Práticas Corporais - Volume 2 - Ministério do Esporte
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Formação de educa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> movimento hip hop: impasses e possibilidades 137<br />
faltar um pouco da essência <strong>do</strong> graffiti verdadeiro pra mulecada (...) a<br />
gente pede pra eles fazerem um desenho, eles fazem os desenho, mais ainda<br />
acho que eles não tão botan<strong>do</strong> aquele sentimento deles no bagulho, a gente<br />
tá achan<strong>do</strong> um pouco isso”. (Carlos, 23/07/04, 24 anos). Neste primeiro<br />
momento das oficinas os elementos Mc e DJ 49 foram praticamente deixa<strong>do</strong>s<br />
de la<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> apenas menciona<strong>do</strong>s em duas oficinas que, aliás, faziam<br />
parte da seqüência que os educa<strong>do</strong>res planejaram como estratégia didática<br />
para apresentação <strong>do</strong>s quatro elementos. A idéia era trazer para oficina algo<br />
diferente e que chamasse atenção <strong>do</strong>s/as participantes, pois tinham o receio<br />
que as oficinas caíssem na “mesmice”. Então organizaram quatro momentos,<br />
em que em cada sessão seria apresenta<strong>do</strong> um deles. O primeiro foi o Mc,<br />
o segun<strong>do</strong> o Break, com a participação de um grupo convida<strong>do</strong> (VLP Back<br />
Spin), o terceiro, o DJ, e o quarto, o Graffiti (este não chegou a ser realiza<strong>do</strong><br />
50 da forma como foi pensa<strong>do</strong>, com o uso de spray, compensa<strong>do</strong> e a presença<br />
de outras crews)”.<br />
Mesmo trazen<strong>do</strong> outros convida<strong>do</strong>s para o ensino <strong>do</strong> Break, este ainda<br />
era “considera<strong>do</strong> difícil”, pois a insuficiência de estratégias e técnicas para o<br />
ensino <strong>do</strong> Break fazia com que sua transmissão continuasse sen<strong>do</strong> pautada<br />
pela imitação. Ao mesmo tempo em que o Break era considera<strong>do</strong> o ponto crítico<br />
das oficinas, foi ele que fez com que os educa<strong>do</strong>res percebessem a necessidade<br />
da formação. Possibilitou que refletíssemos juntos sobre as estratégias<br />
didáticas para facilitar o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> Break, no intuito de propiciar uma resignificação<br />
de seus movimentos, tornan<strong>do</strong>-o mais fácil e mais prazeroso. Isso<br />
modificou a tônica das aulas-encontro de formação, permitin<strong>do</strong> que déssemos<br />
um salto da centralidade nas questões organizativas para as pedagógicas.<br />
No mês de junho, começamos a ler o diário de campo no início de to<strong>do</strong>s<br />
os encontros, seguin<strong>do</strong>-se de debate, pois dessa forma apresentávamos o<br />
nosso entendimento sobre o que estava ocorren<strong>do</strong> nas oficinas, sempre destacan<strong>do</strong><br />
os aspectos positivos e negativos. A cada aula tínhamos um tema que<br />
era estuda<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, mediante a leitura de texto e o debate <strong>do</strong> mesmo. Essa<br />
estratégia foi considerada pelos educa<strong>do</strong>res como monótona e cansativa, por<br />
isso planejamos algumas aulas expositivas para chamar a atenção da impor-<br />
49 As oficinas de DJ não ocorreram, pois o material necessário (agulha) é muito dispendioso e a aparelhagem é<br />
difícil de ser transportada; não foram previstos os recursos para a compra e manutenção destes equipamentos.<br />
50 Não foi realiza<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> à perda <strong>do</strong> Espaço na Coloninha.