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O primeiro trabalho com esta interface foi My Sex, Our Dance, de 1986, seguido por Dead<br />
Dreams of Monochrome Men, filmado em 1989 pelo South Bank Show (direção de David<br />
Hinton), um ano depois da produção realizada para o palco. O trabalho foi bastante<br />
premiado, entre outros, pelo IMZ Dance Screen, um <strong>dos</strong> importantes eventos disseminadores<br />
do gênero artístico na Europa, e pelo Festival International du Film sur l’Art, França.<br />
Também sob direção de David Hinton, Strange Fish foi produzido em 1992 para as telas<br />
pela rede de televisão inglesa BBC. Tão premiada quanto os outros é a recriação de Enter<br />
Aquiles, também pela BBC, com direção de Clara van Gool.<br />
O desafio de realizar video<strong>dança</strong>s a partir da criação cênica também atraiu a atenção do<br />
coreógrafo belga Win Vandekeybus, um <strong>dos</strong> expoentes desta área. O seu Roseland, de<br />
1990, é considerado um clássico da moderna video<strong>dança</strong>. 17 O trabalho é baseado em três<br />
coreografias, What the Body Doesn’t Remember, The Weight of a Hand e Les Porteuses de<br />
Mauvaises Nouvelles. A câmera simula uma subjetiva do olhar de um pássaro, mostrando<br />
a coreografia do ar. A respiração encurta-se com a velocidade e a fluidez com que os<br />
bailarinos saltam, rolam e arremessam tijolos.<br />
Muitos outros criadores se destacam nesta linhagem de (re)criação de <strong>dança</strong> para a tela.<br />
Isto sem citar as recorrentes experiências em que o vídeo é associado ao espetáculo no<br />
palco. São tantas experimentações que seria necessário um livro inteiro para mencioná-<br />
las e discuti-las com rigor. Phillippe Decouflé, Meg Stuart, LaLaHuman Steps são outros<br />
artistas que merecem ser cita<strong>dos</strong>.<br />
video<strong>dança</strong> no brasil<br />
A bailarina Analívia Cordeiro foi a primeira a trabalhar com<br />
video<strong>dança</strong> como um produto de arte no Brasil, realizando<br />
<strong>dança</strong>s exclusivamente para a câmera, sem passar por palco<br />
nenhum. A autora foi um pouco mais ousada ao planejar<br />
no computador a atuação <strong>dos</strong> bailarinos e da equipe de<br />
TV, o que foi chamado por computer dance (CORDEIRO,<br />
1998). São quatro seus trabalhos nesse suporte: M 3x 3,<br />
Gestos, Cambiantes e 0° = 45°. Além desses, a coreógrafa<br />
desenvolveu, entre 1984 e 1997, as video<strong>dança</strong>s Slow-Billie<br />
Scan, Trajetórias, Ar e Striptease.<br />
A produção de video<strong>dança</strong> no Brasil ainda é pouco<br />
numerosa, mas vem notadamente crescendo nos últimos<br />
15 anos. É o que comprova a mostra de video<strong>dança</strong> da<br />
40 Ar, 1985, Analívia Cordeiro e Takashi Fukushima.<br />
17 Ballet Tanz, 1999, issue<br />
6, p. 28.<br />
programação do Dança Brasil 2003, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. Das<br />
40 video<strong>dança</strong>s que compuseram a edição, 22 eram provenientes de Ceará, Bahia, Rio de<br />
Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Piauí, trazendo a público novos realizadores.<br />
A mostra atraiu a atenção de programadores estrangeiros, e os vídeos brasileiros devem circular<br />
em eventos no Uruguai, Argentina, Itália, além de Esta<strong>dos</strong> brasileiros. O evento desempenha<br />
papel disseminador, ao promover anualmente, desde 1997, uma exibição dedicada à<br />
video<strong>dança</strong>, além das apresentações de <strong>dança</strong> no teatro. No primeiro ano, a programação do<br />
Dança Brasil foi totalmente internacional, viabilizada com auxílio de consula<strong>dos</strong> e instituições<br />
estrangeiras responsáveis por intercâmbios culturais. A partir da edição seguinte, em 1998,<br />
produções nacionais passaram a ser incluídas, ação que indiretamente pode ter incentivado<br />
videomakers e coreógrafos brasileiros. A programação de 2002, por exemplo, foi nacional<br />
e incluiu documentários, registros de espetáculos e os poucos trabalhos que puderam ser<br />
encaixa<strong>dos</strong> no gênero propriamente dito da video<strong>dança</strong>.<br />
Na medida em que o Dança Brasil afirma sua permanência no circuito cultural, forma<br />
público. Isso chama a atenção para a importância da continuidade da formação de platéias.<br />
Neste sentido, deve-se registrar outra iniciativa, o Dance Stories, projeto realizado em<br />
Colônia, Alemanha, que, desde 1991, programa regularmente filmes e vídeos de <strong>dança</strong><br />
para a grande tela de um cinema local (www.sk-kultur.de/videotanz).<br />
Foi graças a eventos como a Mostra Gradiente de Filmes de Dança, em São Paulo, em<br />
1992 e 1993, que o público brasileiro tomou conhecimento <strong>dos</strong> tesouros da video<strong>dança</strong> e<br />
<strong>dos</strong> documentários produzi<strong>dos</strong> mundo afora. Com curadoria de Helena Katz e produção<br />
executiva de Emilio Kalil, o evento exibiu no Masp, São Paulo, cópias da Cinémathèque de<br />
La Danse de Paris e da Dance Collection, da New York Public Library for the Performing<br />
Arts, os arquivos mais completos de <strong>dança</strong> que existem.<br />
Na segunda edição da mostra (1993), palestras, cursos práticos e espetáculos de rua somaram-<br />
se à exibição de 62 vídeos, que percorreram cinco capitais do país. Com isso, cumpriu-se o<br />
compromisso de distribuir a informação e abrir alas para novos processos criativos.<br />
Outra programação dedicada ao gênero foi a Mostra Internacional de Vídeos de Dança,<br />
realizada pelo projeto Dança Nova, em 1993. Clássicos como Hoppla!, filme de Wolfgang<br />
Kolb com Anne Teresa De Keersmaeker, e Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles, de Win<br />
Vandekeybus, estavam nesta seleção.<br />
O Itaú Cultural, em parceria com The British Council, é outro agente, neste caso uma instituição,<br />
empenhado na divulgação e no debate da video<strong>dança</strong>, ao promover painéis como o Ciclo de<br />
Video<strong>dança</strong> Itaú Cultural – Mostra The British Council – Forward Motion, com exibições de<br />
programas e palestras em várias cidades brasileiras.<br />
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