Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
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2 ABORDAGEM METODOLÓGICA<br />
Sempre que nos deparamos com números exorbitantes como os<br />
mostrados anteriormente, surge a seguinte indagação: o que infl uencia<br />
ocorrências tão vultosas de homicídios no Brasil? A busca pelas<br />
causas da criminalidade nunca foi um caminho trivial. Entre os muitos<br />
que experimentaram aventar alguma explicação sobre o fenômeno<br />
estão antropólogos, sociólogos, psiquiatras, juristas e economistas.<br />
Nos meandros das Ciências Econômicas, é comum a alusão ao artigo<br />
de Gary Becker, publicado em 1968, como pioneiro na explicação<br />
das causas da criminalidade como sendo derivadas da racionalidade<br />
humana, entre outros aspectos socioeconômicos. A concepção de Becker<br />
está baseada na ideia de que os agentes criminosos são racionais<br />
e calculam os seus benefícios e os custos esperados ao se inserirem em<br />
atividades ilícitas da economia (BECKER, 1968). Isto é, sob o ponto de<br />
vista econômico, o comportamento do infrator não é compreendido<br />
como uma atitude meramente emotiva, irracional ou antissocial; pelo<br />
contrário, é visto como uma atividade eminentemente racional.<br />
A investigação econômica do crime ainda é bastante incipiente no<br />
Brasil, em grande medida devido à limitada disponibilidade de dados<br />
no país. Baseando-se na teorização econômica do crime preconizada<br />
por Becker (1968) e Ehrlich (1973), alguns autores nacionais, a exemplo<br />
dos internacionais, de uma maneira geral, têm testado inúmeras<br />
variáveis socioeconômicas para explicação do crime, tais como: renda,<br />
taxa de desemprego, nível de escolaridade, pobreza, desigualdade<br />
de renda e urbanização (SANTOS; KASSOUF, 2007a). No entanto, os<br />
trabalhos empíricos realizados raramente enfocam a explicação das<br />
altas taxas de criminalidade presentes entre os jovens, tampouco a<br />
infl uência do tráfi co ou uso de drogas ilícitas 5 .<br />
5 Para uma revisão de literatura específi ca sobre o tema, ver: Fleisher (1963),<br />
Levitt (1998), Mocan e Rees (1999), Entorf e Winker (2008) e Santos e Kassouf<br />
(2007b). Além desses autores, cabe destacar o trabalho de Andrade e Lisboa<br />
(2000), que empregam esforço na análise dos determinantes socioeconômicos<br />
de homicídios entre homens, com 15 a 40 anos, e encontram resultados<br />
bastante signifi cativos e distintos para cada idade.<br />
20 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 10-57 | JANEIRO > ABRIL 2010