Práticas Corporais - Volume 2 - Ministério do Esporte
Práticas Corporais - Volume 2 - Ministério do Esporte
Práticas Corporais - Volume 2 - Ministério do Esporte
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ensinar e aprender em dança: evocan<strong>do</strong> as “relações” em uma experiência contemporânea 67<br />
cífica, não a institucionalizada, ao aceitar a “forma” de fazer <strong>do</strong> e da colega<br />
como caminho encontra<strong>do</strong> para a resolução da tarefa de movimento foi uma<br />
entre muitas observações realizadas pelos alunos e alunas durante as aulas.<br />
Deise, uma das alunas mais retraídas, comentou na entrevista final:<br />
“Acho legal quan<strong>do</strong> os alunos têm um certo entrosamento, não ficam com vergonha,<br />
com me<strong>do</strong> de errar, se sentem à vontade, né! Também dependen<strong>do</strong> da dança<br />
tem bastante contato. Se é uma dança de salão ou uma como a gente tá fazen<strong>do</strong> e<br />
isso me deixa bem à vontade. No balé esse ambiente de entrosamento entre os<br />
alunos é difícil, o balé é meio sério, né. Na dança de rua já é mais grupo, eu me<br />
sentia à vontade. Com as aulas eu pude ver como pode acrescentar bastante uma<br />
interação com outro alunos. Tanto no senti<strong>do</strong> de movimentos, da dança em si,<br />
como no contato, em aprender a se soltar mais, a observar e ser observa<strong>do</strong>. Aprende<br />
mais a sentir e ser senti<strong>do</strong> pelo outro”.<br />
Percebemos que a apreciação em nossas aulas, entre outros elementos,<br />
possibilitou uma visão mais coletiva na construção <strong>do</strong> grupo e também na<br />
construção individual <strong>do</strong>s participantes. A interação e participação em aula<br />
ultrapassam a idéia de estar se movimentan<strong>do</strong> ou, ainda, as compreendemos<br />
de uma forma mais dinâmica, na qual o observar é movimentar a aula, a si<br />
próprio e o grupo.<br />
A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 19<br />
O papel de quem ensina a dança<br />
A busca por superar a organização tradicional de aulas, incluin<strong>do</strong> os<br />
alunos e as alunas como “sujeito” no processo ensino-aprendizagem, bem como<br />
a idéia de desmistificar o papel <strong>do</strong> professor e da professora como redentor<br />
<strong>do</strong> conhecimento, permearam as intenções desse projeto de pesquisa. Isso<br />
é importante quan<strong>do</strong> pretendemos re-significar a dança. Para questionar o<br />
papel <strong>do</strong> professor e da professora parece-nos inevitável questionar o papel <strong>do</strong><br />
aluno e da aluna.<br />
No momento inicial, quan<strong>do</strong> apenas duas alunas freqüentavam as<br />
aulas, parece-nos ter si<strong>do</strong> interessante como também necessária à execução <strong>do</strong><br />
19 O vídeo utiliza<strong>do</strong> tratava-se <strong>do</strong> “Itaú Cultural Rumos Dança” de 2001.