Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
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A variável de drogas ilícitas, fugindo por completo do previsível,<br />
não obteve signifi cância estatística, e seu coefi ciente estimado apresentou<br />
sinal negativo nos três tipos de modelo, a despeito da correlação<br />
positiva entre homicídios e drogas ilícitas (0,12) 23 . Essa estimativa<br />
indica que não podemos dizer, estatisticamente, que o mercado ilegal<br />
de drogas infl uencie as taxas de homicídios envolvendo adolescentes<br />
e jovens adultos, o que não é coerente com o fato estilizado<br />
do tema. Diferentemente, Santos e Kassouf (2007b), utilizando taxas<br />
de crimes letais entre todas as faixas etárias provenientes da Senasp,<br />
encontram evidências que corroboram a infl uência desse mercado<br />
sobre os homicídios 24 .<br />
Interessante notar que metade das estimativas obtidas com base no<br />
método de Regressão Pooled apresentou signifi cância estatística e os<br />
sinais esperados, confi rmando as respectivas expectativas. A variável<br />
de gastos com segurança pública, cujo coefi ciente foi novamente positivo,<br />
foi a exceção 25 . O coefi ciente estimado para a variável renda<br />
apresentou sinal de acordo com o esperado, além de uma magnitude<br />
razoavelmente elástica. Em vista disso, um aumento da renda per capita<br />
conduz a maior incentivo para o cometimento de homicídios entre<br />
a população jovem, tendo em vista a percepção, por parte dos delinquentes,<br />
da elevação do retorno esperado nessa prática de crime. Isso<br />
reforça a dedução do caráter econômico dessas infrações.<br />
Tornando a infl uência do caráter econômico sobre a criminalidade<br />
cometida por jovens ainda mais notória, a variável de desemprego<br />
obtém coefi ciente com signifi cância estatística, no primeiro método.<br />
A mesma evidência empírica obtiveram aqueles que buscaram exa-<br />
23 Ver Tabela 6.<br />
24 A despeito desse resultado, avaliamos necessário frisar a diferença em relação<br />
à escolha de variáveis dependentes entre o modelo analisado por Santos<br />
e Kassouf (2007b) e o do presente estudo. Apesar de utilizarmos a mesma metodologia,<br />
ao observar os três tipos gerais de modelos com dados em painel,<br />
a diferente seleção da variável endógena, bem como das exógenas, faz com<br />
que os resultados encontrados sejam substancialmente diferentes. Tendo isso<br />
em vista, não é de se estranhar muitos resultados opostos.<br />
25 Loureiro (2006) investigou o impacto dos gastos com segurança pública e<br />
dos gastos em assistência social sobre quatro categorias específi cas de crime:<br />
homicídio, roubo, furto e sequestro. Os gastos com segurança pública, mesmo<br />
com a endogeneidade levada em consideração, não geraram qualquer efeito<br />
de dissuasão consistente sobre o crime no Brasil.<br />
46 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 10-57 | JANEIRO > ABRIL 2010