Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
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econômicas nessa fase (CUNHA et al., 2005). Além disso, os impactos<br />
positivos desse investimento são também refl etidos em melhor<br />
desempenho na escola, reduzindo o tempo que a criança leva para<br />
concluir as várias etapas do ensino básico e, portanto, reduzindo os<br />
custos sociais. Uma vez que essas crianças atingem níveis mais elevados<br />
de capital humano, diminui a probabilidade de que se adentrem<br />
no mundo do crime, ou de uma gravidez precoce, entre outros<br />
resultados. Além disso, como já foi mencionado anteriormente, aumentam<br />
suas chances de auferir maior renda no futuro (CUNHA et<br />
al., 2005).<br />
O investimento em crianças também reduziria os custos econômicos<br />
a longo prazo, na medida em que reduziriam gastos compensatórios<br />
no futuro. Melhor especifi cando, uma sociedade que despendesse<br />
cuidados e atenção básica adequados com as crianças, como serviços<br />
de saúde e educação de boa qualidade, estaria atuando no sentido de<br />
garantir igualdade de oportunidades. Esses indivíduos estariam mais<br />
bem preparados, por exemplo, para competir no mercado de trabalho<br />
por melhores postos de trabalho, reduzindo sua probabilidade de<br />
dependerem de políticas de transferência de renda no futuro (VAN<br />
DER GAAG, 2002, op. cit.). Por outro lado, na ausência de investimentos<br />
adequados em crianças, ações compensatórias no futuro não<br />
são tão efi cazes em reduzir desigualdades. A ideia de propagação das<br />
desigualdades na geração de renda, em função de inefi ciências na<br />
promoção do desenvolvimento infantil, reside no fato de que com<br />
menos acessos à educação e com condições de saúde mais precárias<br />
os futuros adultos teriam menos condições de almejar postos de trabalho<br />
com maiores remunerações. A hipótese é a de um ciclo que<br />
seria assim descrito: com a saúde debilitada, a criança tem mais difi<br />
culdades de aprendizado, o que compromete o seu desempenho<br />
escolar e, por isso mesmo, sua manutenção na escola. Ao prejudicar<br />
sua caminhada escolar, as possibilidades de chegar à universidade e almejar<br />
postos de trabalho com maiores remunerações tornam-se bem<br />
menores. Com isso, esta criança inicialmente sem acesso a melhores<br />
condições de vida mantém-se na sua condição inicial, perpetuando o<br />
ciclo de pobreza.<br />
Em outras palavras, investimentos insufi cientes logo no início da<br />
vida do indivíduo podem acarretar baixos rendimentos e empregos<br />
SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 148-183 | JANEIRO > ABRIL 2010<br />
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