabelo Leite, & Elenice de Souzaapoio e participação da comunidade em iniciativas que quase sempredavam em nada, e que na maioria das vezes eram abandonadas por seusproponentes, gerando sentimento de frustração. A comunidade sentia-seusada e enganada, pois se disponibilizava, por pessoas que sempre prometiammudanças e depois desapareciam.Outra questão muito difícil desde o início do Programa foi o medodas lideranças comunitárias. Várias pessoas da comunidade foram duramentepunidas pelos membros de gangues e traficantes locais diantede suspeitas que estivessem atuando como alcagüetes ou informantesda polícia. Desta forma, participar de reuniões onde se discutia o problemada criminalidade local de forma tão aberta, por vezes citandonomes, em reuniões das quais participavam membros das forças policiaisconstituía atividade de segurança duvidosa. Por este motivo, asprimeiras reuniões foram realizadas a uma certa distância da comunidadee em campo neutro, no caso na Regional Oeste da Prefeiturade Belo Horizonte. Além do local havia preocupação com o horáriode ocorrência das reuniões, que ocorriam sempre no início da noite enão podeiam terminar muito tarde já que o trânsito pela comunidadeá noite era perigoso. Nas primeiras reuniões surgiu desconforto entrealguns moradores do Morro presentes. A percepção de que alguns presentesteriam ligações familiares ou de amizade com membros de gangueslocais acentuou a desconfiança, embora isto não fosse discutidoem público e apenas a boca pequena.Outro elemento fortemente presente na fala da comunidade na primeirafase do Programa diz respeito ao temor de que o mesmo fortalecessedentro da cidade a imagem de comunidade violenta estigmatizandoe segregando ainda mais seus moradores, que veriam acentuadassuas dificuldades, principalmente no mercado de trabalho, quando dorelato do local de moradia. Para contornar este problema foi apontadapela comunidade a necessidade de mudança do nome do Programa entãodenominado Programa Controle de Homicídios, que posteriormentepassou a chamar-se Fica Vivo. O processo de escolha do novo nomeocorreu através de uma votação no grupo de trabalho então montado edo qual participavam membros da comunidade. Várias propostas foramapresentadas e o nome Fica Vivo foi o escolhido.Outro fator que ficou evidente á medida em que o Programa era implementadofoi a aproximação de pessoas que representavam interesses| 68 |