Práticas Corporais - Volume 2 - Ministério do Esporte
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66 <strong>Práticas</strong> <strong>Corporais</strong> Trilhan<strong>do</strong> e compar(trilhan<strong>do</strong>) as ações em Educação Física<br />
disse ainda que melhor <strong>do</strong> que ser especta<strong>do</strong>r é poder entrar no “palco”. Em<br />
vários momentos, esse movimento entre ação e apreciação pareceu uma<br />
importante forma de interação entre as pessoas <strong>do</strong> grupo e entre o movimento<br />
próprio e o movimento realiza<strong>do</strong> pelo ou pela colega. No decorrer das<br />
aulas, as experimentações tornaram-se mais ousadas e intensas, os diálogos de<br />
movimento mais freqüentes, mostran<strong>do</strong> a maturidade <strong>do</strong>s participantes tanto<br />
em relação ao processo quanto ao movimento realiza<strong>do</strong>/experimenta<strong>do</strong> na<br />
relação com a outra pessoa.<br />
Permean<strong>do</strong> a observação está o reconhecimento <strong>do</strong>s processos experimenta<strong>do</strong>s<br />
nas aulas, nos quais alunos e alunas se reconhecem nos movimentos<br />
individuais e coletivos. Notava-se que a dificuldade de interação entre<br />
algumas pessoas com o grupo começava a diminuir, como mostra o registro<br />
de uma observação de campo: “…uns permanecem sozinhos, outros se incorporam<br />
na seqüência <strong>do</strong>s demais. Patrícia (26) inicia a movimentação em torno de<br />
Lara (24), de mo<strong>do</strong> a caricaturar os movimentos realiza<strong>do</strong>s por ela, depois parte<br />
para outro grupo. As seqüências individuais misturam-se às interações feitas<br />
durante as experiências com diferentes músicas. Foi riquíssimo. Observei a fluidez<br />
de uma passagem para outra, da formação de um grupo e outro”.<br />
As construções das movimentações realizadas nas aulas eram processos<br />
individuais e ao mesmo tempo coletivos, possibilitan<strong>do</strong> um reconhecimento<br />
<strong>do</strong> “outro” que dança, no momento que observavam os colegas. Reconhecemos,<br />
nisso, que:<br />
por seu la<strong>do</strong>, o especta<strong>do</strong>r sofre este efeito benéfico, porque, na medida em<br />
que uma obra de arte o faz vibrar e, por conseguinte, na medida em que se<br />
reconhece nela e aprende até a reconhecer-se nela. Vê finalmente conjurada<br />
aquela solidão em que o mínimo peso se tornava sufocante. Passa a partilhar<br />
com os outros as suas emoções, por vezes obscuras, que se manifestam agora<br />
como sinal de um outro; onde julga desvendar o segre<strong>do</strong> <strong>do</strong> artista, descobre<br />
ao mesmo tempo o seu. (idem, p.14).<br />
Permean<strong>do</strong> as apreciações, houveram vários sentimentos comenta<strong>do</strong>s<br />
pelos integrantes. Ao mesmo tempo em que existia esse reconhecimento na<br />
movimentação “<strong>do</strong> outro”, comentava-se o sentimento de vergonha ao ser observa<strong>do</strong>.<br />
Todavia, percebiam tal sentimento como um momento importante<br />
na construção coletiva e individual. A compreensão da técnica corporal espe-