Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
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de Adam Ferguson, Adam Smith e Karl Marx a sociedade civil se tornou<br />
intimamente ligada à divisão do trabalho, à produção em massa<br />
das commodities e à extensão das relações de propriedade privada<br />
características do capitalismo moderno (p. 78).<br />
Outro autor relevante para a presente discussão é Hegel, para quem<br />
a sociedade civil (bürgerliche Gesellschaft) era constituída por “associações,<br />
comunidades e corporações que teriam um papel normativo<br />
e sociológico fundamental na relação entre os indivíduos e o Estado”<br />
(idem, p. 79). Hegel entendia a sociedade civil como “um espaço<br />
historicamente concreto de interação social entre indivíduos” (idem).<br />
Pinheiro identifi ca duas inovações na teoria da sociedade civil de Hegel:<br />
o reconhecimento das associações independentes como componentes<br />
fundamentais da sociedade civil, que desempenham o papel<br />
de mediadoras entre os indivíduos e o Estado, e o reconhecimento da<br />
centralidade dos indivíduos conscientes e refl exivos na construção da<br />
sociedade civil moderna (COLÁS, 2002, apud PINHEIRO, 2003).<br />
Na matriz neotocquevilliana, a propensão para a associação cívica era<br />
um fator preponderante para o funcionamento da democracia. Pinheiro<br />
(2003) afi rma que, nessa vertente, “a força e a estabilidade das democracias<br />
liberais dependem, necessariamente, de uma esfera de participação<br />
associacional ativa e pujante” (p. 85). Ele afi rma que o conceito<br />
de capital social foi bastante utilizado para entender esse fenômeno,<br />
pois se refere a “aspectos da organização social tais como redes, normas<br />
e confi ança social que facilitam a coordenação e a cooperação para o<br />
benefício mútuo” (p. 84). Nessa forma de livre associação, os cidadãos<br />
participariam de acordo com os seus interesses privados.<br />
Apesar de Alexis de Tocqueville não ter utilizado explicitamente o<br />
termo sociedade civil, sua contribuição reside na importância atribuída<br />
ao associativismo e à auto-organização, que exerceram grande<br />
infl uência no pensamento contemporâneo. Esse autor realizou um<br />
estudo acerca da democracia nos Estados Unidos, a partir do qual<br />
argumenta que a garantia das liberdades individuais se fundamentava<br />
naquilo que ele entendia por “meios democráticos”, que incluíam autogoverno<br />
local, separação entre Igreja e Estado, imprensa livre, eleições<br />
indiretas, judiciário independente e, acima de tudo, uma “vida<br />
associacional” (PINHEIRO, 2003, p. 81).<br />
SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 58-89 | JANEIRO > ABRIL 2010<br />
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