Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N12 pdf - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Muito próximo do bloco crítico/emancipatório está o Ecossocialismo<br />
que, para Löwy (2005, p. 47), é “uma corrente de pensamento e de<br />
ação ecológica que faz suas aquisições fundamentais do marxismo –<br />
ao mesmo tempo em que o livra de suas escórias produtivistas”. Segundo<br />
o autor, no Ecossocialismo, a lógica do mercado e também a do<br />
autoritarismo burocrático, típica de alguns regimes socialistas, são incompatíveis<br />
com a preservação do meio ambiente. O Ecossocialismo<br />
seria, assim, uma tentativa de articular as ideias do socialismo marxista<br />
com a crítica ecológica (LÖWY, op. cit.).<br />
Pode-se ainda distinguir uma perspectiva da EA mais recente: a Alfabetização<br />
Ecológica 11 . Esta, ao mesmo tempo em que procura superar<br />
a dimensão conservadora e comportamentalista da Educação Ambiental,<br />
cai em outro reducionismo: o de “interpretar os processos sociais<br />
unicamente a partir de conteúdos específi cos da ecologia, biologizando<br />
o que é histórico-social” (LOUREIRO, 2007, p. 67). Loureiro alerta<br />
que uma possível consequência dessa tendência seria criar uma visão<br />
funcionalista de sociedade a partir do estabelecimento de uma relação<br />
direta entre processos sociais e processos naturais. Tal visão simplifi ca<br />
e ignora a função social da atividade educativa em uma sociedade<br />
injusta e desigual.<br />
Outras tendências se inserem em uma linha mais voltada para as<br />
questões de identidade em geral (gênero, etnia, cultura, linguagem),<br />
tais como a Hermenêutica, a Fenomenologia, o Pós-Modernismo e<br />
suas interfaces com a EA. De acordo com Junior (2006, p. 174), a<br />
hermenêutica é a característica central de uma comunidade interpretativa<br />
e é o princípio segundo o qual a realidade pode ter diferentes<br />
interpretações. Esse princípio pretende romper com a “hegemonia da<br />
racionalidade de ordem técnico-instrumental, que empurra a sociedade<br />
para uma ordem única” (JUNIOR, op. cit., p. 175). Sobre a discussão<br />
trazida por essa corrente, me apoio mais uma vez em Loureiro<br />
(2006a), que entende ser inegável a necessidade contemporânea da<br />
celebração do diverso no processo de construção de uma sociedade<br />
democrática. “Porém, para a tradição crítica, celebrar a diversidade<br />
vem no mesmo movimento de luta pela igualdade, posto que elas não<br />
são antagônicas, mas sim complementares na emancipação” (p. 67).<br />
11 Criada pelo físico e divulgador da ciência Fritjof Capra.<br />
SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.4 nº12 | p. 58-89 | JANEIRO > ABRIL 2010<br />
75