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Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc

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Essa temática vem se internacionalizando rapidamente, sobretudo<br />

em contextos de extremas desigualdades como a sociedade brasileira,<br />

na qual já existem movimentos sociais voltados para a causa da justiça<br />

ambiental, tais como os de atingidos por barragens e os movimentos<br />

de resistência de trabalhadores extrativistas (seringueiros, no Acre, e<br />

as quebradeiras de babaçu, no Maranhão). Percebe-se que o que está<br />

em jogo não é apenas a anunciada escassez de recursos, mas “a natureza<br />

dos fi ns que norteiam a própria vida social”, ou seja, não é possível<br />

separar a sociedade do meio ambiente (ACSELRAD, 2004, p. 7)<br />

ou “chamar de progresso e desenvolvimento o processo de empobrecimento<br />

e envenenamento dos que já são pobres” (ACSELRAD;<br />

HERCULANO; PÁDUA, 2004, p. 12).<br />

Quero fi nalizar este ensaio problematizando o termo “ação antrópica”,<br />

muito utilizado para responsabilizar a espécie humana como<br />

um todo pelos danos causados à natureza não humana. Comum nos<br />

discursos conservadores de EA, esse entendimento é perfeitamente representado<br />

pelo slogan “O mundo nunca cobrou aluguel. Mas já está<br />

a ponto de mandar você embora” (Propaganda do WWF-Brasil veiculada<br />

no JB Ecológico, nº 66, julho de 2007, p. 56-57). É notório que<br />

aqueles que estão em piores condições socioeconômicas, em geral,<br />

sofrem muito mais com a erosão das encostas, assoreamento de rios,<br />

poluição do ar e da água etc. do que os demais setores da população.<br />

Nas palavras de Loureiro, em entrevista ao JB Ecológico, nº 15, de 16<br />

de abril de 2003:<br />

Nem todos geram impactos da mesma forma e nem todos se benefi ciam<br />

igualmente em um modelo de produção que se apropria privadamente<br />

do patrimônio natural. Esse é um processo histórico que precisa ser<br />

compreendido para que possa ser enfrentado e transformado (p. 20).<br />

Em relação às perspectivas de Educação Ambiental adotadas, entendo<br />

que é no âmbito da EA crítica e do Ecossocialismo que se encontram<br />

as teorizações mais próximas da ideia gramsciana de sociedade<br />

civil como palco de disputas e de produção de hegemonia e contrahegemonia,<br />

mas, sobretudo, de superação de um sistema socioeconômico<br />

que estabelece relações de expropriação com a natureza e<br />

com o ser humano, em benefício de poucos e em detrimento de toda<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 58-89 | JANEIRO > ABRIL 2010<br />

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